domingo, 30 de maio de 2010

Farol

Nem que eu passe horas tentando achar a bendita da palavra certa, não vou encontrá-la pois ela foi embora de barco à vela! Ontem à noite. Foi sim. Eu a vi pegando uma toalha, uma escova de dentes, um palito de fósforo e um abridor de latas e-se-foi! Eu estava tentando entender o silêncio que estava láááá no fundo do meu coração e tanto reclamei que nem vi quantas palavras sonoras eu havia usado pra isso. Que silêncio? Se estivesse quieto e calmo agora essas linhas acima não estariam rabiscadas aí. E quanto às de baixo? Como eu devo usar? Há um dilema sobre se eu falo de você ou de outra pessoa. Mas e se a outra pessoa achar que é você e você achar que é a outra pessoa?


Vou embora de barco também, espera só deixa eu pegar um shampoo.


Vou mesmo! Vou largar mão de conflitar com minhas idéias pra tentar provar em letras meus sentimentos superiores. Ego! Sem superioridade menina. EU não quis dizer isso quem quis foi o eu. pequenininho. eu de minúscula. Não o EU grandão.

Magina, todo humilde o pequeno eu querer se sobressair assim. E tanta euforia por que eu queria falar sobre minha loucura. É! Eu estou ficando louca e rouca. Não é demais? Louca de tanto falar de sentimentos e alma e tudo o mais que é tão doce e belo e rouca por roubar os detalhes sórdidos, reais e desafinados dessa água com açúcar!

Mas a questão toda é que ontem eu comecei a prestar atenção no farol e tinha uma pessoa lá dentro, eu vi quando a luz passou pela janela. E eu quero ir lá ver quem é. Sem escrúpulos, no crepúsculo, sem medo, sem bondade nenhuma e sem alguma maldade. Quero ir de cara e coragem saber se é lobo ou lobisomem, se é menino ou se é homem. E nada de falar de mim.

Nada de provar a beleza do amor e o brilho nos olhos de ninguém. Perdi tempo tentando provar e agora é hora de voltar a fazer. Já peguei mesmo meu shampoo. Hora de mergulhar e ir nadando até lá. Chego mais rápido do que se eu esperar o barco da palavra fugitiva voltar! Vou deixar apenas a lareira acesa pra quando eu vier pra cá denovo. Terá luz e a casa estará quente e talvez eu com frio. E se eu não voltar, ao menos saberão que um dia estive alí.

Sem falar coisa com coisa, será que você entendeu? Não precisa. Não entenda. 
Atenda a porta! Apenas saiba que sou eu.
E aqui embaixo, tocando a campainha, sou quem você está ouvindo chegar!

OI!

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