terça-feira, 8 de dezembro de 2009

The Greatest

Dai um play na Cat Power, The Greatest, que não tem nada a ver com o que eu vou falar, mas o título é significativo. Quero falar do meu melhor que aconteceu esse ano. Tudo está acabando, daqui alguns dias é o fim, de todo crescimento, sofrimento, amadurecimento que passei, e de tudo isso meu melhor foi você. O sentimento mais sincero que vivi comigo mesma.
Eu estava no melhor cigarro da minha vida agora lá fora, mas eu não via a hora de acabar pra poder vir falar tudo isso que eu estou pensando. Aqui em casa eu escuto o barulho do mar e entre outras coisas, o mar é algo que me faz lembrar você.
Sabe, desde quando eu ouvi o barulho do mar pela primeira vez com você, você não foi um grande motivo de meus pensamentos, não até agora, mas agora lembrei e pensei.
Você não vai ser meu, eu não vou ser sua, mas quando estamos juntos, nos pertencemos de uma forma que nunca vi outros pertencentes assim.
E é isso o melhor de mim.
Lembro de cada detalhe, de cada carinho, cada palavra, de caminhar de mãos dadas na areia, de ver estrelas, de estar abraçada com você, da sua massagem, do cafuné de sobrancelha, da música do cd no carro, do nosso cafofo que a gente construiu totalmente errado, desavisados que somos, alí descobri que eu não tenho nada de campista, e você deve ter dormido nas aulas do exército, mas foi tudo tão bom quanto a gente imagina que podia ter sido.
Não podia ser melhor, de fato não podia. Não existia um por que de ser melhor, nem uma forma de melhorar cada segundo.
Acho que você não sabe, como nunca ninguém sabe, que eu poderia falar isso. Quase ninguém desconfia dos textos que eu escrevo, e você muito menos. É que isso fica pra quando eu estou inspirada e hoje, é daquelas noites inspiradoras.
Meu pai já levantou, fez café, cheirinho de manhã, eu fui lá fora fumar mais um cigarro com ele, começou a chover.
A chuva também me lembrou você.
Me lembrou da manhã seguinte...
Desde o convite, até te ver tão louco quanto eu, torcendo pra que isso desse certo, até nossas músicas no carro, cada detalhe das palhaçadas, nosso sorriso imenso ao ver aquela imensidão de água denovo, nosso momento de nos renovar, juntos. Nossa escolha de cenário, os planos pra tudo aquilo, as piscinas de madrugada, a bagunça da manhã, o mergulho noturno, sendo atropelada por ondas duas vezes maior que eu... e o que não é maior que eu? Você me jogando na areia, depois me tirando de cavalinho da água. As estrelas, o momento, seu abraço, nosso carinho, dormir de mãos dadas. O bom dia, com chuva e com seu mal humor matinal, minha cara de "me deixa", seu cigarro pra começar o dia, todas as vezes que você pegava um halls pra poder fumar cigarro com gostinho de hortelã, nossa bebedeira pra terminar o dia, quando você me chamou de meu amor, de namorada, me deitou no seu colo e me fez dormir, dormimos abraçados a noite toda. E isso significa bem mais que quinze minutos, isso significa a noite toda. O outro bom dia, mais feliz, mais carinhoso, mais demorado, mais "bom dia", nossa cumplicidade, nossa parceria, nós nos pertencemos, Eu me senti segura com você, naqueles três dias, me senti segura e pertencida.
A realidade volta, como tudo, sempre volta e aí você fez o melhor de mim aparecer. Ser verdadeira e entender o que estávamos passando era o mais justo comigo mesma, e eu fui sincera, comigo, com meu coração e minha cabeça.
Desde então já não pensei mais em você e agora, me pergunto se eu deveria ter pensado. Tenho medo sabia? De tantas decepções que tive, pensando, prefiro não mais pensar e talvez eu esteja feliz não pensando, estou vivendo, pensando menos, vivendo mais.
Hoje, vejo tudo que aconteceu depois, como um sinal de que nós importamos realmente um pro outro. Talvez nos pertençamos somente quando estamos juntos, mas você entrou na minha vida, assim como sei que entrei na sua e algo importa, somente isso, algo em nós importa.
Se você lesse isso um dia, eu queria que você soubesse que tudo foi maravilhoso.
Mesmo às vezes que demonstro toda frieza do mundo, mesmo estas vezes, são importantes pra mim e me lembro delas, com o mesmo sorriso que dei no nosso primeiro beijo. Eu não te amo, não é bem isso, mas me lembro e com certeza vou me lembrar pra sempre, de cada instante que você me deu, de cada sorriso meu, que te pertenceu, de cada vez que você fez meu coração bater forte, de cada por que seu, que fez eu te mostrar o meu eu, que me fez mostrar o melhor que há em mim.

domingo, 29 de novembro de 2009

Saber viver.

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de.. Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Hoje descobri que tudo isso é...
Saber viver!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dormir abraçado

Ah! Dormir abraçados... Talvez não exista momento mais completo que esse, é o momento que precede ou procede o amor, o côncavo e o convexo se unem, você acredita que ele pode te proteger de tudo no mundo, enquanto ele acredita que você é só dele, a pequena protegida.
Coisa pré-fabricada, corpos feitos com o encaixe perfeito para os braços dormentes conseguirem apoiar a nuca e para que as pernas sejam capazes de ser apoio numa escadinha de ossos amorosos.
Tudo se fala quase por susurro, a magia da cama, a magia das almas próximas, os lábios, os olhos, tudo alí tão perto, perto das palavras, perto dos abraços, perto das vontades, livre para os sonhos.
Estamos é sentindo falta de carinho, carinho daqueles que se dá sem querer nada em troca, carinho daqueles que se sente sem precisar preocupar com o "além disso".
Nos tornamos máquinas, tentando ser frios e inatingíveis, uma parede resistente à qualquer sentimento bomba e os detalhes menores, aqueles detalhes tão adoráveis sobre como dormir abraçado com alguém ( o momento mais último de todos ) nós esquecemos de como viver e sentir.
Hoje me vejo tentando sentir, tentando ter sentimentos que não sei mais como são, pois ninguém mais tem.
Esquecemos como é amar.
Esquecemos que um dia dormimos nos braços de alguém e fomos gratas à Deus pela melhor noite de sono da nossa vida, esquecemos que andar de mãos dadas é tão bom, esquecemos que carinho no cabelo dá frio na barriga, esquecemos que beijo na testa faz meu coração amolecer e na nuca faz o coração parar, esquecemos de tudo que nos lembra o tal amor.
Hoje acordei pra me convencer, pensando em como tá tudo frio no mundo, não só nas geleiras dos pólos, mas no coração das pessoas. A gente atende o telefone e com todo o prazer em se relacionar com um outro ser humano, de que, a gente mostra que pode ser tão fria quanto imaginam que a gente possa. Ser frio é sinônimo de equilíbrio, e não sei por que mas tenho me sentido desequilibrada totalmente por ver minha vida nessa geleira eterna.
Sinto que os corações não são confiáveis, ou melhor, os donos deles, por que a capacidade de se enganar é tão grande, que até o pobre coração conseguiu ser driblado pra não mandar mais na cozinha.
Tudo frio.
Não tem mais nem fumaça.
Talvez um dia, eu durma com alguém novamente e não acorde com cara de calígula. Talvez eu acorde feliz e beije o rosto desse alguém com amor, mas hoje a saudade que eu sinto é só saudade, sonho sozinho não é realidade.
Instantes passaram à significar instantes, apenas momentos, sem mais nem menos, nem depois, nem antes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Entendi

A verdade é uma só, aprendi muita coisa.
Dentre as coisas mais valiosas, aprendi que, não é tão difícil crescer, é só você se deixar levar, mesmo que numa situação ruim, esperando passar a dificuldade até chegar a frase final, a moral da história.
Aí você entende, cada coisa pequena e ridícula que passou.
São 8 meses, desde que meu coração começou a passar por mudanças. Nossa, quantas!
Aprendi tantas coisas discutíveis, assuntos para destrinchar por horas, falando sobre sentimentos e coisas vagas do amor. É tudo muito vago, incerto, realmente é bem incerto.
Hoje de manhã, eu vi a vida diferente, parei pra pensar onde eu estou indo e por que resolvi seguir por esse caminho. Acho que aprendi algumas coisas, durante a trajetória, que me fizeram pensar sobre meus erros e acertos.
Andei procurando nas pessoas, algo que eu queria mesmo era achar em mim. E achei.
Equilíbrio.
Encontrei o meu, encontrei só, não que eu o utilize, mas ao menos encontrei. E achei o máximo. Eu sei quem eu quero ser, e tô gostando de quem tenho sido. Vi pessoas se perderem, se deixarem levar pelas futilidades da vida, pelas coisas menores, e o amor, a essência, são coisas bem maiores, acho que esse é o topo da montanha.
Andei sonhando com abraços carinhosos e beijos na testa e é bem por aí o caminho. Acho que tá certo mesmo. Nesses últimos meses, me enfiei em histórias tão loucas quanto eu mesma sou. E não fui capaz de agüentar até o fim sem chorar, mas fui capaz de esperar pra ver a moral de todas as histórias.
Hoje, eu acordei pra colocar um ponto final na minha vida. Nessa vidinha medíocre que andei levando, essa que eu vivia esperando príncipes e cavalos brancos, talvez pôneis cor-de-rosa-choque.
Hoje eu acordei pra não esperar mais nada de ninguém, e agora começa o tema da novela.
Era sobre isso que eu queria falar desde o começo e ainda não tinha chego o âmago do assunto. O que esperar de alguém?
Espere se surpreender, só. Talvez por que o ser humano seja bicho mutável, com uma capacidade imensa de se reinventar a cada dia, tal qual esse meu "hoje de manhã", que me fez ver que as coisas estão de ponta cabeça e eu queria mudar.
A gente chega em pontos da vida, que são chamados limites e esses limites, são uma linha tênue entre fases. Permanecer ou não é escolha. Amadurecer, abrir os olhos, requer um passo, apenas um passo muitas das vezes.
A gente fica sem jeito, sem saber como as pessoas são e como elas podem reagir à você e às coisas que você faz e realmente nem sempre a reação é agradável.
Talvez eu esteja cansada de ter esperado tanto dos outros e ter me frustrado, mas hoje eu acordei pra não esperar mais, pra olhar pra tudo com um ar de desprendimento e com uma noção certa de que amanhã tudo pode acabar pra mim, então, viver esperando é o mesmo que anular meu viver agora, é viver fora da realidade, fora de uma coisa que não está acontecendo, é como viver do passado, só que vivendo do futuro.
Pra que? Me diz, pra que? Eu acordei pra ser feliz, hoje acordei pra não olhar pra foto alguma e chorar, pra não lembrar de alguém e chorar, pra não ter um abraço e chorar. Não.
Andei me sentindo suficiente pra mim, tão feliz à ponto de conviver bem comigo mesma. Andei gostando de mim ultimamente e só eu sei o quanto é bom esperar um amor em troca e recebê-lo e é esse tipo de amor que tenho vivido. Um amor lindo, por mim mesma. Egocentrismo e egoísmo à parte, falo apenas de estar em paz e não necessitar de algo que me complete, sei que vão aparecer situações e pessoas na minha vida que vão fazer a diferença, que vão compleMENTAR. Entende? E é no complemento que crescemos, na junção e divisão das idéias e ideais.
Hoje acordei talvez pra esperar um amanhã tão tranquilo quanto meu hoje, um amor tão certo quanto o meu, por mim e um dia tão lindo quando o que estou vivendo esse dia todo, esse momento.
E nesse instante, nesse exato instante, finalizei o que prometi pra minha vida hoje, coloquei um ponto final numa idéia que vagava há muito em minha cabeça e acaba de se tornar uma certeza, ser feliz depende de mim e a cada segundo a escolha de sorrir é minha.

