terça-feira, 28 de agosto de 2012

Só.

Ela imaginava a vida lá pelos 40. Não aquela coisa com meta, como devia ser, mas se via no futuro como quem se via num espelho. Nessas noites solitárias de São Paulo, andava por seus pensamentos com um copo de vinho na mão, alguma coisa pra rabiscar e talvez um nome que emoldurava todo seu rosto: escritora, cantora, empresária...ou qualquer dessas profissões onde uma mulher bem sucedida, acaba se tornando uma pessoa sozinha. Ela associava tudo à solidão. Lá no fundo, deve ser esse mesmo seu maior medo, o de ser rejeitada, ou talvez enloquecer com esse monte de pensamentos irracionais sem nunca ser compreendida. Essa menina, tinha ainda nos pés chinelos coloridos; tinha em seu jeito doçura e malandragem; cantava como um pássaro em sua primeira primavera, mas seus olhos estavam ficando vazios. Quantas pessoas no mundo pensariam como ela? Quantos seres humanos, homens, mulheres, ainda tem o desejo pela cumplicidade, pela amizade, pelo companheirismo? Quantas pessoas ainda restam nesse mundo, que não se converteram ao individualismo, ao egoismo ou trocaram um momento de intimidade, risadas e amor com alguém, por coisas e situações que aos olhos do mundo hoje, é mais importante? Quantas pessoas ainda tem sensibilidade? Quantas podem olhar no fundo dos olhos de alguém que está angustiado ou só, e podem realmente ver aquela luz se apagando? As esperanças dela se acabavam, quanto mais acreditava e se frustava, mais ela desistia de tentar... Talvez, essa menina que não tinha visto a vida além dos 40, já houvesse visto demais até seus 20 e poucos e já pudesse ver o rumo que o sentimento do mundo tomou. É ruim andar de mãos dadas sozinho, é difícil amar por alguém e o pior de tudo, que decreta o ponto final de qualquer esperança é tentar viver numa solidão à dois. Se é pra ser solitário, viver por um só faz do sofrimento coisa bem menor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário