terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fechando os olhos.

Dizem que quando o escritor está com fome, ele se expressa melhor. Eu terminei um pedaço suculento de lasanha 4 queijos há uns 5 minutos, talvez menos.Noite de São Paulo, jantar tradicional, lasanha, congelada. Assim como os Miojos, China In Box, pizzas... Fiquei inexpressiva; ou como dizem os paulistas depois de comer muito: chateada. Pra ser sincera, eu queria qualquer desculpa pra começar já me enrolando, com as palavras pulando na minha cabeça.
Ele me deixou perplexa. Me deixou, perplexa. Eu abri os olhos com a sensação de ver aqueles olhos negros, pequenos e aquela barba, tão negra quanto os olhos. Não tinha ninguém.
Uma sensação de ter sido deixada, apesar de saber o motivo. Fez falta pra carne, pra pele, pro nariz, pro ouvido. Me fez falta pro corpo todo. É verdade que eu não imaginava. Eu seria hipócrita ao dizer que desconfiei.
Ele foi me dando a droga, eu fui caindo num mundo que pensei ser o meu, me viciando nele. Era ele, ele fez todas essas últimas palavras em mim, ele que fez essa cor no meu mundo agora. Eu queria sentir o que era toda aquela poesia dentro de mim. É tudo vermelho, laranja, é quente, como a noite de ontem, noite vermelha e laranja, é apaixonado, apaixonante. A noite de ontem. Ele passava as mãos em minha pele e eu sentia como se minha pele fosse veludo. Velvet, ele disse. O clima, assim como tudo que nos envolve desde de sempre, era de poesia. E ele me beijou. Devia ser o vinho, me fazendo imaginar coisas. Tenho a sensação de ainda sentir o jeito como nos abraçamos, tão cheios de curvas, querendo nos encaixar sem frestas, como se fossemos quebra-cabeça e pudessemos formar um só. Uma sensação eterna, me lembro bem. Ele me beijou a testa, acabo de me lembrar. Flashs, muita coisa se perdeu no meio da loucura daquele instante. Eu me lembro de pensar: preciso lembrar amanhã, não posso esquecer nenhum detalhe, não posso perder esse gosto na boca. E por horas, como se fossem mesmo muitas horas, ficamos alí, juntos, sendo, apenas sendo.
Eu sei que eu o vi usando meu corpo pra acomodar o sono, quando me abraçou, se deitou em mim e nos deixamos. Foi lindo. Os olhos fechados, como um menino cansado de brincar o dia todo. Ele me deixou. Eu dormi com a sensação de que minha noite não terminaria jamais, naquele dia e nos outros também. Acordei, tentando me lembrar em que parte do sonho eu acordei e tentei voltar a sonhar. Ninguém recita o que quer que seja quando faz amor, ninguém mantém no olhar o jeito de menino quando quer prazer, ninguém sabe fazer carinho, dar intensidade e te mexer a cabeça, como ele faz. Ele é um conto, uma lenda dessas que falam sobre os cavaleiros sensuais, bonitões, boa pinta que ficam com a princesinha das tranças loiras. Ele é mesmo um tipão, como diria minha tia - descolada
Ele me inspira.
Não é o tipo de cara que eu namoraria, entende? Ele é muito livre, eu acho isso muito moderno. Sou brega. E ele é muito bonito. Homem bonito demais, inteligente demais, com lábia demais, dá dor de cabeça.
Ele é leonino, é verdade, tem esse detalhe. Leonino original, daqueles que sabemos antes do cara falar. Me escreve pra sugar por dentro, eu duvido que não tenha maldade naquelas palavras, querendo me roubar a alma. Eu quase dei. Não dei por que ainda resta serenidade, experiência e atitude de bichinha medrosa. É ótimo ser Maria Medrosa pro amor, a gente não sofre, não dá tempo. Quando pensa que vai sofrer já sai correndo sem olhar pra trás. Não sofre. Mas também não vive. Sorte minha ter sido apenas sonho, se esse homem existisse na vida real eu poderia agora estar perdida, de ponta-cabeça.
Sorte, por que se um desses me aparece na frente, agarro e não quero soltar nunca mais.

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