sábado, 6 de março de 2010

Você

Você era tudo o que faltava pra mim, quando você apareceu fez tudo ficar em paz. Você é o único que tira o peso das minhas costas e me faz sentir leve, como se nada mais pesasse e pudesse me deixar pra baixo. Você faz a diferença e o sentido que eu precisava pra minha excentricidade. É você quem hoje me faz encher as bochechas com um sorriso largo e os olhos com um brilho feliz, é você quem hoje eu posso chamar de meu igual, meu complemento, é você quem hoje eu chamo de essencial.

terça-feira, 2 de março de 2010

Uma nota.

Você é uma nota de carinho, tem notas dos perfumes mais doces e delicados, nota das canções gostosas de ouvir. Você é uma bossa-nova, é um blues e um jazz que descansam a alma. Nós dois somos fá e sol, acordes que se completam pra fazer uma trilha sonora de uma história de 4 estações, do longe e do perto, da distância curta dos nossos corações, da minha voz e das suas canções. Uma brisa do mar, a sombra com cheiro de laranjas, noite de estrelas brilhantes, como nossos olhos. Juntos somos a fotografia da palavra amor.

Bom pra mim.

Eu queria mesmo é que você soubesse, que fiquei cheia de palavras. Eu as perco, geralmente roubam de mim, me calam com pensamentos e agora são tantos que nem cabem e saem, e voam, me rondam, palavras. Sentimentozinho engraçado esse. Aquilo que é um tipo de paixão nova, que é um carinhozinho e uma sensação tranqüila de algo bonito. Claro pra mim e claro pra você, como espelhos que somos, não nos enganamos. Coisa sem medo, sem futuro maldoso, sem essa de pisar em ovos, mas pisar com vontade na beira de um lago e mergulhar com a certeza de uma volta que lavou a alma, refrescou o ser e deixou a brisa do verão na pele e no coração.

Canção bonita.

A gente tem a terrível mania da intensidade, do extremismo, da profundidade e da insanidade. Tenta de tudo que pode, pra sentir rente à pele e não deixar passar desapercebido cada momento. E pontos pra quem faz isso! É realmente uma ótima forma de se aproveitar a vida de verdade, só que, há uma outra forma de aproveitar sem ter que arriscar toda sua paz. Procurar pela leveza.
Procurar por momentos leves, por sentimentos leves, por situações que tragam uma lembrança de sorriso largo, de olho brilhante, de paz no coração. Procurar e deixar estar, momentos de tranqüilidade, sem pressa, sem ansiedade, sem medo, apenas felizes.
Nós não gostamos do equilíbrio, pois como de fato ele sugere, é o meio termo entre tudo que podemos sentir e parece morno, mas não é!
Vivi intensamente tudo até agora e arrisquei minhas noites de sono e meu feliz diário, pra experimentar palavras que me fizessem sentir mais que uma paz engraçadinha. E hoje, eu percebi que essa paz engraçadinha é muito gostosa!
Como é bom ter alguém leve com você, alguém leve na sua vida, quando você está leve.
Alguém que com sua leveza te leve à felicidade.
Eu senti naquele dia, quando nossas almas se encontraram e eu esqueci tudo que estava a minha volta e isso não é comum, como nada entre nós é! Nós somos feitos de música e de todas as notas do mundo, os nossos corações conversaram desde o primeiro olhar e se reconheceram depois de todo esse tempo que se procuraram, nós fizemos amor parados alí frente à frente, apenas nos enxergando dentro dos olhos do outro, fizemos nosso tipo de amor em nós e nos demos naquele dia. Tão leve, tão simples, sem exageros, o nosso amor que não sabíamos nem que existia, por que ainda não havíamos sentido. Eu senti e agora sei que senti, que existe o amor à primeira vista, que existe arrepio ao reconhecer o cheiro que faltava, que existe certeza ao ouvir quanto somos iguais, que existe música no nosso silêncio.
Quando tudo se calou e só o que eu ouvia era sua voz, e quando sua voz se calou e tudo que eu ouvi foi o nosso sorriso silencioso, eu percebi a felicidade.
Você é leve, é tão leve quanto meu sonho, e tão sonho quanto a leveza de um olhar, é inspiração pros meus ouvidos, é minha música favorita. Era você que faltava pra dar sentido à todas àquelas linhas desconexas que falavam de nós. Você é minha trilha sonora, a única que cabe nos meus 5 minutos de vida perfeitamente, como se tivesse sido feita pensando em cada detalhe de quem eu sou e especialmente pra mim!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sentimento Leve

Bom dia coração!