Uma hora, a gente entende. Entendi.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Outra carta de amor

Por muito tempo ainda, vou escrever cartas e cartas pra você, como se você estivesse lendo, como se eu fosse te entregar alguma delas. A verdade é que não vou. E desde quando você virou as costas naquele tchau com ponto final, eu sempre soube disso.
Eu sempre soube que não ia poder te substituir e falo entre linhas pequenas pra ocultar e não deixar ninguém saber que senti sua falta. Ai, como eu senti. Os dias tinham gosto de açúcar mascavo, gosto de terra e nada mais era tão colorido. Ficou tudo meio, em tom pastel, sabe? Eu passei a odiar o Damien Rice, o Glen Hansard e meu próprio violão. Eu não gostava mais de msn, nem de celular, nem achava mais tanta graça em ficar em casa, por que não me fazia sentido nada que estivesse sobre a escrivaninha ou na geladeira. O gosto de nada não saia da minha boca.
Foi perdendo a graça. O cheiro. Eu senti seu cheiro no ar outro dia. Não gostei da sensação de ser apenas um vazio cheiroso, uma ausência espalhada por toda parte me cheirando à você e sua saudade ficou lá exalando lembranças e abraços, me fazendo companhia.
Todo mundo perdeu a graça. O todo que eu era com você, andou despedaçado, da parte mais importante. Respirar doía o peito, uma dor como se meu coração fosse parar e eu perguntava pro Tiago, perguntava pra minha mãe, perguntava pro prefeito e pro moço da padaria, por que?
Por que eu gosto dele desse jeito? Até meu pai arriscou palpite, mas ninguém me dava uma direção pra seguir, daí foi quando eu me despreocupei de viver e fui vivendo.
Aí num dia, eu me vi com um clone seu, estampando na minha testa a palavra "burra", como se me vender pato em vez de ganso fosse ser tão simples quanto andar pra frente. Beim, eu não nasci ontem não. Uai, eu sei o que é pato, sei o que é ganso, sei o que é você e sei que o cara lá não era você. Ai como eu queria que fosse. Por duas vezes eu quis transformar pessoas em você.
Uma vez, eu olhei tanto pra uma cabelo igual o seu, querendo que quando os cachinhos pretos se virassem, eu visse seus olhos pequenos. Torci, mesmo sabendo que ele não era, pra que se transformasse em você. Não deu.
Gosto de terra.
Torci, pra que todas as afinidades que eu vi em alguém, ou em todos os taurinos, todos os Damien Riceanos, todos os malditos comedores de peixe cru, todos os que me inventavam apelidos e bebiam tequila, se juntassem e formassem o que meu coração queria. Nem todos juntos, não eram você. Nem todos eles juntos, me preenchiam como você sozinho preenche. Eu já escrevi seu nome três vezes até agora, escrevendo esse texto, aí eu apago e reescrevo, seu nome sai fácil, tá na ponta da língua. Eu passei a entender. Entendi que não adianta, não vou entender.
Sempre quis entender por que você se tornou a razão de algumas músicas, os sonhos, as lembranças, os detalhes, a falta, a saudade, as risadas, os momentos poucos e felizes, sintonia e complemento desse vazio.
Você é de touro, eu sou de escorpião, na teoria somos perfeitos um pro outro. Na pratica, você é perfeito pra mim. Mas não é qualquer um de touro não. Não é! É você. Dos outros eu não gosto. Tem gosto de terra. Você tem gosto de chiclete, de melancia, daquele mais gostoso. Melancia com tequila, na verdade.
Mas na melhor parte, eu não cheguei ainda.
É a que eu queria te dizer que eu te amo. E eu descobri que isso é amor, hoje. E a única coisa no mundo que eu chamo amor é a afinidade, a necessidade, o querer bem corre o que correr, custe o que custar. O tempo que eu perdi, só agora eu sei, aprender a dar foi o que ganhei e ando ainda atrás desse tempo não perder.
Descobri que o amor, é coisa bem maior. Paixão é coisa pequena, que não resiste à nada do que passamos, pressuponho até que você me ame também, da forma mais sincera e necessária que nos amamos, por que eu te vi esquecendo cada palavra triste, quando eu te disse que você estava fazendo falta.
Isso é amor.
O nosso sentimento de eternidade, de passar por cima do que for, ser capaz mesmo te querendo tanto, de passar por cima disso pra ter sua amizade mais sincera. É sentir falta, e não é do beijo, do abraço, do tesão. Não é só isso. É muita falta das palavras, muita falta do seu coração me entendendo, dos seus pensamentos me completando.
Cada uma das que eu fui com você, foram as que eu mais amei em mim e você, a parte que eu mais me importo do meu bauzinho. Que seja eterno então, verdadeiro como parece ser, sincero como superou tudo que podia ser mentira, corajoso como chegou até aqui depois de enfrentar o maior risco de uma amizade.
Eu tô tão feliz que você voltou, que não caberia explicar na confusão de sentimentos, o que é alegria, o que é amor, o que é sentir denovo o gosto de chiclete de melancia e o cheiro mais familiar que existe ao meu coração.
Hoje, eu voltei à olhar pra Lua. Vi estrelas nas entrelinhas. Repeti feito boba 429 vezes a palavra amor, repeti na mesma estrofe, amor, amor, amor, amor, amor.
Você nem faz idéia disso, mas quando eu te conheci, você zerou minha vida.
Todos os medos que eu tinha, tudo que ainda doía em mim, tudo que já senti por outras pessoas, o gosto de terra, tudo acabou. Tudo zerou. Eu comecei denovo à sentir, sentir coisas diferentes, com uma vontade nova, com uma expectativa de aniversário.
Eu queria te pedir pra não ir mais embora.
A arte precisa de você na minha vida. Minha mãe precisa de você na minha vida. O Tiago precisa de você na minha vida. Eu preciso de você na minha vida, senão, eu paro de achar graça. E volta o gosto de terra.
Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e exagerados, essas minhas cartas cheias de todos os sentimentos que sou capaz de sentir ao mesmo tempo, era que você me pedisse pra guardar o lugar.
E mesmo que você não peça. Tá guardado. O da cadeira e de todo o resto.


Tudo o que outras pessoas são, deixa espaço no meu coração e só você, cabe sem deixar um vão de ausência.


Com amor,

Pequena (:

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mais uma carta

Essa carta é certamente pra te falar tudo o que eu queria ter dito e não pude. Talvez você leia e se ler, acho que vai olhar com olhos menos magoados pra mim depois disso.
Queria te dizer pela centésima vez, que eu te quis sim. Te dizer que eu não queria que nada disso fosse assim, que por mim tudo já seria tão bom quanto eu sonhava que fosse, desde o começo.
Foi tão pouco, tudo que aconteceu e deixou tantas marcas em mim, numa intensidade totalmente diferente do que a que você viveu. Não estivemos na mesma sintonia, por mais que houvessem acasos e coincidências que nos levassem à crer nela.
Meus sonhos não se tornaram reais, talvez não baste mesmo dormir sorrindo e acordar sonhando. Sonhar o dia todo, ver tudo blue e brilhante no céu, não significa um futuro tão certo quanto a gente acha que poderá ser.
Sabe? Eu fiz alguns planos, escrevi cartas, músicas, sonhei algumas noites e dias com uma felicidade que mal senti. E ela não existe, não existiu na realidade. Só nos sonhos. E o que existe somos nós, apenas nós, nossos medos e pensamentos.
O que eu fiz, as atitudes que eu tomei, foram só pra antecipar o que já era óbvio, finais, lágrimas e mais tristeza. A gente sabe bem que nada disso iria pra frente, por mais que seja lindo o quanto nos gostamos, só que eu sou inconstante e descobri que você talvez seja mais que eu. Onde isso ia parar? Beijos, ficadas, algumas noites, ou tardes, alimentando um gostar que podia ficar imenso. Te quero tanto quanto você possa imaginar, até mais do que achei que eu podia querer alguém. Mas agora não dá mais. Assim não dá. Talvez isso fique pra sempre no coração, mas prefiro que fique esse querer bem e essa eternidade do que venha um fim pior pra nós.
E não vou falar de amor, não vou falar por que eu não conhecia seus defeitos pra saber se eu te amava, você era perfeito pra mim, a não ser pelo detalhe, pelo simples detalhe de viver esse sentimentos mais poéticamente do que humanamente. Assim como eu. E era mais bonito isso, de fato era, que ilusão bonita pensar que eramos como música ou que nosso querer era poesia.
Não quero mais chorar e ficar insegura, não sou assim e isso me faz mal. Estou certa do que fiz, por mais que doa em mim ou em você, por mais que fira seu orgulho como certamente feriu ou meu coração como de fato foi. Mas foi agora, bem antes que tudo pudesse ser pior. Só por favor entenda, seu carinho, sua amizade sempre foram o que eu quis, seus beijos e seus abraços também, mas quero mais à mim, do que aos riscos que já corri por esse querer. Nunca quis brincar com você, nem joguei, mesmo quando parecia que eu o estava fazendo. Eu só cuidei de mim. E cuidei mal por que não consegui não me envolver.
Eu não quis viver na corda bamba, meu coração não está mais disposto à se aventurar com histórias lindas que não tem pé nem cabeça. Talvez até esteja, mas não foi assim com essa história, você não foi amor de verão, ou um platonismo qualquer. Era realmente o que eu queria e em quem eu queria. Platonicamente falando e ridiculamente me contradizendo.
Desde o começo, eu sabia que nada disso era certo. Eu sabia bem que eu ia me machucar e que devia por um ponto e não uma vírgula no dia que foi preciso.
Tinha o "ela", tinha seu coração, tinha meu coração, tinha o "nós" e tinha o "vocês". E eu tava afim de ficar sozinha, ia deixar isso correr como deveria, mas você foi chegando tão sem me alardar que quando vi estava sentado ao meu lado colocando a mão na minha fatia do bolo.
Se você soubesse quanto dói.
Eu queria que você entendesse, juro que eu queria, que você pudesse olhar pra tudo isso e mudar de atitude, mudar o ponto de vista, a perspectiva das coisas, mas você não vai e eu respeito. Talvez nem queira mesmo ler meia palavra do que uma dia eu possa querer dizer. Continue assim por quanto tempo achar necessário e sem em algum deles você sentir minha falta e se a minha amizade importar, a melhor amizade do mundo eu vou poder te oferecer. Mas, mais do que isso, não quero. Quero, a verdade é que eu quero, mas não consigo me permitir.
Me faltam formas de expressar o quão confusa estou por arrancar meu coração e o quão segura estou por me devolver a paz.
Te quis ao meu lado sim, vai dizer que você não sabe?
Só que chegou a hora de desligar nossa poesia dos respectivos personagens, chegou a hora de cada um dos autores ir pelo seu rumo certo e escrever os contos que vão expressar melhor nossa forma de amar.
Aqui, eu vou deixando o caminho livre pro amor, talvez um dia seja você, se for realmente aquele tal destino; se não for, quero tirar tudo que sobrou de sentimento pra poder amar um outro alguém que queira meu amor.
Eu ainda tenho esperanças que luto pra não ter, tenho vontades que rezo pra não sentir, tenho um sentimento que eu espero esquecer e eu disse "não" e botei o tal do ponto final, porque hoje é melhor estar só, do que querer por nós dois.



Beijos, com amor, muito amor...



Pequena.

