segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu também.

Você achava que éramos o oposto dos opostos do oposto de tudo, que nos matariamos de brigar ou que nos ignoraríamos infinitamente, como se nenhum de nós fosse absolutamente um nada ao cubo. Eu também. Também pensei que não fossemos mais que adoçante dietético, um par de chuchus, uma música chorona da Sandy, desodorante sem cheiro, filme de amor romântico que tem final feliz e essas coisas sem graça, sem sal nem açúcar e totalmente desnecesárias, um pro outro. Eu sei que você achava que qualquer voz fazia mais diferença, que qualquer cabelo de praia era mais bonito, que qualquer camiseta do AC/DC tinha mais personalidade se nada disso estivesse relacionado à mim. Eu também. Também achava que o super-homem, os bateristas e os cabeludos e recentes carecas, deviam ser extintos da face da Terra, por que eles desagradavelmente me lembravam você.
Todas as diferenças do mundo se resumiam à nós. Que você gostava de rock, cerveja e mulheres ( ou, pré-fabricações delas ) eu sabia e também sabia que eu não gostava disso. Pois, por você ser assim, eu era obrigada à ver seus olhos brilhando às 23:00hs na porta de algum bar onde eu estava pelo mesmo motivo que você, e em todo santo lugar que eu fosse até mesmo pra fugir, eu me dava por derrotada, caçada e perseguida. Não que você fosse tão importante, não! Meu mundo não se resumia à você, se resumia apenas às nossas incompatibilidades às sextas-feiras à noite. De certa forma sua presença me irritava, incomodava, me transtornava, mas nada que exemplificasse importância, relacionada à sua pessoa, neutra.
Que eu gostava de rock, cerveja e homens ( ao menos pré-fabricações deles ) você também sabia e nós formávamos uma linda dupla provocativa, mesmo quando o foco não era a provocação.
O que acontece depois de muito tempo de raiva e charme é claro e certo: ou guerra, ou amor. O nosso caso tinha uma tendência suicída para a guerra, pros socos, pontapés e pedaços espalhados pelos cantos. Assim, bem trágico, por que nada que viesse de nós, seria morno. Sem meios termos: ou mata ou faz viver.
Mas, como a vida surpreende e esquisitos nunca somos nós, num dia lá estávamos, frente à frente, baixando a guarda dos porquês, desabafando alcoólicamente, nos querendo raivosamente, nos acariciando desconfiados.
Em meios às sobras e cacos de nossa primeira tentativa ridícula de entendimento, eu vi duas pessoas. Vi, de verdade uma pessoa em você e me vi te mostrando outra. Você se mostrou, eu também. Duas pessoas que não se conheciam, mesmo com uma longa trajetória no playground. Dois corações que não se adaptavam, não se percebiam, não se assimilavam e não sabiam se quer por que não se queriam.
Era tudo igual e diferente. Tanta diferença que nos fazia ser idênticos. Gênios, olhares, atitudes, sarcasmo e a forma de gostar tão espelhada e paralela quanto as listrinhas dos canudos do Mc Donald's.
Não bastassem as cervejas, o rock'n roll e os passeios soltos pelo salão, os dois ratinhos agora rodopiavam entre os "tambéns" desconhecidos até então.
Por trás de todas as antíteses e deselegâncias, todas vistas e desaprovadas, existiam outros: um você e um eu, elegantes, charmosos, sinceros, dignos e patéticamente agradáveis um ao outro.
Por mais que agora existissem coisas que não fossem iguais entre nós, até mesmo estas desigualdades infelizes se tornaram parecidas e começaram à ser vistas com bons olhos.
Você, gosta de pimenta com frango, eu de frango com muita pimenta. Você, se despede de mim ouvindo Stare Too Long, eu ouço Stare Too Long pra te sentir por perto. Você ama Campari e Jack Daniels, eu, amo te ouvir cantando, e... quando você toma alguns deles, você canta mais e eu me divirto na mesma proporção!
Você não sabia que eu ia gostar de ver o Evans e o Rampage se matando e eu também, desconhecia sua propensão à Cat Power e Elysian Fields. Você queria ver o Quentin sair estapeando a garota, eu, meio contra meus critérios de educação, quis tanto quanto e no mesmo minuto e segundo que você quis.
Você queria liberdade, eu também.
Você queria personalidade, eu também.
Você queria não ter ciúmes, queria não ser controlado, queria uma companhia, queria uma companheira, queria poder dizer sim e dizer não, sem maiores problemas e chateações e queria que alguém entendesse tudo isso que você queria, em seus mínimos detalhes sem achar absurdo e impossível essa pessoa existir. Eu também!
...Só não queria a companheira, mas de resto, queria tudo igualzinho!
Você não esperava se surpreender, esperava ter o controle, ficar firme e instranspassável como um muro. Eu também. Mas somos ratos e como bons ratos fizemos buraquinhos, minúsculos e impercepitíveis pra gente poder passar, buraco pequeno que fosse, pra ninguém perceber quando passassemos pro lado de dentro. Eu vi, que além da boa vontade, vencer a fortaleza dos nossos muros requeria estar preparado pro que viria depois. Fui pega de surpresa.
Desde então, somos casca e banana, unha e carne, companheiro e companhia, amigos, ouvidos, abraços e diversão.
Mais do que ter alguém por perto, ter um namorado, ter um ficante, ter um parceiro, ter uma paixão, um amor romântico, um amor destruidor, muito mais do que qualquer dessas palavras signifique, encontrei em você o que faltava pra eu entender que existem pessoas que nos fazem bem pela simplicidade de estar alí. Não falo de almas gêmeas, não falo de romantismo, nem de casamento, nem de filhos, nem de casa no campo, nem de lua-de-mel na Suíça. Falo de ser alguém de verdade, com quem realmente quer te conhecer. De ser quem vocô gosta de ser ao lado de quem você gosta de estar.
A gente aconteceu, do descaso pro acaso, da loucura pra insanidade, do incerto pro mais sem nexo ainda!
E eu vou ficar sinceramente feliz, se você pensar nesse instante que não nos imaginava juntos nessa história e que agora ela é surpreendemente super 10, pois, eu preciso, terminar esse texto, concordando com você e seus pensamentos e dentre as nossas afinidades, preciso terminar dizendo mais uma vez um: EU TAMBÉM!