E a semana começa diferente, leve, feliz.
Acordar de bem consigo é incomparável à qualquer coisa boa que possa acontecer, acordar com o coração feliz, com a cabeça tranqüila, com um sorriso no rosto.
Ah, que sensação boa de paz, de pisar na areia da praia e ver as ondas, um sol lindo, lindo, lindo. Os cachorrinhos correndo, criançada fazendo castelinho, as senhoras andando de manhã, sair da barraca, ver a paisagem, um horizonte sem fim, belezas sem igual.
Eu só levantei da cama, mas é essa a sensação que eu tenho. Vitalidade, revigoração.
Algo novo e tão bom que não sei nem explicar e na verdade mesmo que soubesse não quero! Quero é esse ar de mistério, de dúvida da bondade, de esperança e surpresa.


Aqui dentro, uma coisinha começou a fazer sentido. De toda minha procura, todo tempo de espera, de questionamentos e instabilidades, parece que encontrei algo com lógica. Algo ou alguém que tem feito as coisas terem tanto sentido, as palavras terem tanta forma, quando eu idealizava. Bom, isso é bom! Me faz bem sentir essa certa confiança, essa leveza. Como eu ando gostando dessa palavra. Leveza. Delícia dizer isso! Nossa é tão bom, me deixa eufórica.
Mas é tão linda a transparência, a independência. O querer sem querer, estar querendo estar, o ir e o deixar. Sei lá. É ótimo pensar que não há pressa, não há pressão. Questionamentos e cobranças desnecessárias à liberdade. Ah, eu vou lá fora ver mais um pouco do nascer do sol, isso tá muito lindo. Depois eu volto às palavras, por que nem tenho tantas agora pra explicar essa explosão de letras aqui dentro!


Com carinho e felicidade,

Isy!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Se você soubesse - parte 2

Aí ele disse:


Ah menina, se você soubesse... se soubesse de tanta coisa que eu gostaria de te falar... falar que, não, eu não fiz as pazes com meu diário... afinal, eu nunca tive um... mas sim fiz as pazes comigo mesmo. Soubesse que hoje eu ainda não fui durmir por que de alguma maneira eu ainda não aceitei nem mesmo me conformei que a noite acabou assim e não tenho você comigo aqui nos meus braços.

Ai, se você soubesse... de tudo que passava na minha cabeça enquanto assistia você cantar... assistindo você cantar letras românticas, imaginando e desejando que naquela “frase perfeita” daquela música, aliás, de tantas músicas, talvez seus olhos estivessem fechados pensando em mim. Essa noite eu “percebi” o quanto eu gosto de estar com você e o quanto tenho orgulho de poder estar com você.Ah, se você soubesse da vontade alucinada que tive de te pegar nos braços, beijar, beijar e beijar enquanto ficava ali te vendo. Dizem até que eu estava meio babão e desligado, mas eu duvido! Não vi nada disso acontecer!

Ah, se você soubesse o quanto todos esses dias tem me tornado uma pessoa mais feliz, mesmo que ainda muitas vezes eu pare e pense que em breve você pode não estar mais sequer perto daqui. Mas não, eu não sofro por antecedência, e talvez por isso ainda pareço às vezes “anti-social”. Ah, se você soubesse o quanto tenho dúvidas a respeito de nós, dúvidas sobre sua vontade, seus desejos. Às vezes não sinto confiança. A dúvida é o preço da pureza, ter certeza é inútil.