Carta pra você

Pra mim sempre foi fácil fingir que tudo ia passar, mas minha arte de persuasão sempre foi tão grande, que dessa vez até acreditei no que eu fingi, até eu mesma acreditei em mim.
Isso aqui é uma carta pra você e eu sei que você vai ler, por que sei do nosso futuro e sei que o fim de tudo isso é ainda estarmos juntos, só que não é agora. Ah, meu coração tem tanta certeza disso, quando 2 + 2 = 4, e digo mais, estou tão certa quanto a própria loucura do mundo.
Fingi que não te quero.
Fingi que posso ficar sem você e no fim, vi que eu posso. Fiquei, estou sem você e estou bem. Estou feliz, como se nada tivesse acontecido e nem te deixei saber o quanto você foi importante pra mim.
E foi.
Tão importante quanto possa imaginar. Será que você sabe que é pra você essa carta? Ela está escrita num papel também, por que um dia eu vou te entregar, vou ter que te entregar, com seu nome num envelope e um coraçãozinho, pra dizer que um dia escrevi uma carta pra você. Um dia quando não estávamos juntos, mas eu sabia que estaríamos.
São suas belas palavras, acho que são elas que me fazem querer escrever e estou sendo clara, tão clara quanto ultimamente não tenho sido.
Sabe? O mais difícil é entender que agora não é a hora e é estranhamente sensato saber disso. Eu não consigo chorar, não sei se é por que não quero ou por que não tenho motivo pra isso, queria chorar rios de lágrimas, bem dramaticamente, borrando rímel, batom e toda arte que estiver na minha cara, quase que como virar um monstrinho, queria virar monstrinho, é! Eu queria virar um monstrinho, ficar com o nariz vermelho, com dor de cabeça de tanto chorar, mas o pior é que não vou.
E nem ligo pra isso também. AH! Vou deixar pra trás essas besteiras de gente fraca. Por que bom mesmo é ser forte como eu, que agüento tudo quieta, sofro por dentro, não falo pra ninguém, vou me corroendo, me entristecendo, me magoando, me enfraquecendo e volto à ser fraca. De que adianta então? Nem sei como agir. Só espero.
Espero por que o tarot, a astrologia, as runas, a numerologia, os astros, as músicas, os livros, tudo me mandou esperar. Tudo me disse que você é "O" tal. E eu nem perguntei, nem queria saber, sabe?
Eu não gosto de coisas de sorte e azar, daí, nem perguntar eu queria, vai que eles dizem que era pra eu estar com você... e disseram. Mas não procurei saber, veio assim, como o que o vento trás.
Como eu gosto de você... Se você soubesse. Mas agora você não merece esse amor, te amo de graça, por que eu sei que vou te amar hora ou outra, então antecipo pra já ir treinando.
E me faça feliz, por favor me faça feliz um dia, tô escrevendo essa carta pra você agora, pra fingir que eu posso falar com você sobre isso. Meu horóscopo mandou eu resolver coisas com o meu amor e estou fazendo isso. Mas não posso te dizer nada, não posso te ligar e convocar um jantar pra discutirmos uma relação que não existe. Então deixa pra quando ela existir, deixa eu desabafar agora pra reclamar menos depois.
Deixa eu dar paz pro meu coração, agora, deixa ele ficar feliz, deixa. É hora de pensar em outras coisas, por exemplo, em como terminar essa carta.
Vou terminar dizendo que, eu te amei desde a primeira vez que te vi, por que meu coração sabia quem era você, ele sabia que era você e sabia que pra sempre vai te querer desde então.
E não tem problema nisso, por que a distância que havia entre minha cabeça e meu coração, diminuiu, eles entraram em acordo e agora tá tudo bem. Eles vão se ajudar, ficar calmos sem brigas e outras pessoas vão aparecer, acho que ainda alguns sorrisos vão me encantar, mas o fundo do coração, aquele cantinho, eu acho que vou deixar aqui pra você.
Talvez não. Uma hora talvez eu queira seguir outro rumo, mas hoje, eu tô falando que vai ser assim. O dia que eu mudar de opinião eu escrevo outra carta, anulando essa. E te entrego as duas, pra você saber como as coisas mudaram, que estou amando outro alguém e que não dá mais pra esperar por você. Mas enquanto isso, ficamos assim. Espero poder te beijar quando eu te entregar isso.
Ao menos, te beijar.


Te amo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Novos ares

Pensei poder voar e o pior, pensei agora já ter asas capazes de me levar onde eu podia ir, mas elas não eram capazes. Eram fraquinhas e não estavam bem formadas ainda, pra levantar esse vôo alto demais.
Agora estou me vendo tal qual um passarinho ferido, que se jogou de um precipício pra planar e deu com o corpo todo no chão.
Isso dói, como se o corpo não fosse agüentar, como se o coração fosse explodir com cada batida.
Tem coisa que é absurda, que não entra na cabeça na hora necessária e quando entra é tarde demais pra mandar o recado pro coração. Os impulsos, a emoção, são liderados com tanta inconseqüência que quem sofre com o que vem logo após, nem culpa tem pra merecer sofrer. Pobre coração.
Pobre coração que acredita tão bobo em sonhos lindos, em céus azuis e campo limpo, próprio pra voar achando não correr nenhum risco.
Passarinho algum está livre de acidentes, passarinho algum está livre de quedas, passarinho algum está livre do amor.
Passarinho que queria só um ninho e sua liberdade, um ninho pra voltar, liberdade pra voar e nada mais tem. Nem ninho, nem liberdade. O ninho foi destruído pelo medo a liberdade caçada pela saudade.
Um dia a gente vai aprender a enxergar os momentos da vida, vai aprender que há mais coisas além do céu bonito, tem o vento, tem as tempestades, mesmo a chuva fraca, ou o sol em excesso, e temos que aprender a lidar com tudo isso, pra sermos capazes de voar.
Como se voar, fosse tão simples e ensinado em doses homeopáticas. Não, não é... É bem mais doloroso que isso, mais crítico, mas não impossível.
Acho que agora, que vi o tamanho, a capacidade e o poder das minhas asas, agora que vi quanto meu coração é capaz de agüentar, que vi quanto eu posso sofrer por não tomar decisões corretas talvez eu queira voar mais perto, voar mais baixo, ser passarinho mais contido... ou não.
Talvez, pensando bem, tantas vezes que eu caí, tantas vezes que meu coração se partiu que eu posso nem ter mais nada à perder, passarinho pequeno eu já fui, asas fracas eu já tive, ninho eu já perdi, liberdade eu deixei com a saudade, mas saudade é coisa que a gente pode trocar e ter de volta a coragem de uma águia, de ganhar os céus denovo, voar alto, voar atrás do alvo.
Cheguei à conclusão de que eu nasci pra ser águia mesmo. Medo dá, coragem às vezes falta, mas águia que é águia, nasceu pra ganhar o céu, nasceu pra ir longe, então se não há mais o que me prenda, se até mesmo a saudade eu estou deixando agora é hora de novos horizontes, outros ares. Quero ver o sol em outros lugares e me molhar com a chuva em outras terras, talvez por lá eu encontre um lugar com cara de casa, um alguém com cara de família, um sentimento com cara de amor, uma sensação com cara de eterna.

É na falta que vivo

Foco no lugar vazio da mesa. A pessoa que não veio. Pior ainda: a que não existe. É ali que fico, sempre, apaixonada, doendo, esperando. Meu amor é a cadeira com pé quebrado que tiraram do salão antes que alguém se machucasse. Então me recuso a sentar em outras e vivo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma.
Eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo não te amar, e isso significa passar ótimos dias em paz, quando te trato bem, quando te amo. O que sobra em mim, o que eu guardo no peito, é sempre o negativo do que expeli para o mundo. Por isso o e-mail, carinhoso, um jeito de te expulsar mais uma vez, porque é só isso que sei fazer quando o assunto é sentir além de mim. E quando te trato mal, são dias te amando aqui, nos espaços vazios que você jamais preencheria e que são absolutamente você. O mundo todo que não tem você é ainda mais você. E assim me relaciono. Com o risco de giz branco em torno do corpo que já foi levado do chão. Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Sempre namoro quando acaba o namoro. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao cinema. E então janto com você e como bem e até bebo. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E assim namoramos tão bem e sou tão agradável. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.
É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar.
É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo.
O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você.
Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que caio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível.
Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você.
E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme. Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.

domingo, 18 de outubro de 2009

Adeus

A parte mais difícil passou
Aceitar que não ia além do final
O final já começou
Nada mais ainda é igual

E eu percebi o que somos nós
Nada mais que dois amores pagãos
Que não sabem viver esse amor
Cansei de enxergar tantos nãos

Então agora vim me despedir
Apenas pra deixar claro que entendi
Que estou indo embora sem pedir
Avisando minha hora de partir

Sinto se não pude fazer mais que isso
Mas meu coração não pode se vender
Me doar já estava muito difícil
E já não quero mais me perder

Então é isso, até nunca mais
É um adeus que talvez seja eterno
Não sei viver assim como você gosta
Não vivo ainda nesse mundo moderno

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tudo bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Quando está inverno e eu te procuro
Fica frio e escuro
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Quando é primavera e as flores cheirosas
Chegam em buquês que não são seus
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai sim, tudo muito bem sem você
Quando é outono e fica tudo cinza
E não te abraço com moleton
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Mesmo no verão, quando as noites me faltam você
E as paredes desse quarto parecem sem sentido
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Nada vem, nada que signifique algo
Só algo que significa nada
Exceto a sua ausência por toda parte
E esse silêncio que me lembra nós

Nada que te signifique
Nada que te substitua
Um nada que preenche meus braços
Então nada mais me deixa te esquecer

Meu amor, Meu amigo

Desde que te conheci
Não me lembro de outro alguém
Só seu nome faz sentido
Só seu sorrio me convém

Eu tenho um coração
Que sabe quando tem razão
Que sabe quando ruma a hora
De tomar uma decisão

E é você quem eu amo
Parece triste desistir de nós
Mas quando a alma sente
A cabeça é quem deve agir à sós


Você, meu amor meu amigo
Quando eu sonho é com você
Você, meu amor meu amigo
Quando escrevo é pra você


A melhor parte de mim somos nós
Cada uma que fui pra você
Todas elas gostei em mim
Todas que quiseram nos querer

Nunca saberemos onde vai o amor
Pra uma foto ou pra um jornal
O nosso vai tirar folga de nós dois
Antes que acabe de forma banal

Uma canção blue

Blue, essa canção é blue
Triste demais talvez
Mas é como soa um blues
Numa noite de embriaguez

Algumas palavras feridas
Em versos de nós dois
Um pouco de dor para relembrar
E sentir tudo que se foi

É uma canção blue
O devaneio do amor
Do grito da minha voz
Do desespero do autor

É o que resta de nós dois
Pra não se esquecer
Sem nada à dizer
Sem nada à dizer

Músicas são como tatuagem
São eternas letras cantadas na pele
É nossa tinta pintando blue
Esperando uma alma que a revele

Dizem que o inferno é melhor
Bem melhor que descrever a dor
Que é coisa mais real
Menos abstrata que o amor

Então vou lá olhar o inferno
Vou lá ver se encontro inspiração
Cigarro, loucura ou bebida
Ou um blue qualquer pra essa canção

Mais uma vez o amor

Disseram que era coisa natural
Fumar cigarros e me embriagar
Passar a noite vendo o claro de nós dois
Uma vez que esqueci de nos amar

E com o áspero dessa história
Aprendi a sempre desconfiar
Quando o destino debocha de nós
Prometendo o que não se pode apalpar

Mas eu li numa pequena frase
Palavras de amor para mim
Dizendo que você não me esqueceu
Que talvez esse não seja nosso fim

Do seu rosto já quase não me lembro mais
De seus braços, dos abraços, seu sorriso
Mal me recordo da felicidade
De pensar estar no paraíso

Mas me disseram que você ainda me ama
Pode ser verdade?
Que você ainda me ama?
Mais uma vez o amor
E você denovo me ama

Quando virei sua inspiração
Você virou o meu amor
E isso é mais que a razão
E eu te amo
Te amo

O amor

O amor é coisa jovem
De passear no parque
Não se preocupar

O amor é coisa nova
A cada vez que acontece
Parece enganar

O amor é coisa de pagão
Por que quem crê
Mal pode amar

Por que o amor é coisa de louco
Abstrato que só ele
Pra atordoar

O amor é coisa pra nós
Que ainda achamos graça
Em ter tudo nas mãos
E de repente só fumaça

Meu vício

Você é minha luxúria
Meu desvio de caminho
Meu vício, minha droga
Meu mal e meu carinho

Você é todo o meu erro
Minha volúpia e libido
Eu te aspiro e desmaio
Te soletro num gemido

Eu gosto do seu gosto
Da minha língua na sua boca
Vem, eu provo que te bebo
Seu amargo me provoca

Meu corpo reclama sua falta
A falta da minha droga mais cara
Eu te quero que vendo a alma
Tanto que o sangue até dispara

Gosto mesmo é de nós
Do nosso jeito de enroscar
Palavras em meias frases
Mentiras pra nos adoçar

Você é minha doença
É minha sagacidade
É minha lembrança
De uma paixão de verdade

Quem sabe viver

Eu conheço os barbudos,
os sem barba e os esquecidos.
Conheço os verdadeiros,
os mentirosos e os vividos.

