quarta-feira, 10 de junho de 2009

Recomeço

Recomeço com palavras que refletem por sí só muito de nós e do que nós vivemos, nossas emoções, nossos sentimentos. E muito do que já se passou, foi à flor da pele. Não sei viver sem viver de fato! 
Recomeço olhando pra trás e começando a pensar no meu baú. Comecei a pensar nas minhas roupas de crochê que hoje cabem apenas na palma da minha mão, carregadas de lágrimas e sorrisos muito felizes. Gargalhadas inocentes e olhos brilhantes. Tem também nesse baú, bonecas Barbie, vídeo-game, tardes, sol cor de laranja, céu rosa-violeta, noites quentes na calçada. Tinha muita gente, muitos telefonemas, chuvas quentes, pés descalços, grama, terra, areia, abraço.
Recomeço lembrando de uma escada e do alto dela. Me lembro de ter subido vários degraus até chegar no topo, foram 20 anos de caminhada. Degrau por degrau, fase por fase, história por história. 
Recomecei hoje me sentando na minha esteira, olhando pro céu e vendo as estrelas, em cada uma delas minhas marcas que joguei pro céu. Tanta coisa. Um sentimento de abraço de mãe, de saudade, razões pra pedir desculpa, motivos inúmeros pra agradecer, dificuldades lindas que fizeram cada grama da minha força, tristezas inteligentes que hoje me fazem ser feliz.
Recomeço sabendo que tudo tem seu tempo pra passar, mas tem também seu tempo pra ser vivido. Cada lágrima dura um segundo e cada segundo reflete horas e dias de uma razão que marcou.
Recomeço olhando pro chão, pra me lembrar de onde eu vim, do tamanho que eu era, de quando a humildade estava mais perto de minhas mãos, de quando me sentar na terra, ajoelhar ao lado da minha cama, agachar pra pegar a escova de cabelo que minha mãe deixou cair, era mais fácil, mais simples, mais prazeroso e não importava o tempo que eu perdesse pra fazer isso.
Humildade, de sujar minhas roupas de barro, brincar de comidinha com frutinhas do pomar, correr descalça na rua pra jogar bola, sem me preocupar com aparência nem com outras coisas mais importantes. Por que o que importa não são as responsabilidades e sim as prioridades. Minha prioridade era ser feliz e fazer o que meu coração inocente queria.
Recomeço sabendo que olhei e vi; e vi além, vi atrás, vi na história, na minha história a razão de tudo. Há alguns dias, algo aconteceu, não sei dizer ao certo o que foi, mas algo me inspirou a usar as palavras pra dar forma aos meus sentimentos. Algo me fez abrir os olhos pra pessoas como eu nunca imaginei encontrar no mundo, com uma beleza tão maravilhosa que palavras não explicam. Cheias de espírito, cheias de alma, cheias de uma beleza eterna, de olhos brilhantes, de sorriso carregado, de gestos leves de coração amável.
Recomeço reparando nas cores das borboletas e das flores, que por um tempo deixei de prestar atenção.
Começo hoje a colocar denovo cor à minha vida, a ver as cores da alma, o neon dos olhos, o colorido das palavras, o arco-íris de emoções, a beleza da vida.



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