Menina! O que é certeza é que de alguma forma você me faz bem. Seu sorriso lindo, seus olhos verdes perfeitos, sua inteligência, seu talento pra acabar com o sentimento de solidão, com o qual inclusive eu estava não aprendendo a lidar, mas sim ignorar. Mas ninguém consegue fazer isso por muito tempo.

Não sou tatuado, não tenho piercing e muito menos cabelo comprido. Não sei por que resolveu gostar de mim, mas eu gosto. Ainda me emociono com cada palavra que você se referiu ao dia que me viu, me viu de verdade. Leio e releio cada post de seu blog custando a acreditar que aquelas palavras são pra mim. há muito tempo não sabia o que era ser admirado.
Ah menina! Se você soubesse. Obrigado por tudo, tenho tanta coisa pra contar, falar, perguntar... São quase 5h55 da manhã, não quero mais escrever...



E a menina se olhou no espelho e se sentiu denovo, um camaleão em frente à um arco-íris.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Escolhas

As fases que nós passamos, se tornam sempre experiências, degrais que usamos pra crescer na vida e aprender com nossas escolhas.
Tiveram fases na minha vida que eu escolhia entre a o leite com Nescau e o leite com Nesquik, entre o Pica-Pau e o Castelo Rá-Tim-Bum, entre sentar com a Regina ou sentar com a Fernanda na escola, entre ir jogar bola ou brincar com bonécas.
Depois comecei a escolher entre natação e ginástica olímpica, inglês e espanhol, entre o Guilherme e o Vitor, entre ir no cinema ou no Tutti-Frutti.
E eu cresci, escolhi empregos, escolhi amizades, escolhi atitudes, escolhi palavras, escolhi entre sonho e realidade, entre certo ou incerto, entre maconha e Malboro, entre vódca e cerveja, entre rock e pop, entre direitos e deveres.
Hoje, eu parei pra pensar e estou pensando, ao longo da noite, ao longo da tarde, ao longo dos dias, que talvez agora, eu tenha me deparado com a escolha mais difícil da minha vida. As pessoas que eu amo, ou o meu futuro garantido?
Eu comecei a colocar as características de cada escolha numa balança e não cheguei à conclusão alguma.
É uma fase de muita dúvida, de muito questionamento, de muitas pequenas escolhas que farão uma escolha definitiva e maior.
Minha vida esteve em uma fase de reconstrução e hoje talvez eu tenha chego no porto seguro de tudo isso, porém e agora?
E agora que eu acho que estou bem, que tenho calma, consciência, que tenho tranqüilidade e certezas, agora que adquiri tudo isso, vem a vida e me puxa o tapete.
O meu coração andou se sentindo seguro e ele faria uma escolha nesse momento sem medo de errar, por alguém. Mas como escolher entre alguém e eu mesma? Não posso... Essa é uma escolha que não posso fazer. Talvez isso vá me doer mais do que todo esse tempo em que eu estive esperando pra tudo se resolver.
Queria tanto poder dizer, que ia ser diferente agora, que dessa vez as coisas iam dar certo e eu não ia mais ter que renegar aquilo que pode me fazer feliz, por minhas escolhas. Minhas escolhas.
Escolher o amor? Escolher tentar construir uma carreira? Qual das escolhas se parece mais com ESCOLHER SER FELIZ?