Conheço os maduros,
inexperientes e os sábios.
Os que falam manso,
os que confundem e os tarados.

E sei bem quais deles fazem minha pernas tremer
Sei bem quais meu corpo gosta de escolher

Eu conheço os famintos,
os que tem sede e os insaciáveis.
Conheço os grosseiros,
os geniosos e os maleáveis.

Eu sei de cada desculpas,
da instabilidade e do tesão.
Sei o caminho da calça,
do cinto e do botão.

E eles todos sabem bem o que meu corpo quer
E sabem bem onde suas mãos devem se perder

O norte e o sul de todos
O amor e ódio de cada um
Sei tudo
Já conheci
Quem diz que não sei viver
Peca por não saber
Tudo que senti
E o quanto me diverti

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bailarina

Eu vim pra cá sozinha
Sem nem saber dançar
Vim eternizar histórias
E ganhar outras pra contar

Deixei um pouco de saudade
E trouxe um pouco pra não faltar
Ouvi falar que nessa cidade
As pessoas não sabem mais amar

Com a pontinha dos pés, devagar
Vim pintando flores no papel
Vim ser a estrela no mar
Vim ser uma estrela com céu

Presta atenção quero contar
Que eu fiz planos pra você
Que passarinho deixou de voar
Bailarina parou de ser blasé

Não resta muito soldadinho
Senão encerramos a conversa
Sabemos o fim do conto
E nos sobra apenas pressa

Saiba que tenho ainda planos
Não dançar mais em caixinha
Não ser boneca de pano
Não ser capricho de menininha

Uma dança pra comemorar
Que essa guerra,você venceu
Romeu conseguiu não amar
Mas Julieta chorou por Romeu

E de prêmio eu me daria
De brinde ia um coração
Roupinha, pose e sapatilha
E o que chamam de paixão

Não quero ser bela e notada
Serei feliz mesmo pequenina
Se eu for pra sempre sua amada
Pra sempre sua bailarina

sábado, 10 de outubro de 2009

Mentiras

São várias luas
Em poucos céus
Com poucas estrelas

Tantas dúvidas
Sem por quês
Só besteiras

Mentiras
Você só me diz mentiras
Mentiras demais
Mentiras

Muitos sorrisos
Esquecidos
Apagados

Seus abraços
Nossos sonhos
Abandonados

Já não sei não te querer

Eu sei que é você
Já nem penso em te perder
Dei certo o passo
Que encontrou meu bem querer

Eu sei que é você
Pois já nem penso em amar
Outro alguém, outro olhar
Não sobra espaço pra sonhar

E foi quando eu te vi
A primeira vez que eu senti
Que eu...

Já não sei não te querer
Já não quero esquecer
Dos beijos, retratos em mim
Te deixei mostrar o azul
A estranha métrica de um blues
De um conto sem fim

Nossas palavras são um nó
De pensamentos quase sós
Que se encontram no jamais
E se reconhecem como iguais

Nossas vontades irreais
De querer sempre o nunca mais
Parei o tempo pra pensar
Em quais mentiras devo usar

Por que o que quero te dizer
É que não sei entender
Por que eu...

Já não sei não te querer
Já não quero esquecer
Dos beijos, retratos em mim
Te deixei mostrar o azul
A estranha métrica de um blues
De um conto sem fim

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Intimidade

Sussurros
O gosto do vinho
Do céu, do mel

Apenas eu
E você
Em mim e nós

Do jeito que me quer
Cada parte do que sou
Soa como mulher
Que tem o que sonhou

Seus cabelos
Cada fio
Cheiro e arrepio

O balanço
Nosso rítimo
Íntimo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

...Indefinições...

Será que o amor é definível?
Flores foram criadas segundo uma pré-definição de alguém, os pássaros também, como ia funcionar o ódio, a vaidade, também já tinha sido decidido e por que somente o amor, dizem não ser definível?
Eu vejo muito mais além do indefinível do amor, vejo medo de encontrar respostas e verdades dentro de sí, sobre suas frustrações sobre o amor, é o mesmo que ter que enfiar a mão no rio pra pegar algo que caiu lá e achar que não corre risco de acabar sendo mordido por algum bicho de lá de dentro.
Procurar as verdades sobre o amor dentro de você é correr o risco de mexer em um assunto que vai trazer outras lembranças. Acho que é pra poucos a coragem de definir o amor, é pra poucos o caráter de questionar o que outras pessoas já disseram que era verdade. Eu vou mais além; existem poucas pessoas questionáveis verdadeiramente e essa grande maioria que não é, passam a ser sem sombra de dúvidas, as pessoas que não sabem se relacionar.
O amor nada mais é do que o respeito, a inteligência emocional, pra saber até que ponto ir com o coração de alguém, até que ponto levar as esperanças no seu coração. E existe um limite chamado fim, que quando algumas pessoas chegam, não são capazes de enxergar, preferem achar que a esperança resolve tudo e na realidade, só se entregam pra um fim mais doloroso, que chega a ser tão triste, quanto se tivesse terminado naquele momento que deveria.
Agressão, infidelidade, descaso, indiferença, são resultado de um amor mal compreendido, de uma incapacidade intelectual de entender que o fim chegou, de que os limites do amor eram isso e aquilo, pra poder ter parâmetros comparativos pra olhar e pensar: meu amor não é mais isso.
Difícil encontrar em pessoas, a facilidade de se expressar sobre sentimentos, de saber realmente do que está falando, de ter as certezas necessárias pra defender seu sentimento.
Eu ganhei um livro há 3 anos, e havia esquecido ele num canto, incrível como cabia uma vida nesse livro e eu nunca dei bola pra ele, de repente eu o encontrei e em apenas 3 horas ele tinha mudado tudo. Aprendi com ele toda a definição e a indefinição do amor. Todos os meus conceitos e minha reflexões puderam vir à tona e eu pude entender uma vida em segundos. A complexidade das palavras, a forma certa de definir algo, estava tudo alí, entre linhas e letras.
Pra se definir o amor, tem que se prestar atenção nele. Por várias vezes, eu simplesmente deixei de lado e me esquivei de prestar atenção pelo medo de resgatar minhas lembranças, pelo menos de encontrar algo que pudesse ser mais uma vez decepção, só que tem hora, que é bom aprender. Tem hora que é bom arriscar e pular de cabeça nesse mar, com a certeza apenas de que pode haver uma pedra bem ali e você pode se machucar.
Hoje aprendi, que o amor vale o quanto podemos pagar e se as coisas não são pra sempre, se nossas alegrias às vezes são repentinas pelo menos valeu, cada segundo que vivemos a felicidade, cada momento que pudemos fechar os olhos e abrir o coração pra sorrir.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Medos

Eu ando me sentindo estranha pra ser sincera, cheia de uma coisa toda pra dizer e pra sentir, mas tem horas que não cabe no meu coração tudo isso e ela sai pelos dedos criando raízes e voando pra longe de mim, me perco, de meu próprio controle.
Fico sem saber o que fazer, como se as palavras fugissem de mim, e saíssem correndo pela Avenida Paulista, atravessassem as ruas pulando e eu não fosse capaz de ir atrás.
Tem dias que eu me acho totalmente bipolar, mas vai ver é só a confusão de sentimentos novos, tem algumas coisas que a gente precisa aprender a lidar, tem outras que a gente precisa a conviver com facilidade, mas tem horas que simplesmente não dá.
Tem horas que me sinto no meio, num x, como se estivesse entre a Bela e a Santos, numa encrusilhada entre minhas felicidades e meus medos, a merce de ser atropelada pelo amor. Cheio de velocidade e com seu motor super potente, eu o vejo passando por cima de mim e dando ré pra se garantir de ter me amassado bem.
Por que na verdade, é sempre assim, no auge dos sentimentos mais felizes vem a tal da pulga, a insegurança e esta, sem ter ao menos piedade massacra nossos sentimentos, faz tudo que é lindo se tornar duvidoso, faz tudo o que é coragem virar cisma, faz tudo que é vontade, virar medo.
Eu luto contra, com todas as minhas forças, mas de vez em quando as palavras soam estranhas dentro de mim, como algo que talvez eu não seja capaz de não acreditar.
Tô afim de ficar cega, afim de não saber de mais nada, de simplesmente ignorar todo e qualquer fato que vá atrapalhar minha felicidade, ando sentindo uma necessidade enorme de ser alguém com mais coragem, ando precisando de mim por inteira, da menina completa, ando querendo viver.
Quero tanto, que talvez eu resolva a qualquer hora pular do alto de mim e eu me mate.
Me livre dos meus fantasmas, do meu ego, do meu passado, das mentiras que me contaram e talvez assim, morta, eu volte à saber o que é a vida.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mulherzinha

Ligo antes das cinco pra não parecer que ele é a última opção da minha agenda. Dou três opções de restaurante e ele escolhe logo a primeira. Combino de passar umas oito e meia, mando uma mensagem quando estiver na esquina. Aviso que vou atrasar dez minutos. Embico na garagem pra ele não tomar chuva. Pergunto se o ar condicionado está muito forte. Dirijo com uma mão no volante e outra na perna dele. Elogio que ele aparou um pouco a barba, coisa que ele adora pois fui a única a reparar. O manobrista do restaurante abre primeiro a porta dele. Se assusta que é um homem onde eu deveria estar sentada. Entrega o papel do estacionamento pra mim, contrariado, enquanto meu parceiro já está bem distante. Escolho fumante pra agradá-lo mas por sorte sou informada que essas mesas não existem mais. Digo a ele que tudo bem, podemos ficar no frio, na parte de fora. Ele diz que ELE não está a fim de sentir frio e topa não fumar. Eu chamo o garçom e digo que para mim carne e para ele salmão. Eu escolho a taça de vinho dele, eu não vou beber porque estou dirigindo. Eu pego na mão dele, depois da taça estar quase no final, e pergunto se ele não quer ver a linda vista da minha sacada. Ele sufoca um bocejo charmoso e diz que sim. O garçom entrega a conta pra ele, que aperta os olhos pra enxergar com a lente embaçada. Eu ofereço ajuda pra ver os números e numa agilidade impressionante enfio meu cartão ali dentro e faço a carteira de couro desaparecer da mesa. Incluindo o ticket do estacionamento. Ele está com frio e ofereço meu cachecol novo. Ele elogia o perfume e continua com frio. Entendo que são duas aberturas para o abraço. O carro chega e a porta dele já está aberta pelo manobrista, a minha eu mesmo abro com dificuldade porque os carros tiram a maior fina do meu corpinho congelado. Morro de vergonha que o carro está com cheiro ruim, pra variar, o manobrista sacaneou. Abro os vidros e não digo nada pra não ser rude. Coloco música baixinha pra gente falar baixinho. Paro na farmácia pra comprar camisinha mas dou a desculpa que é um antigripal qualquer. Ele faz que acredita e espera dentro do carro comportadinho e sorrindo. O cara do caixa quer me lançar um olhar mas na hora tem medo de me encarar. Acendo as velas novas que ganhei. Coloco minha estrela azul na tomada que dá o clima perfeito. O cd novo do Beck. Ele está nervoso, comentando sem parar das minhas fotos e livros e cortinas. Eu faço ele parar de falar finalmente. Depois de tudo, ofereço levá-lo e me faço de ofendida quando ele cogita um taxi. Ele pergunta se pode dormir comigo, eu apenas sorrio e apago a luz. Ele acende a luz e pergunta se pode ligar pra avisar uma pessoa. Ele liga pra mãe, que não gosta muito. Ele volta envergonhado pra cama. Mas eu, educada, finjo que já estou dormindo. No dia seguinte eu ligo pra dar bom dia. Ele me avisa que vai viajar no feriado. Eu pergunto com quem e ele diz que aí já estou querendo saber demais. Ele volta a ser homem. Eu desligo e, aliviada, choro como uma mulherzinha.

