terça-feira, 7 de julho de 2009

Todas as estações

Eu gostaria de não ter motivo pra escrever sobre você, de não ter nem ao menos inspiração para gaguejar, mais gaguejo por todas as lembranças que tenho de cada momento quando te tive próximo à mim. São poucos, todos eles são poucos, pequena parte de tudo que podia ser e de tudo que realmente é. 
Hoje eu me senti perdida num campo imenso, sozinha, sem eira nem beira, nem ter nenhum galho pra me segurar, com uma ventania escura e chuvosa. Me isolei em meio à tempestade quando olhei aquele campo verde e acreditei que seria seguro estar alí, que seria seguro acreditar nos seus olhos, seria sereno te admirar, que seria próprio te desejar em meu mundo, quando o seu estava tão doente. Eu vivi todas as quatro estações de um ano em apenas alguns segundos, nos braços do seu abraço.
Tropecei, caí dentro de você e sinceramente foi apenas um detalhe tão embaraçoso quanto todo o resto que eu poderia dizer. Por favor não vá, não fuja do verão, ele pode aquecer seu coração mais frio e triste que o inverno. Deixe passar a tempestade, deixe as cores voltarem.
Eu sei que é tão melancólico o jeito que eu deslizo por sua pele tão amargurada, te segurando pelas mãos, te pedindo pra ficar, mas quero te pedir pra continuar lutando e acreditando em tudo que vai chegar no fim da tarde. Eu sei que uma hora a chuva vai passar, dentro de mim, dentro de você. Vamos apenas caminhar pela grama molhada, como nossos sapatos pesados, tentaremos correr e ainda vai ser difícil, mas andando mesmo que devagar chegaremos à velha casa de madeira.
Sente aqui, eu vou te cobrir com essa coberta, por favor respire, por favor sorria, por favor. Olhe pra mim, segure as minhas mãos, não desista agora que eu estou aqui, agora que posso te provar o contrário.
É tão escuro e eu estou tão tonta, não existe um lar para hoje, por hoje não há para onde voltar, não poderei correr eu simplesmente vou ter que enfrentar meus medos, meu amores. Esse sentimento imortal que não me deixa viver, é algo que me possui por completo, que usa todo meu ser contra mim mesma.
Agora sou eu quem quer estar, quero apenas ficar, me deixe só.
Não há uma esperança para o amanhã e mesmo assim o hoje não apaga essa figura que tenho de você, contudo o que vi ontem que ouvi susurrarem aos meus ouvidos, sobre suas angústias e seus erros, ainda assim te quero feliz, ainda assim te quero aqui.
Mas vá embora, não posso te ajudar. Vá pra longe e leve os cacos de vidro pra eu não me cortar chorando por mim. Vou me deitar, descansar se puder me esquecer de tudo isso, me desligar de um mundo ao qual não pertenço e não posso mudar.
Vou parar de idealizar, te idealizar perfeito pra mim. Não posso ser pra você tudo que dissimuladamente você é em minha imaginação. Não posso ser seu amor, pois agora você não sabe o que é amar.
Queria tanto te curar, queria tanto tirar esse veneno de suas veias e fazer você abrir os olhos, fazer você sair dessa caixa de fantoches e te ensinar a voar.
Acorde, por favor me diga que você vai abrir os olhos. Não morra, não viva tentando morrer a cada dia, não se esconda atrás dos seus olhos. Ainda posso te ver.

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