Se você soubesse

Ah menino, se você soubesse! Se você soubesse que eu fiz as pazes com meu diário, com os filmes de comédia romântica, com as palavras e os olhares por sua causa...
Ah! Se você soubesse quanto você coloriu esses meu últimos dias. Foi por sua causa que eu coloquei uma flor no cabelo, coisa que eu não sabia nem que eu fazia, mas eu fiz! Eu fiz a flor, fiz as palavras, fiz as pazes!
E sabe o que mais você fez? Você revirou a poeira, daquelas coisas que ficaram guardadas por um tempo e quietinhas num canto pra ninguém mexer. Meu coração e meus dias estavam monótonos, mas hoje eu não dormi!
E não dormi, mas não por pensar no que não anda acontecendo e por não gostar de como tudo tem sido, pelo contrário, você é meu herói, você me salvou da chatisse e das coisas sem graças que me perseguiam.
Você é meu herói sabia? Eu queria tanto te agradecer por essa noite mal dormida, se você soubesse...
Minhas noites tem tido gosto de nada, um gosto de nada infestado na minha boca, mas essa noite não! Essa noite eu senti gosto de fruta, de doce, de maçã do amor, de chocolate! Se você soubesse que é você...
Tá tudo tão colorido, com a mesma graça de um algodão doce, dos bichinhos e desenhos malucos que a gente vê em nuvens quando está apaixonado, aquele cheiro de passeio no parque, aquela sensação de coisa crocante e gostosa.
Eu lembro agora de quando te vi, de quando te vi de verdade, alí na minha frente e não pude parar de olhar. Olhei como quem quer saber quem você é, pelo seu cheiro, como quem quer ver seus ancestrais em sua pele, como quem quer saber seus traços e passos em seu sorriso. E eu tentei ir à fundo, de uma forma que não te esqueci, que fechei os olhos pra cantar, que imaginei você alí, até que pude abrir com a certeza de te ver, e eu te vi denovo.
E foi a segunda vez, no mesmo dia, segunda vez que te vi e você não sabe que eu te vi, não sabe como eu te vi, mas se você soubesse...
Ninguém se apaixona por outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. Foi o que disse Arnaldo... de fato, não sei suas qualidades, mas se você soubesse, como salvou minha noite, meu dia, meu sorriso.
E você sabe, não sabe?

"O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais.
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim."


Então, o que aconteceu? Ah se você soubesse, eu ia querer demais que me contasse! Mas foi você, que fez a tal reviravolta, que fez minha péssima noite de sono, que fez meu sorriso começar logo cedo!

Dúvidas

Não é nada usual, mas também não é o extremo do estranho. Essa noite eu não consegui dormir, agora são 06:20 e eu preciso escrever o monte de palavras engasgadas no meu coração.
Talvez um yoga agora ajudasse pra eu me centrar, mas não tenho a coragem suficiente de abandonar as palavras que eu cultivei a madrugada toda, pra tentar simplesmente, esquecê-las.
Eu não sei ao certo do que eu quero falar. Acho que eu quero falar do amor e de como eu tenho me sentido sozinha ultimamente.
Eu tenho tentado não levar em conta nenhuma das coisas que vivi nesse ano que passei, a não ser pela parte dura do aprendizado, e essa parte dura do aprendizado posso chamar de "lembrança triste". Hoje, depois de tanta coisa, consigo olhar com olhos menos pesados pra tudo aquilo, pras decepções, pras lágrimas, pras brigas, pras frustrações e pra todas as coisas que me fizeram entrar no período que estou vivendo, de me fechar, pra apenas observar e pensar sobre tudo.
Já faz um tempo que eu me fechei no meu mundo, onde ninguém podia entrar, onde ninguém mais me conheceria com tanta facilidade. Vi nas pessoas muita maldade, andei me sentindo um bebê inocente e um adulto bobo. E, não que eu queria deixar de ser assim, mas tomei a decisão de não deixar as pessoas saberem mais quem eu sou. Quando foi preciso jogar, joguei. Quando foi preciso ser indiferente, eu fui. Quando precisei mentir, menti. Quando precisei fugir, fugi. E estou fazendo isso há tanto tempo, que eu me pergunto: até quando? Por que agora, eu cansei.
Essa noite, eu fiquei pensando em como seria bom deixar alguém saber quem eu sou. Acho que já me permiti a fase do silêncio e do aprendizado pelo tempo suficiente, afastei tantas pessoas de mim com isso, pessoas que me faziam mal, que queriam de mim o que eu não seria capaz de dar e sinceramente essa é a única causa pela qual eu posso lutar, com a certeza de estar fazendo o certo.
Minha felicidade, minha verdadeira felicidade, e ela não é mais do que estar com amigos verdadeiros, pessoas verdadeiras que tenham um amor verdadeiro por mim.
Onde eu quis chegar com tudo isso? Ando me sentindo sozinha, demais...
Perdi amores por que achei que podiam me machucar, perdi amigos por que não queriam o que eu tinha de amizade pra oferecer, perdi tantas pessoas, por escolher, selecionar, me proteger, tanta gente, que fiquei sozinha.
E só reclamo, por me sentir sozinha realmente. Dá uma dorzinha no coração, dá um aperto no peito, dá um nó na garganta, mas eu sei que isso foi o certo. Isso talvez, seja o que mais me dói: eu sei que foi o certo. Entende?
Estou sozinha e sei que vou ter que continuar assim... mas eu queria poder falar, o quanto isso dói, o quanto eu queria voltar à confiar nas pessoas, o quanto eu queria alguém pra olhar no fundo dos olhos e sentir paz. Agora já nem falo de amizade mais, falo mesmo é de alguém pra estar ao meu lado. Alguns amigos, estão conquistando seu lugar de confiança, mas ainda não apareceu alguém que possa ocupar denovo "aquele lugar" no meu coração.
Eu não sei por quanto tempo ainda vou ter que esperar, mas depois de tudo isso que passei, e da solidão que andei sentindo, fiquei forte. Não sinto mais necessidade de acabar com isso, só acho que a vida podia começar a ser legal comigo.
Eu não queria estar reclamando aqui, mas há dias tenho me sentido triste, estressada e não gosto de descontar isso em ninguém, então, acho que é o único lugar onde eu posso falar sem incomodar.
Eu tô legal, tô sim, se não tô agora, ao menos sei que vou ficar, mas estou cheia dos por quês...
Espero de coração que as coisas comecem a se tornar mais compreensíveis pra mim, por que ando querendo poesias pra escrever, não quero mais que minhas palavras fiquem assim, sem sal, nem açúcar, nem nada que valha a pena olhar...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Desconexo