Você tem nome

Eu gosto de como você se empresta para a minha vontade de sentir de novo. Saio da sua casa feliz porque estava frio e roubei uma blusa com duas respingadas velhas e já lavadas de óleo.
Eu gosto da sua barriga porque você consegue a santíssima trindade da barriga perfeita: maduro, intelectual, sarado.
É o labirinto onde eu fico quando você acha que eu não estou ali. Entre seus ossos e músculos.
Você é um preguiçoso, espalhado tão elegantemente com as cuecas largas, em seu sofá com almofadas de mocinha. Absurdamente animado com milhões de coisas maravilhosas que você lê ou escuta pela metade, querendo saber tudo ao mesmo tempo pra esquecer mais rápido e de uma vez. Querendo não saciar das coisas, pra caber mais do resto todo que nunca chega. Você tem a noção mais bonita de insuficiência e exagero que já vi. Você tem o desapego pós empolgação menos levado a sério que já vi. Mas isso tudo é escondido pelos seus olhos de desligamento.
Você tem todos os gominhos no lugar como se fosse um garoto de academia. Isso me faz rir embaixo do edredom, olhando a tirinha suicida do meu sutiã que se jogou solitária e antes da hora. Você fez a escolha da vida dos homens desgastados e pra dentro, mas é como se os deuses te mandassem, ainda assim, doses diárias de uma beleza que me surpreende a cada vez que tento te transformar em qualquer coisa da minha tarde. Não precisa pente, banho, esteira, sol, peso, gilete. Você acorda naturalmente com a beleza que eu só tenho, ao acordar, se acordar duas horas antes.
Eu gosto de você porque são tantos milhões de coisas que você sabe, mas você fritou e não diz nada. Você sabe tanto que tem preguiça. Eu percebi que minha ansiedade é a típica da garota boba que leu nove livros, sabe de sete músicas, viu quatro filmes, conhece dois lugares e acha que ainda ama um homem. Quem sabe mesmo, nem começa a dizer.
Você faz com você o que faz com todos os livros. Para na metade. Assim sobra tempo de assassinar minha roupa e depois dormir enquanto eu conto os pedaços pela casa. Meus e das minhas histórias.
Então eu gosto de você, de novo, porque não falamos nada. Você porque dormiu de novo ou quer demais. Eu porque quero de novo ou dormi demais. Você porque sabe muito. Eu porque não sei porra nenhuma.
E o portão enorme de vidro se fecha com você meio curvado, malditas costas. Faz minha vigília até o carro como um pai e isso me dá vontade de voltar. Parece errado, mas pra mim, pros defeitos que me formaram e por isso mesmo é só o que posso sentir quando sinto sem script, sinto que as plantas estão onde deveriam. E meu carro, e tudo. Se encaixa. Eu sou o senhor cabeça de batata esperando seu bigode encaixar em mim pelas mãos das crianças que nunca deixam de brincar com os velhos brinquedos de verdade. De novo, levando a pureza bem a sério pra pelo menos existir um pouquinho em meio a tudo isso. E eu, você não sabe como te agradeço, vou escutar música alta no carro e nem reparar que o sinal abriu.

Eu só queria saber

Uma dia eu me perguntei porque ele não mais me ligou.
E me perguntei tanto que quando eu o vi, quando tive a assombrosa oportunidade também tive que perguntar à ele. E foi quando ele olhou pra um chiclete chinfrim no chão e pensativo me disse:
- Não te liguei porque você disse que eu andava como alguém que esconde que já foi gordo, ria como alguém que precisa ser aceito apesar de ter nascido muito pobre, dava linguadas no ar como um sapo querendo pescar pequenos insights para impressionar mocinhas, espremia os olhos como um míope que não aceita as próprias limitações, estalava os dedos como quem tinha perdido a hora do soco, pegava como um homem que perdia perdão por ser homem, dirigia como um ejaculador precoce, mudava as estações do rádio como um infeliz que tenta até o fim, penteava o cabelo para trás como um estilista histérico, falava devagar como um estudante fritado de tanta maconha, enfiava a mão em você como um inexperiente que odeia a ex namorada, beijava como alguém que queria dormir de tédio assim que conseguisse qualquer coisa, lambia como um peão mal educado e morrendo de calor, gemia como alguém que tenta expulsar algo dos pêlos do nariz, dormia como um bebê com tromba de elefante e fazia xixi como um elefante com tromba de bebê.
E ele se foi e me deixou por alguns segundos encarando o mesmo estorricado chiclete velho da calçada. Naquele momento eu aprendi três coisas para o resto da minha vida: eu era bonita, eu era insuportável e eu era uma escritora.
O mais maluco é que fiquei feliz e vitoriosa como se tivesse acabado de ganhar uma aliança de amor eterno, seja lá o que isso quer dizer.

Amor

Muitas são as vezes em que tentamos dizer não, por algumas vezes até somos capazes. Dá pra negar pra todo mundo, dá até pra negar pra nós mesmos, só que, se enganar, é um trabalho árduo e esforço inútil.
Uma hora o que era gostar, vira querer, que vira saudade, que vira pensamento, que vira felicidade, que vira amor. Amor a gente não esconde. Confuso que é, trapaceiro que é, pega a gente desprevenido, nos coloca de ponta cabeça num aquário e tenta nos afogar. Até que a gente abre a boca e fala, pros quatro cantos, fala gritando até, por que já que é pra ser dito, que seja dito com todas as letras e em caixa alta: estou amando sim.
Assim que a gente acaba de falar, vem um sentimento de ser o alguém que falou mais alto quando todo mundo ficou quieto, quem falou besteira que não era pra todo mundo ouvir. Mas, de fato, o susto maior é pela descoberta, quando nos pegamos amando o mundo parece ser novidade, a gente vira bicho perdido na floresta, vira bebê recém nascido, vira uma pessoa apaixonada.
Apaixonados são bobos, são gente burra, que não sabe nem o caminho de volta pra casa, pessoas tão desnorteadas quanto uma bússola quebrada e são esses, os mais felizes. São esses que cantam "I can´t take my eyes of you", são esses que acham graça em cada detalhe da natureza, no pôr-do-sol que nunca tinham reparado, no cachorro latindo, no lindo gato folgado, no bichinho no catchup. Que lindo é o céu da minha boca, cheio de palavras estreladas, o balanço que tem no parque, as frases melosas e amorosas, os abraços de moleton, os beijos de verão.
Tudo se torna tão colorido quanto o mundo de Alice e a alma fica florida. Os segundos ficam eternizados, em momentos que são insuperavelmente mágicos. O porta-retrato, com a foto dele, o sorriso que não devia ter ficado sem um beijo, o olhinho pequeno de quando ele sorri, o cabelo bagunçado, a correntinha no pescoço, as carinhas de felicidade, as promessas de abraços longos e beijos na testa.
Cadernos podem ser escritos e de fato cada conversa deveria ser anotada, são livros que venderiam milhares de cópias, tanta identificação os outros apaixonados encontrariam. Tem momentos de silêncio, calados por dúvidas, por saudade, por um beijo ou simplesmente por um olhar tagarela. Daquele que conta que na nossa alma as coisas andam diferentes do que a boca medrosa está querendo falar, aqueles que nos entregam algemados pro outro coração, nos dá de bandeja pra que o amor faça o que bem entender.
Todos deviam se privar do amor, deveriam evitar sentir, deviam tentar não se envolver com essa coisa, pois é quase um crime. Todos deviam negar se apaixonar, deviam querer não enxergar o seu igual, pra que o amor os pegasse de surpresa e mostrasse que com ele não se brinca.
Todo mundo devia ser controlado pelo amor um dia, devia ficar burro, devia enxergar sons, ouvir cores, dançar salsa, merengue, cha cha cha, rumba, devia querer ir pra escócia ver homem de saia, devia querer ir pra holanda pra tirar leite de vaca, devia sentir, ao menos um dia na vida o que é querer o mundo todo em suas mãos e sentir que é capaz de tê-lo.
Se cada um, ao menos um dia na vida, fosse manipulado pelo amor, se despisse de suas armaduras, se sentisse impotente e se deixasse como um barco à vela, seguindo o rumo do vento e do mar, haveriam pessoas sempre capazes de colocar em um único abraço, toda sua vida, sua história, seus medos e alegrias. Seriam capazes de viver, isso que se chama vida entendendo que mesmo não sendo de princesas e de príncipes, os nossos sonhos podem ser reais, como são nos contos de fadas, como nossa vida com amor, pode ser.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pra ele

Existe algo pra ser falado
E minha cabeça está dando voltas
As palavras não podem ser vagas

Milhares de sons e cores
O mundo ao meu redor
Os signos e as estações

E eu espero saber como dizer
Sem eu mesma poder entender

Que fiz essa canção pra alguém
Por que estou amando
Tudo indica que é isso
Essa canção é para o amor

Com as poucas palavras que tenho
Capazes de descrever o que sinto
Tento dar sentido

Mas quando o amor souber
Que eu fiz uma canção pra ele
Talvez queira me ouvir cantar

E eu espero saber como dizer
Sem eu mesma poder entender

Eu fiz essa canção pra alguém
Por que estou amando
Tudo indica que é isso
Essa canção é para o amor

Outra palavra não ia ser exata
Pra falar o que estou sentindo

Encontrei o amor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Me conhecer

Ele disse: é, te conhecer de verdade. Ver se a gente se dá bem mesmo, confirmar o que eu penso de bom sobre vc, que é certeza que vou, mas ainda me sinto inteiramente curioso sobre você.
Muito estranho de entender?


Eu disse: não.
Por que eu sei bem quem eu sou e eu sei que eu causo isso, tão clara que eu sou, que deixo dúvidas.
Eu me impressionaria se eu visse todas as facetas que tenho, todas tão claras e tão confusas. Gosto na verdade é de me enganar, gosto de pensar que sou uma coisa quando sou outra e depois passar a ser as duas, de verdade e de mentira. Sou muitas e todas me completam. Não me engano não, eu me orgulho disso tudo que sou, por que todas construiram em mim uma mulher segura e me deram total direito de ficar fraca hora ou outra e ser mulherzinha, por que sei, que depois fica fácil pra eu retornar à minha realidade. Não tenho que ser uma só e na verdade tudo que sempre busquei agindo assim, é o que sou hoje, feliz. Isso me faz singular, sendo tantas, sou ainda assim singular, por que minha capacidade de me adaptar e mudar tudo toda hora, me fez ser tão forte e corajosa quanto todas. Eu tenho vários problemas, muitos deles eu escondo pra ninguém saber que eu tenho e outros aprendi a lidar, assim tento me mostrar perfeita. Não sou. Não sou nem tão insensível quanto pareço, indiferente, fria. Não sou.
Eu sou totalmente mole, apaixonável, insegura, tímida, esperançosa, espero por um amor lindo, de rir alto de tanta alegria, de coisa de contos de fadas, de abraçar e ficar feliz, andar de mãos dadas com um sorriso na testa, quero o tal do príncipe encantado, o mocinho que toca violão, o que fala de coisas inteligentes comigo, o cara que olha pro céu estrelado e fica falando que uma daquelas estrelas sou eu, eu sou cafona, pra caralho. Mas as coisas, as pessoas não são mais assim, então essa menina, eu guardei dentro de mim, quietinha esperando o momento de se mostrar. Nem tudo dessa menina, me atrai, mas tem dia, que sinto falta das coisas românticas, um depoimento no orkut, uma msg no celular, uma ligação, uma carta, um carinho, eu espero isso, mas não conto, por que quando conto, eu me iludo.
Mas dessa vez eu seguro a barra, conto aos quatro ventos como uma boba denovo, só pra deixar você e o mundo saberem, tá?