domingo, 30 de maio de 2010

Farol

Nem que eu passe horas tentando achar a bendita da palavra certa, não vou encontrá-la pois ela foi embora de barco à vela! Ontem à noite. Foi sim. Eu a vi pegando uma toalha, uma escova de dentes, um palito de fósforo e um abridor de latas e-se-foi! Eu estava tentando entender o silêncio que estava láááá no fundo do meu coração e tanto reclamei que nem vi quantas palavras sonoras eu havia usado pra isso. Que silêncio? Se estivesse quieto e calmo agora essas linhas acima não estariam rabiscadas aí. E quanto às de baixo? Como eu devo usar? Há um dilema sobre se eu falo de você ou de outra pessoa. Mas e se a outra pessoa achar que é você e você achar que é a outra pessoa?


Vou embora de barco também, espera só deixa eu pegar um shampoo.


Vou mesmo! Vou largar mão de conflitar com minhas idéias pra tentar provar em letras meus sentimentos superiores. Ego! Sem superioridade menina. EU não quis dizer isso quem quis foi o eu. pequenininho. eu de minúscula. Não o EU grandão.

Magina, todo humilde o pequeno eu querer se sobressair assim. E tanta euforia por que eu queria falar sobre minha loucura. É! Eu estou ficando louca e rouca. Não é demais? Louca de tanto falar de sentimentos e alma e tudo o mais que é tão doce e belo e rouca por roubar os detalhes sórdidos, reais e desafinados dessa água com açúcar!

Mas a questão toda é que ontem eu comecei a prestar atenção no farol e tinha uma pessoa lá dentro, eu vi quando a luz passou pela janela. E eu quero ir lá ver quem é. Sem escrúpulos, no crepúsculo, sem medo, sem bondade nenhuma e sem alguma maldade. Quero ir de cara e coragem saber se é lobo ou lobisomem, se é menino ou se é homem. E nada de falar de mim.

Nada de provar a beleza do amor e o brilho nos olhos de ninguém. Perdi tempo tentando provar e agora é hora de voltar a fazer. Já peguei mesmo meu shampoo. Hora de mergulhar e ir nadando até lá. Chego mais rápido do que se eu esperar o barco da palavra fugitiva voltar! Vou deixar apenas a lareira acesa pra quando eu vier pra cá denovo. Terá luz e a casa estará quente e talvez eu com frio. E se eu não voltar, ao menos saberão que um dia estive alí.

Sem falar coisa com coisa, será que você entendeu? Não precisa. Não entenda. 
Atenda a porta! Apenas saiba que sou eu.
E aqui embaixo, tocando a campainha, sou quem você está ouvindo chegar!

OI!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Silêncio

Silêncio. Agora eu tive que me calar, tive que dizer tudo que sei pra mim mesma e reavaliar meu discurso. Pra onde tudo está caminhando? Tenho medo do pequeno amanhã, mais medo ainda do daqui a pouco e um perplexo pânico de me sentir derrotada por não tentar. Porém agora quero ficar em silêncio, apenas pensar, apenas meditar, apenas reavaliar, apenas ficar cega pra poder enxergar.


Cada dia que passa, meu coração e o meu corpo todo ficam num estado de felicidade maior do que imagino estar, tanta coisa que não cabe no meu irreal mundo real. Tudo é tão impossível que só se torna possível por que meu mundo não tem limites.



Acho que não quero dizer nada, é, é só isso. Estou me calando aos poucos, por que tudo que eu penso ocupa o tempo da minha cabeça o suficiente pra eu não poder controlar mais o que digo. Então não digo, só que tem algo que ainda não falei, tá engasgado e não sei o que é...


Talvez quando eu disser algo um dia e sorrir profundamente, vou saber que era isso. 


Talvez.