Ele tem aquele sorriso e nada disso faz sentido algum pra mim. Não faz sentido o quanto eu quero que o tempo não passe, o quanto eu quero que o tempo corra. Nada tem feito sentido.
Eu já o tinha visto, mas nunca o enxerguei. E ele não foi a primeira pessoa que eu vi, mas quando eu vi, foi o primeiro da noite e de todo o resto.
E não faz sentido.
Não faz sentido o que eu tenho sentido, uma sensação de estar perdendo o controle, mesmo sabendo que não estou. Leve, bem leve é como eu poderia descrever meu agora.
Se for pra descrever, a sensação é parecida a de ter encontrado a diferença, o equilíbrio entre as coisas. Entre o que não existe mais num coração e num olhar e o que tem de sobra nas pessoas que confundem o que é o amor.
Ele é o meu equilíbrio, a minha eterna razão do agora, aquilo que eu vivo a cada semana intensamente, o nome que eu ouço e levanto os olhos à procura, à procura do que não faz sentido.
Não faz sentido explicar também, o que não faço idéia do que seja, mas sei que agora é! Eu sei. E disso a gente sabe, sabe como quando a gente olha pra uma rede na varanda depois do almoço e sabe que é aquilo que a gente realmente quer.
Não faz sentido, eu não sei explicar, mas eu realmente sei que quero. E sei por tudo que ele é, por tudo que ele não é, pelo muito que eu desconheço e pelo pouco que eu já decifrei, pelo nada que eu realmente estou certa e pelas milhares de dúvidas que tenho o direito de ter.
Mas eu quero, tenho querido e quererei enquanto não fizer sentido... e que não faça, pois enquanto for assim, terei boas razões pra ainda o querer.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O dia que Júpiter encontrou Saturno

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida Poncho & Conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