Em meios à tantas Isy's, eu confundo à todos e à mim mesma, a única constante que permanece em mim é a que eu vou contar, pra todo mundo entender:

Sou constantemente mutável, de idéias variáveis, sentimentos instáveis, formas inimagináveis e nada que eu fui, serei com facilidade, por que eu só sei me recriar e viver do inesperado. Corro do que fica parado e não permaneço nunca dentro de uma só pessoa que sou, pra que o tédio não me alcance, pra que o passado não me lembre e pra que as marcas não me desencoragem à seguir e chegar tão longe eu queira ir!





Te saber

Minutos são dias
Quando palavras não vem
Confusas melodias
À espera de alguém

O dono de cada letra
O alguém que ainda não sei
Te sinto, te sei completo
Me apego ao que sonhei

Será que vou te reconhecer?
Depois do inverno, me vi mortal
Quem sabe ao menos possa ver
Que é você, o meu igual

Você me deixa com saudade
Do que ainda nem senti
Me falta cada olhar teu
Aqueles que nem ao menos vi

Te quero bem mais do que sei
Saber tudo que pode pensar
Vontade de te conhecer
Saber tudo que quer me falar

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

...quando felicidade vem...

Quando a felicidade chega...
Ela chega com ar de paixão, de amor, de carinho, de mágica. Um encantamento que você não sabe de onde vem, quanto tempo vai durar e aquele sorriso e o frio na barriga parecem eternos. Longos, mesmo curto que seja o sonho. As músicas felizes fazem sentido, violão é quase que comida e cantar é matar a sede, como se música fosse saciar o coração, encher de perfume, de cores um tempo de tristeza e vazio.
Tudo fica tão delicado, suave, a felicidade plena é leve. Como se parar no tempo fosse deitar simplesmente e ver as nuvens passando, tipo tarde ensolarada no campo, com um quê de pôr-do-sol na praia.
E tudo é motivo de rir, tudo é motivo de olhar por horas a mesma coisa que você olha há anos e nunca reparou, motivo de brincar com os cachorros, de abraçar todo mundo, sair cantarolando minutos de amor, quarto, cozinha, sala à fora.
Quando a felicidade chega, ela trás sono d e belos sonhos. Um sono de poucas horas que seja, que parece ter valido por noites interas durmindo com uma coberta fofinha, num travesseiro macio. Faz dos sonhos apenas uma extensão das suas vontades, de poder abraçar quem está longe naquele momento e poder sentir aquilo real, o suficiente pra acalmar o coração.
As palavra coração, sonho, amor, sorriso, rir, abraçar, pensar, sentir, ficam constantes nas escritas de um indivíduo feliz. Chega a se fazer pleonasmos com as palavras, onomatopéias dos sentimentos e todas as metáforas pra exemplificar coisas de uma forma mais bonita, somente pra mostrar pra todos que lerem, que você esstá feliz.
Fica exposto, em gestos, em olhares, atitudes, palavras que algo está acontecendo e que é muito bom. E em muitas vezes não sabemos nem explicar, mas só de viver isso e se sentir completo, basta.
Não é necessário explicar, não é preciso nem ao menos entender, só sentir, viver cada detalhe, intensamente e deixar a felicidade ficar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

...Fim...

Eu queria conseguir falar, juro que queria. Mas o que posso fazer se minha incapacidade de expressar ultrapassa minhas vontades de te fazer entender? Eu queria muito que você soubesse o que é isso, queria que você soubesse que conviver na indecisão de quem você é não é fácil como parece, queria que você soubesse o que eu sinto e como eu vivo cada momento das suas confusões.
Me beija? Eu preciso dizer isso? Preciso te implorar carinho, tanto quanto te implorar perdão? Por que você é melhor que os outros? Não sei o que consigo ver senão encantamento. Magia, macumba, arte de duendes, desgraça da minha alma.
Te ter alí e não te ter aqui, tão perto quando o limite de enxergar além dos seus olhos, quanto ver sua alma, quanto sentir seu sorriso me aquecendo o coração. Noite de festa, noite de procura, caça aos tesouros perdidos e aos segredos começados. Não sentir frio, não estar só, estar no escuro mas sentir-se seguro. Não sentir. Não pensar. Não falar. Não desvendar tão além de suas risadas, pequenas palavras,  o fim.
A cada melodia me afastar mais e mais de sua afinação, de nossa afinidade, te ver ir longe, mesmo ainda sorrindo, longe, além-mar, de poder entender onde.
Me ama, por favor me ama. Me dá atenção? Pelo amor de Deus olha pra mim por que dói, ou me deixa ir sem ver. Mas não sorria por que eu fico, se você me disser oi, eu fico.
Fico por você ou pela minha necessidade de manter viva quem eu sou de verdade, a minha carência real de mim. Mas eu vou entendendo, a cada capítulo, que o todo que sou é maior, do que a parte que você é em mim e pra mim.
Te quero sim, vai dizer que você não sabe?
Mas meu coração decidiu se desapegar, juntos temos mais um capítulo pra escrever, do qual você não faz parte, no qual lua alguma, nem céus estrelados, podem mudar o fim da história, o meu encontro com a felicidade.
Meu encontro com o eu, com o mim, com quem sou eu pra mim.

Procura-se

Está difícil remar contra a maré. Sinto que meu barco de papel começa a ficar à deriva. Então tento escrever algumas palavras que ainda existem em mim. Está dificil! Há nuvens escuras no céu da boca, as palavras faltam, o tempo se desfaz e o aceno desaparece.

E o pequeno barco de papel segue para dentro do oceano.

Estou à deriva de mim. Os caminhos se perdem. Minha sombra desapareceu. Sou uma mulher sem sombra. Uma mulher sem sombra não é nada. Minha sombra fugiu de meus sapatos sem rumo, como se eu não existisse. Tomou vida própria e foi viver sem minha presença. Acho que ela fez bem. Salvou-se de mim.

Sou uma mulher sem sombra num pequeno barco de papel. Sigo me guiando pelas estrelas. Vejo cinco luas cheias no céu, mas sei que nenhuma delas existe. Mas me guio pelas últimas estrelas, principalmente as cadentes, as que desaparecem para sempre. Menina cadê você?



Eu respondo: se você me vir em algum lugar, por favor me avise que preciso conversar algumas coisas comigos. São coisas sem importância nenhuma, mas preciso conversar comigo. Ando à minha procura. Se alguém me vir, por favor me avise. Da última vez que me vi eu vestia um casaco bege. Caminhava sem destino e levava um violão nas mãos. Quem souber de meu paradeiro por favor comunicar.




Eu não sei de mim!

...Vazio...

A gente vai vagando pelo mundo esperando tanto e não tendo nada e uma hora a gente acaba por não esperar nada pra não se frustar mais. Quando é o limite, em que a vida nos faz uma surpresa? Quando você está tão lúcido a ponto de conseguir reconhecer que a vida não está pregando uma peça?
Há tanta coisa que dói, um vazio imenso que fica depois das frustrações, depois que você resolve acreditar e vê que não era a hora ou quando você resolve desistir e descobre que estava quase lá e desistiu cedo.
Eu já não sei mais de que forma quero viver, por dentro sinto um vazio tão cheio de nada, uma confusão tão grande, não sei pra que lado eu vou, ando me sentindo um cachorro perdido no meio da multidão.
Não tá nada bom o que eu tô sentindo, nem música sai de minha tristeza, depois disso tudo é só silêncio. É acreditar que pessoas são increditáveis e passar a ver que você está se iludindo todo o tempo que cria uma expectativa de que pode ser diferente.
Nada é. Nem belas conversas longas, nem milhares de afinidades fazem algo mudar. Existe muito fogo, muita paixão, em belas palavras e sentimento de um carinho imediato mas isso tudo passa tão rápido quanto chegou.
Há ainda quem acredite, quem sonhe com tudo isso e ache que valha à pena, mas no meu caso, sinto que isso se resume à mim somente, pois não sou capaz de ver vingar uma semente da verdade que eu plantei.
Você tem estado aqui? Pra onde você foi que não posso mais sentir? Se calou há tanto tempo, não cuidou mais de mim, não me fez mais acreditar na luz do Sol que ia alegrar as manhãs, era o que você ia dizer se me visse chorando agora.
Ia dizer que não sairia do meu lado e eu ia ficar bem. E sabe? Se você estivesse aqui, eu já estaria tão bem, estaria tão feliz quanto eu pudesse descrever.
Sinto saudade, de tudo que vivemos juntas, eu e você. Felicidade, você foi pra mim o alguém mais querido que tive e te tive por tão pouco que mal pudemos conversar e você me ensinar mais sobre você.
Eu, vou caminhando por aí enquanto isso, por quanto tempo você ainda precisar pra aparecer denovo. Eu te espero, se você me prometer que minha esperança por mais que pareça em vão vai servir pra alguma coisa.
Tá quieto aqui, sabe?
Por favor volte.
Ao menos me dê um sinal de que você sabe o quanto preciso de você, de que sabe que no meu coração ficou só o vazio de quando você se foi.
De que sabe que agora todo o resto, é só silêncio.

domingo, 23 de agosto de 2009

...tema e teoria...

Fiquei sem tema, sem a letra certa pra começar a frase por alguns momentos de solidão, de vazio solitário dentro do meu eu. Me vi como um camaleão parado à frente de um arco-íris: confuso. Tudo confundia e dava voltas e tornos, contornos nas minhas linhas imaginárias, arestas tão ofuscantes que não permitiam ver a forma das coisas.
E tanto falei, questionei que nem vi passar o tema na minha frente, de bicicleta rodou, rodou, o parquinho, desceu a ladeira, numa bicicleta antiga, de rodas grandes e rodinhas, por que era um tema novo, que mal sabia andar ainda, tão pouco com suas perninhas, quanto mais com suas rodas grandes. E foi, passou e voltou. Aí eu reparei.
Reparei que há muito martelava em minha mente, algo que eu não sabia como expressar mas consegui reduzir há algumas poucas palavras claras. Falei, falei, falei e tudo o que eu falei foi querendo dizer sobre uma teoria que eu tenho, aqui comigo.
O quão longe está minha cabeça de meu coração? A ponto de regrar e riscar minhas possibilidades de ser feliz? Esse espaço, toda a distância entre os dois me fez um vazio, tão grande que me perco até bem mais que num labirinto e a confusão por não ter opção chega a ser maior do que se eu as tivesse.
E fica uma lacuna, palavras ressoando no eco, cheio de dúvidas pairando no ar.
Eu queria a certeza de que mesmo instável que fosse, como ao certo eu gosto, eu saberia onde ir. O que não suporto não é o medo das possibilidades, não é olhar pro futuro e ver um escuro sem nada pra me guiar, me incomoda é o fato de agora não sentir que mesmo sem orientação de como chegar, eu estaria indo para o lugar certo.Dói, de uma amargura desesperadora.

