Pensei poder voar e o pior, pensei agora já ter asas capazes de me levar onde eu podia ir, mas elas não eram capazes. Eram fraquinhas e não estavam bem formadas ainda, pra levantar esse vôo alto demais.
Agora estou me vendo tal qual um passarinho ferido, que se jogou de um precipício pra planar e deu com o corpo todo no chão.
Isso dói, como se o corpo não fosse agüentar, como se o coração fosse explodir com cada batida.
Tem coisa que é absurda, que não entra na cabeça na hora necessária e quando entra é tarde demais pra mandar o recado pro coração. Os impulsos, a emoção, são liderados com tanta inconseqüência que quem sofre com o que vem logo após, nem culpa tem pra merecer sofrer. Pobre coração.
Pobre coração que acredita tão bobo em sonhos lindos, em céus azuis e campo limpo, próprio pra voar achando não correr nenhum risco.
Passarinho algum está livre de acidentes, passarinho algum está livre de quedas, passarinho algum está livre do amor.
Passarinho que queria só um ninho e sua liberdade, um ninho pra voltar, liberdade pra voar e nada mais tem. Nem ninho, nem liberdade. O ninho foi destruído pelo medo a liberdade caçada pela saudade.
Um dia a gente vai aprender a enxergar os momentos da vida, vai aprender que há mais coisas além do céu bonito, tem o vento, tem as tempestades, mesmo a chuva fraca, ou o sol em excesso, e temos que aprender a lidar com tudo isso, pra sermos capazes de voar.
Como se voar, fosse tão simples e ensinado em doses homeopáticas. Não, não é... É bem mais doloroso que isso, mais crítico, mas não impossível.
Acho que agora, que vi o tamanho, a capacidade e o poder das minhas asas, agora que vi quanto meu coração é capaz de agüentar, que vi quanto eu posso sofrer por não tomar decisões corretas talvez eu queira voar mais perto, voar mais baixo, ser passarinho mais contido... ou não.
Talvez, pensando bem, tantas vezes que eu caí, tantas vezes que meu coração se partiu que eu posso nem ter mais nada à perder, passarinho pequeno eu já fui, asas fracas eu já tive, ninho eu já perdi, liberdade eu deixei com a saudade, mas saudade é coisa que a gente pode trocar e ter de volta a coragem de uma águia, de ganhar os céus denovo, voar alto, voar atrás do alvo.
Cheguei à conclusão de que eu nasci pra ser águia mesmo. Medo dá, coragem às vezes falta, mas águia que é águia, nasceu pra ganhar o céu, nasceu pra ir longe, então se não há mais o que me prenda, se até mesmo a saudade eu estou deixando agora é hora de novos horizontes, outros ares. Quero ver o sol em outros lugares e me molhar com a chuva em outras terras, talvez por lá eu encontre um lugar com cara de casa, um alguém com cara de família, um sentimento com cara de amor, uma sensação com cara de eterna.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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