The Greatest

Dai um play na Cat Power, The Greatest, que não tem nada a ver com o que eu vou falar, mas o título é significativo. Quero falar do meu melhor que aconteceu esse ano. Tudo está acabando, daqui alguns dias é o fim, de todo crescimento, sofrimento, amadurecimento que passei, e de tudo isso meu melhor foi você. O sentimento mais sincero que vivi comigo mesma.
Eu estava no melhor cigarro da minha vida agora lá fora, mas eu não via a hora de acabar pra poder vir falar tudo isso que eu estou pensando. Aqui em casa eu escuto o barulho do mar e entre outras coisas, o mar é algo que me faz lembrar você.
Sabe, desde quando eu ouvi o barulho do mar pela primeira vez com você, você não foi um grande motivo de meus pensamentos, não até agora, mas agora lembrei e pensei.
Você não vai ser meu, eu não vou ser sua, mas quando estamos juntos, nos pertencemos de uma forma que nunca vi outros pertencentes assim.
E é isso o melhor de mim.
Lembro de cada detalhe, de cada carinho, cada palavra, de caminhar de mãos dadas na areia, de ver estrelas, de estar abraçada com você, da sua massagem, do cafuné de sobrancelha, da música do cd no carro, do nosso cafofo que a gente construiu totalmente errado, desavisados que somos, alí descobri que eu não tenho nada de campista, e você deve ter dormido nas aulas do exército, mas foi tudo tão bom quanto a gente imagina que podia ter sido.
Não podia ser melhor, de fato não podia. Não existia um por que de ser melhor, nem uma forma de melhorar cada segundo.
Acho que você não sabe, como nunca ninguém sabe, que eu poderia falar isso. Quase ninguém desconfia dos textos que eu escrevo, e você muito menos. É que isso fica pra quando eu estou inspirada e hoje, é daquelas noites inspiradoras.
Meu pai já levantou, fez café, cheirinho de manhã, eu fui lá fora fumar mais um cigarro com ele, começou a chover.
A chuva também me lembrou você.
Me lembrou da manhã seguinte...
Desde o convite, até te ver tão louco quanto eu, torcendo pra que isso desse certo, até nossas músicas no carro, cada detalhe das palhaçadas, nosso sorriso imenso ao ver aquela imensidão de água denovo, nosso momento de nos renovar, juntos. Nossa escolha de cenário, os planos pra tudo aquilo, as piscinas de madrugada, a bagunça da manhã, o mergulho noturno, sendo atropelada por ondas duas vezes maior que eu... e o que não é maior que eu? Você me jogando na areia, depois me tirando de cavalinho da água. As estrelas, o momento, seu abraço, nosso carinho, dormir de mãos dadas. O bom dia, com chuva e com seu mal humor matinal, minha cara de "me deixa", seu cigarro pra começar o dia, todas as vezes que você pegava um halls pra poder fumar cigarro com gostinho de hortelã, nossa bebedeira pra terminar o dia, quando você me chamou de meu amor, de namorada, me deitou no seu colo e me fez dormir, dormimos abraçados a noite toda. E isso significa bem mais que quinze minutos, isso significa a noite toda. O outro bom dia, mais feliz, mais carinhoso, mais demorado, mais "bom dia", nossa cumplicidade, nossa parceria, nós nos pertencemos, Eu me senti segura com você, naqueles três dias, me senti segura e pertencida.
A realidade volta, como tudo, sempre volta e aí você fez o melhor de mim aparecer. Ser verdadeira e entender o que estávamos passando era o mais justo comigo mesma, e eu fui sincera, comigo, com meu coração e minha cabeça.
Desde então já não pensei mais em você e agora, me pergunto se eu deveria ter pensado. Tenho medo sabia? De tantas decepções que tive, pensando, prefiro não mais pensar e talvez eu esteja feliz não pensando, estou vivendo, pensando menos, vivendo mais.
Hoje, vejo tudo que aconteceu depois, como um sinal de que nós importamos realmente um pro outro. Talvez nos pertençamos somente quando estamos juntos, mas você entrou na minha vida, assim como sei que entrei na sua e algo importa, somente isso, algo em nós importa.
Se você lesse isso um dia, eu queria que você soubesse que tudo foi maravilhoso.
Mesmo às vezes que demonstro toda frieza do mundo, mesmo estas vezes, são importantes pra mim e me lembro delas, com o mesmo sorriso que dei no nosso primeiro beijo. Eu não te amo, não é bem isso, mas me lembro e com certeza vou me lembrar pra sempre, de cada instante que você me deu, de cada sorriso meu, que te pertenceu, de cada vez que você fez meu coração bater forte, de cada por que seu, que fez eu te mostrar o meu eu, que me fez mostrar o melhor que há em mim.

domingo, 29 de novembro de 2009

Saber viver.