"Já li tudo. Já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito. E agora o que faço?"

Esse nó no peito e um engasgado na garganta. Me oriente ou me desoriente de vez, aperte o tal do stop ou ao menos me deixe em stand by enquanto não é seguro que eu vá, antes que eu mesma me jogue no forward. Coloque um ecstasy no meu café e me mate de loucura, faça algo ao extremo, mas faça. Me mostre os extremos, me mostre que você é capaz de chegar lá, talvez das minhas teorias e dúvidas, a minha incerteza de seus extremos seja a pior dor. Me mostre o ouro e o latão, a morte e o renascimento, quente e frio, você é capaz de sentir? De se ver? E ver dentro de você a bipolaridade, a loucura? Ela me domina, me fascina, não escrevo por que tenho amores lindos e mornos, por que minhas histórias são de Romeu e a coitadinha sofredora, não! Eu escrevo por que dentro do meu coração há um som rouco e tudo está grave, por que no meu corpo tem um vestido florido, minha insanidade toda e você. Você no meu corpo, você é capaz de entender a poesia do que não se pode ter? 
E é por eu ser maluca, que nunca sei qual a primeira letra que quero usar pra começar, mas sempre, depois da primeira vírgula me vejo exposta feito uma puta, desgrenhada, de maquiagem borrada e coração dilacerado.
Se sou ao menos capaz de enteder que nada faz sentido e que não tenho as respostas, ou as perguntas certas, me contento.
Assim é o amor. 
O tema, na teoria.
Assim é a dor.
A confusão, na prática.

sábado, 22 de agosto de 2009

Morrer de amor.

Eu me deitei e por uns segundos apenas estou fora do meu próprio corpo, parar um pouco no ar e olhar pra mim, eu preciso disso agora. Olhando bem, por um certo tempo começo a não perceber nada. Estranho, não era pra olhar pra mim mesma e perceber algo? Ao menos, algo. Qualquer coisa que seja falável, qualquer coisa que eu pudesse escrever aqui agora. E é isso, um grande buraco negro em minha mente, um momento de total apatia.
Eu estou assim, alí estatelada, olhando, olhando e não vejo absolutamente nada em mim, um grande vazio ocupou o ambiente e o lençol que descobre meus pés começa a não fazer sentido, se está frio. E se está frio por que não sinto? Minha expectativa se juntou à água das tulipas e fiquei alí nadando com os vermes daquele vaso, tentando entender onde foi que deixer de existir.
Em que momento eu morri dentro da sua caixa de veneração? Morri sufocada talvez ou fui tão venerada que você esqueceu de colocar meus morangos mofados pra me alimentar alí no meu potinho vermelho, na porta de ferro, na pequena janela de correr. Você talvez tenha esquecido de sustentar minha esperança e eu fiquei fraca, fui acabando, fui chegando ao fim, fui me desfazendo de mim mesma.
Sabe? Eu não sou um Hamister, me desculpe mas não sou sua experiência e vagando por aqui agora, gostaria de te lembrar sobre algo que há muito me esqueci, eu tenho alma. Alma esta que não sei se sou agora ou se meu espírito conviveu com ela ou ainda se agora sou espírito e convivi, mas tive uma alma que se despedaçou em migalhas de pão seco e os ratos comeram.
Ela acabou, assim como eu. Provavelmente nos acabamos juntas, provavelmente nós cortamos juntas à fita de chegada. E então foi isso. Morri de amor.

Morte que não existe, mas me apagou os dons, os sons e virei fél.
No céu há uma árvore colorida, com grama verde embaixo, sorte de quem morre e pode ir pra lá e ler Shakespeare na sombra. Eu não irei. Por que morri de amor. E a causa da minha morte causou minha desgraça, por que meu pecado foi tão grande que me tirou a vida e não me deixou ao menos arrepender por ter sentido isso.
Quis me arrepender de te amar, te odiar, te querer sentir, desejar todos os pecados carnais com você e não estar, não ter, não ser, alguém pra você. Não pude me arrepender da íra, da luxúria, da vaidade de ser seduzida por seus verdes. Não pude pedir clemência e explicar à Deus que eu não queria ser um filme nem queria as palavras de um script escritas em meu corpo e você me lendo, cada detalhe, ponto e vírgula em minha pele. Me lendo e se aprofundando no " conhecer-te à ti!"
Mas não me arrependi, não deu tempo, pois quando vi já tinha me perdido no beco mais escuro do Brooklin. Na noite dos amores, me perdi longe de casa pra ver se eu me encontrava longe de você. Nao sugeri ver seus traços em seus dentes, seu passado todo em cada fio de cabelo, não sugeri nem suspeitei te querer a menos de 10 centímetros, tão perto quanto dois corpos pudessem ocupar o mesmo espaço. Fui capaz de desejar a amargura de olhar pro céu sem saber por segundos  quem eu era e onde estava.
E tudo isso foi nesses segundos que sai do meu corpo e me vi sem mim. Não contemplarei olhos de fogo, nem cajados majestosos .Tão pouco visitarei cada quarto de tortura, suas lanças e espadas de dor. Me sinto mas leve agora e começo a pensar que entrei em alfa, sentindo sua beleza, suas flores, sentindo o veludo e o chocolate em você. Vivi nessas palavras, entre os segundos de minha loucura, todo o delírio de estar presa em seu controle, mal alimentada pelo seu coração por me sentir possuída pela sua carne. Desejei a morte, desejei com fúria a vida. Não quero viver ao seu lado se posso te ter dentro de mim. Quero pedir agora perdão à Deus, por cobiçar tão alto prêmio à minha inocente ganância, demais pra caber em  meu bolso, cheio de sonhos. 
Eu, pequei pegando um cigarro e meditando sobre esses 5 segundos que vivi, por que entre a morte e a nostalgia, descobri a paixão em meio as palavras, as frases sedentas por suor, cheiros e quadros.
Momento parados em minha mente, congelados como uma foto e música ao fundo. Não pude ouví-la, por que não prestava atenção à nada senão ao nada.
E do começo do coma até este instante, descobri que minha insanidade se resumi ao teu sexo e ao sublime momento de nos encontrarmos em outra dimensão, juntos. Não deu tempo de me arrepender e pedir perdão, por que quando senti meus pés esfriarem, você já estava me fazendo perder a conciência de quem eu era, onde estava e por que meus pensamentos tinham desaparecido.
Você me levou ao ápice de quem posso ser e agora me devolva. Por alguns momentos pensei nãote amar por que me fez sentir totalmente leve e livre das minhas angústias. Agora você acrescentou mais uma à todas elas. Então deixe-me aqui, pois esse momento não quero lembrar após o amanhecer, estou voltando à quem eu sou e sei que quem eu sou não tem nada a ver com você.
E tem algo que não deu tempo de dizer, pois eu tentei te distrair com tudo, com cada palavra que usei pra te confundir e preciso que você saiba antes de partir.
As flores que guardei pra você, eram de outra pessoa, as escondi pra poder te entregar sem ninguém saber. E de lá pra cá, desde quando guardei essas flores pra você, guardei juntos os espinhos, envenenados com a garantia de poder te matar se você não as quisesse ter. E foram eles que me fizeram sangrar agora, você pode ver em minhas mãos? E em segundos não serei mais eu, nua, despida de mim e de todas os meus conceitos, eu que agora estava tão viva e cheia de você, serei apenas um "apenas", jogado frio, duro, aqui nesta cama. Escolhi não te amar e meu coração não obedeceu. Se não posso viver com isso então agora posso ir pro inferno.
Agora que tenho tempo gostaria de perdão à Deus, por não mais pedir perdão por amar, mas não posso deixar de sentir o que não sei nem ao menos como começou e vou em paz e que o inferno seja o que me espera se preciso for, mas morro com a certeza de tudo e não mais do nada e digo apenas que agora eu morro feliz, por corajosamente morrer de amor.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

...Bela...

Uma bela canção, que me fala ao coração o que eu queria ter dito, encontrei você e mais além da vontade de não correr, a vontade de você me encontrar. Beijar-Flor voar, meu jardim te ter, os sonhos que não vão envelhecer nem ao menos te esquecer. O perfume da uma flor alegre, daquelas flores de primavera colorida, tarde neon, vitrola um simples som, bonitos tilin tin tons, bandolins, gotas na água de cristal, tin tons.
Vermelho buquê de rosas, cabelos compridos brilho de ser feliz, sorriso de longe tão perto, não era amor, uma simples canção pra te dizer a beleza de ser, não eram paixão as palavras rezando baixo sua curvas e seu jeito de olhar. Não se mexer, Beija-Flor no ar, enfim verão, tardou o fim da dor, de não ter por quem parar, de não ter atenção à prestar por nada merecer mais que um momento, não valer o que custar. 
Ganhei reparando mais, que um mistério havia em não te querer, a certeza de não tentar me envolver por saber que o rio não ia parar. A água que correr, agora já não importa mais, como se morrer fosse desaguar. Ah, deixa pra trás, as dúvidas de permancer e me deixar levar, na alta maré do entardecer. Quem fingiu que também não estava alí, fui eu. Mas deixa pra trás, deixa passar, se apagar-se não vai, esquecer não se quer, não sentir o que senti não dá mais, deixa ser. Deixa ir, seguir rio ao mar, encanto tal qual o sol a se pôr, o momento do seu beijo, de sentir seu desejo. Tempo a gente tem, foi o que ganhei, não esperando te encontrar, custe o que custar, guardar cada detalhe, como bela canção escrita pra te lembrar, me lembrar de você, nos sublimar.


...belo é o que há por trás de olhos, belo é o que é descrito sem palavras, é o que você faz com suas mãos com o que está entre elas...


domingo, 16 de agosto de 2009

Estranho

Eu não tô legal. Alguém me ajuda por favor?
Me ajuda a entender por que está tudo tão estranho, eu não entendo mais. Não quero fingir quem eu sou, nunca soube fazer isso, mas se eu mostrar tudo que está aqui dentro agora, todos vão se assustar. Sou outra, lembra da Isi sentimental? Ela foi pro Haiti e resolveu não voltar. Eu me sinto vazia, cheia de idéias, cheia de conceitos, cheia de tanta ideologia, de tanta teologia, de tanta pscologia, de tanta coisa inútil. Me tornei fria.
Não sou mais capaz de amar será? Uma pessoa que me faz os olhos brilharem de repente perde a graça, de repente me magoa e eu me canso da mesmisse dos sentimentos de hoje.
Cheguei num ponto que me cobro tanto e me tornei tão exigente com o meu coração, que não sei mais ser natural, ser apaixonada, ser viva, me contradigo completamente, pois até dias atrás eu falava sobre intensidade e não saber viver pela metade. Talvez eu não me contradiga tanto assim, por que não estou pela metade, estou totalmente desiludida.
Cansei tanto de procurar o amor, mas cansei tanto... Cansaço é uma palavra que anda perseguindo minha vida há uns dias e olha sinceramente, não gosto de nada disso. Não gosto de ser assim, mas nem ao menos estou forçando uma situação, eu simplesmente abandonei o barco por que perdi a vontade de remar. Perdi, e não a encontro mais.
Me deixa por um tempo, sozinha. Acho que preciso estar mais comigo, em contato com quem eu sou, por que aqui dentro dói muita coisa. Tenho lembranças tão rudes de um passado que me fez amadurecer e muito, porém me marcou a ponto de eu ter traumas do amor.
Eu queria que alguém entrasse em minha vida, pra virar tudo de ponta cabeça e me tirar dessa chateação toda. É fase? Ah, espero que seja, não quero ficar asim pra sempre. Eu era mais feliz quando via todo mundo lindo e bom, quando todos os corações eram coloridos pra mim.
Quando todos me enganavam e eu sofria por me decepcionar, mas pelo menos eu tinha alma. Espero pelo dia em que eu vou encontrar denovo arco-íris em todas as chuvas que eu ver. Meu coração ainda vai voltar a ser bobo e ingênuo, talvez seja melhor não me decepcionar com tanta facilidade, mas não sei viver tanto tempo sem a intensidade do amor, sem a beleza da paixão.

Sinto saudades, de mim.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Intensidade

Você é capaz de tomar um sorvete quente?
Você gosta de tomar café gelado?
Se é pra nadar que o sol esteja muito colorido, não?
E se é pra passar o fim de semana em casa por que está doente, então que o tempo colabore e fique bem chuvoso e com cara de tarde de filme.
Ninguém compra uma calça pela metade, nem come arroz duro ou sem estar temperado.
Ainda não conheci ninguém que gostasse de fogo que não queimasse, nem de água que não molhasse.
E é por que as coisas não são pela metade. Se nada é pela metade, como é possível quase viver ou quase morrer?
Quase sentir ou quase não ter. Quase é algo que tem apenas essa explicação: demonstrar algo que ainda não chegou lá, mas que tem que chegar.
Nada acaba sem ter terminado, nem chega no meio sem ter começado.
Eu não sou capaz de viver meus sentimentos pela metade, não sou capaz de me precaver pra não me envolver, de estar e não desejar, de olhar e não sugar a alma.
Preciso do louco, preciso do incoerente, preciso sentir, preciso tocar, tenho a necessidade de viver décadas em dias, de fazer textos em minutos, de me expressar em livros, de ganhar pessoas por um todo e se não for assim não me satisfaço por completo.
Nunca gostei de ter alguém quase que por inteiro ou quase não ter nada. Quero tudo. Ou nada. 8 ou 80. Danem-se os clichês, de quem fala da minha impulsividade, dos horóscopos que criticam as escorpianinas por serem assim, eu sempre fui conhecida por não passar vontade e não tenho do que reclamar.
Deito na cama sem ter perdido tempo, fecho meus olhos agradecendo por ter coragem e sei que poderia morrer agora por que tudo que fiz foi viver, se a vida é isso fiz jus ao que me deixaram fazer.
Queria apenas entender qual é a graça de não deixar sentir. Qual o prêmio de quem não deixa o sentimento tomar conta e consegue não se envolver com alguém. É uma vitória sair ileso da alegria? Ou é uma derrota sair machucado pela decepção? Decepção é uma palavra natural na minha vida e eu convivo bem melhor com ela do que com a palavra QUASE.
Fui, vi, sofri, vivi, senti, chorei, me machuquei, me decepcionei, me joguei no chão, me acabei, dormi, esqueci, xinguei, mas não virei as costas.
Não ignorei, não menosprezei, não deixei passar, não me arrependi.
E depois? Me levantei, lavei o rosto, passei maquiagem, fui cantar, dancei, me apaixonei, conheci, senti denovo, vivi denovo, abracei, beijei, fiz sexo, fiz amor, fiz as cores no meu céu, pintei um quadro da minha vida e sorri.
Não há nada nesse mundo que não passe e não mude. Não há nada nesse universo que seja insubstituível, não há ninguém nessa vida que seja tão bom assim, nem tão mal. Mas existem pessoas intensas, que resolveram viver custe o que custar e que não tem medo de assumir que dentro tem um coração, pulsante, errante, transparente, quente, vivo.
Não espere do meu olhar algo razo, eu quero ver seus ancestrais em seus olhos, decifrar todos os seus mistérios e suas glórias, suas falhas, suas vitórias. Quedo dissecar a alma, chegar no âmago de todas as suas palavras, entrar em sua mente de uma forma que você nunca vai me esquecer. Entrar eu seu coração de uma forma que você vá me odiar mortalmente ou me amar loucamente.
Não sou mais ou menos, não sou metade, não sou morna.
Não espere de mim algo que eu possa fazer melhor. Surpreenderei.
Não me diga como as coisas são. Eu encontrarei outras formas.
Não me mostre o que você tem, se orgulhando. Eu vou menosprezar seus poderes te mostrando o real valor da vida, por que eu sei que há muito mais além do seu carro. Existem pés descalços! Existe mato, terra, natureza. Existe mais além do que suas roupas de marca. Existe corpo, pele, nudez, toque, sensações. Existe mais além do que seus métodos. Existe inovação, existem surpresas, o inesperado, o misterioso, o interessante.
Não me venha com futilidades e sentimentos mesquinhos. Quero e tenho muito mais a oferecer.
Mas me diga como fazer. Por que procurei nessa vida todas as formas e quero quantas mais eu puder aprender, quero saber todos os caminhos, conhecer tudo profundamente, sentir tudo centímetro por centímetro na minha pele, por que uma única coisa de tudo isso não muda: quero a cada piscar de olhos, viver.

domingo, 26 de julho de 2009

Inverno

Tenho a dizer que me sinto num festival em Cannes. É tanto filme e pipoca que já nem me lembro mais do que é sair pra rua, curtir o verão na praça. Essa coisa aqui dentro que fica feliz com o frio que une as pessoas. Época de moleton e blusas de lã, de abraços fofinhos, macios, de corações solidários pra aquecer as noites frias de uma festa. Sem generalizar nem detalhar sobre sentimentos, amor e verdade. Sem citar nada disso falo apenas das sensações e estações.
É época de amigos unidos no fondue, no vinho e no conhaque, amores unidos nos abraços, nas cobertas, no calor dos corpos, pessoas com esperança de um verão longo e colorido, corações com emoções novas, é tempo de parar pra refletir.
Quando o inverno chega, todo o esforço que foi feito durante todas as outras 3 estações, tem que servir pra te sustentar nessa escuridão e frio. Nada é produtivo, nada que é feito, é feito com o mesmo ânimo de um dia de sol. Um dia de sol é raro.
Aprendi que o inverno de nossos corações é como o inverno das formigas. Trabalham, guardam seu alimento pros dias difíceis chegarem e quando eles chegarem, elas poderão se manter nutridas e fortes. Nutrido e forte? Um coração que sofreu tanto no verão como na primavera não teve tempo pra se preparar pro inverno. E quando ele chega, o que esse coração faz?
É o que o meu está aprendendo agora. Ao contrário de todas as maravilhas do inverno, que são superficiais e artificiais, a sensação de solidão e falta de esperança, não são agradáveis.
Esse tempo de ficar pensando na vida e vendo tudo que fiz, me incomoda de certa forma, por que depois que tudo acontece, que você se dói e tenta fazer a ferida estancar, você ainda precisa olhar pra tudo e pensar. Relembrar? Inverno é tempo de relembrar. Hoje estou olhando aqui pra dentro e vejo tudo tão seco, os galhinhos quebrados, não tem frutas, não tem flores, chão triste, frio.
Eu queria acabar esse texto com uma história feliz, mas dessa vez eu vou ter apenas que olhar e concordar que ainda não saí dessa.
A primavera vai chegar, não demora muito e tudo recomeça, isso passa, isso estanca de vez. Eu sei que em alguma hora eu serei capaz de entender tudo que está acontecendo, talvez tudo isso seja tão necessário agora quanto a minha própria felicidade.
Fases que vem e vão, momentos que nos amadurecem, nos fazem crescer mas antes usam so sofrimento para nos ensinar.
Estações que vem e vão, momentos de amadurecimento, de florescimento, de fortalecimento e de queda, que fazem a natureza sentir profundamente cada uma dessas fases pra completar o cliclo vital.
O inverno quando se vai, deixa as lições.

sábado, 25 de julho de 2009

...decepção e verdade...

Eu fui caminhando debaixo de chuva, molhada, com frio, andando e pensando, talvez um rumo em meu coração, talvez algum lugar em minha mente, talvez nada, às vezes uma certa certeza, ou uma idéia vaga da dúvida. E a chuva caia, pesada, triste, fria. Parecia cortar a pele com a sua tristeza, meus olhos estavam tão molhados quanto minha roupa, talvez a roupa tivesse sido molhada pelos meus olhos e nada fazia sentido. Eu não tinha o que seguir, lugar algum pra ir. Minha memória fazia lembrar momentos tão lindos e felizes, que agora eram vistos com olhos traídos, pesados, parecia que a verdade nunca havía existido, que somente a mentira era real e verdadeira.
No meu bolso um cigarro, um único cigarro molhado, minhas botinhas sujas de lama, pularam muitas poças, na mão uma garrafa de conhaque. E eu não queria sentar em algum banco e me perfumar de fracasso, eu não queria provar que o que eu via em mim era uma verdadeira mentira assim como meus olhos viram. E a vontade de te deixar me fazer bem ia crescendo, a necessidade do seu bom amor começava alegrar meu coração. Eu queria seguir com aquela garrafa na mão até chegar nos seus braços, queria usar aquilo pra nos aquecer, eu sabia que ia ficar quentinha no seu abraço, sabia que eu sairia de mim e esqueceria tudo quando eu colocasse minha cabeça no seu peito, de botinha eu ainda alcançaria seu ombro e ia deitar, chorar um pouco enquanto você estivesse fazendo carinho no meu cabelo.
Mas eu parei alí, de repente, cansei. Me sentei na calçada mesmo, desistindo perguntei à lua por que ela chorava, achei que só eu estava triste e se era por que as estrelas tinham à abandonado. Ela não me respondeu, fez um silêncio tão magoado e ela chorava, chorava com um sentimento de partir o coração, uma preocupação que não me fazia sentido e eu não queria deixá-la sozinha alí, me levantei pra mostrar pra ela as flores da pracinha e percebi que ela estava me seguindo atenta, fui andando, debaixo da insistente chuva e a lua continuava alí, foi quando eu entendi que eu não estava sozinha pois ela mesma estava alí o tempo todo só não tinha dado atenção, mas ela não me respondia, tão quieta estava, eu acabei me sentindo desprezada, pedi desculpas e disse que seguiria ao seu lado apenas em silêncio.
Talvez isso tenha acontecido com ela, alguém silenciou quando ela quis falar e ela decidiu desistir e calar, mas foi mais simples assim, já era a segunda vez que eu estava a falar com alguém que parecia não me ouvir naquela noite, apenas tomei coragem e voltei a seguir rumo à sua porta.
Cheia de sonhos em meu outro bolso, fui rumo ao que eu nem sabia se realmente existia, o que era real então? Eu não plantei essa decepção em meu peito, apenas calculei errado minhas necessidades, achando que eu precisava de menos, quando o que eu queria já era quase lenda nos corações. Mas, você ainda era uma certeza pra mim, não? Você ainda era algo que eu podia acreditar, você ainda era minha esperança.
Era sim, minha força, a minha única paz e quando me dei conta eu corria, com as botinhas chutando o chão e as pedrinhas, eu fui perseguindo o arco-íris em mim que me levava até você.
Meus olhos quase nem viam ao certo, tão confusa era a mente, mas foi quando eu vi, eu vi você e sabia quem era por que brilhava! Aí a lua sorriu. Eu não entendi por que e você me contou com suas palavras sempre doces, que tinha pedido pra ela me olhar sem se distrair, pra me levar até você não importasse o que eu dissesse, pra se calar se preciso fosse pra eu não conversar e parar no meio do caminho e ela te disse, que só voltaria à sorrir quando a minha alma cheia de dor tivesse alegria novamente. E quando eu te vi meu amor, esqueci tudo, tanta dor nem fazia mais sentido tamanha a certeza de que a verdade ainda existia e ela era O MEU AMOR POR VOCÊ!
E a lua pode sorrir novamente e eu pude ter a paz, nos braços do seu abraço. Não valeria tanto o cansaço e a coragem de acreditar no amor, não fosse você fazer isso ser real em mim. E tudo fez sentido, fez morada e fez abrigo, me aqueci de amor e alegria por estar alí e nessa noite entendi de verdade que o que mais importa não está nos olhos e sim na alma. Você me ensinou, você me salvou!