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de.. Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Hoje descobri que tudo isso é...
Saber viver!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dormir abraçado

Ah! Dormir abraçados... Talvez não exista momento mais completo que esse, é o momento que precede ou procede o amor, o côncavo e o convexo se unem, você acredita que ele pode te proteger de tudo no mundo, enquanto ele acredita que você é só dele, a pequena protegida.
Coisa pré-fabricada, corpos feitos com o encaixe perfeito para os braços dormentes conseguirem apoiar a nuca e para que as pernas sejam capazes de ser apoio numa escadinha de ossos amorosos.
Tudo se fala quase por susurro, a magia da cama, a magia das almas próximas, os lábios, os olhos, tudo alí tão perto, perto das palavras, perto dos abraços, perto das vontades, livre para os sonhos.
Estamos é sentindo falta de carinho, carinho daqueles que se dá sem querer nada em troca, carinho daqueles que se sente sem precisar preocupar com o "além disso".
Nos tornamos máquinas, tentando ser frios e inatingíveis, uma parede resistente à qualquer sentimento bomba e os detalhes menores, aqueles detalhes tão adoráveis sobre como dormir abraçado com alguém ( o momento mais último de todos ) nós esquecemos de como viver e sentir.
Hoje me vejo tentando sentir, tentando ter sentimentos que não sei mais como são, pois ninguém mais tem.
Esquecemos como é amar.
Esquecemos que um dia dormimos nos braços de alguém e fomos gratas à Deus pela melhor noite de sono da nossa vida, esquecemos que andar de mãos dadas é tão bom, esquecemos que carinho no cabelo dá frio na barriga, esquecemos que beijo na testa faz meu coração amolecer e na nuca faz o coração parar, esquecemos de tudo que nos lembra o tal amor.
Hoje acordei pra me convencer, pensando em como tá tudo frio no mundo, não só nas geleiras dos pólos, mas no coração das pessoas. A gente atende o telefone e com todo o prazer em se relacionar com um outro ser humano, de que, a gente mostra que pode ser tão fria quanto imaginam que a gente possa. Ser frio é sinônimo de equilíbrio, e não sei por que mas tenho me sentido desequilibrada totalmente por ver minha vida nessa geleira eterna.
Sinto que os corações não são confiáveis, ou melhor, os donos deles, por que a capacidade de se enganar é tão grande, que até o pobre coração conseguiu ser driblado pra não mandar mais na cozinha.
Tudo frio.
Não tem mais nem fumaça.
Talvez um dia, eu durma com alguém novamente e não acorde com cara de calígula. Talvez eu acorde feliz e beije o rosto desse alguém com amor, mas hoje a saudade que eu sinto é só saudade, sonho sozinho não é realidade.
Instantes passaram à significar instantes, apenas momentos, sem mais nem menos, nem depois, nem antes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Entendi

A verdade é uma só, aprendi muita coisa.
Dentre as coisas mais valiosas, aprendi que, não é tão difícil crescer, é só você se deixar levar, mesmo que numa situação ruim, esperando passar a dificuldade até chegar a frase final, a moral da história.
Aí você entende, cada coisa pequena e ridícula que passou.
São 8 meses, desde que meu coração começou a passar por mudanças. Nossa, quantas!
Aprendi tantas coisas discutíveis, assuntos para destrinchar por horas, falando sobre sentimentos e coisas vagas do amor. É tudo muito vago, incerto, realmente é bem incerto.
Hoje de manhã, eu vi a vida diferente, parei pra pensar onde eu estou indo e por que resolvi seguir por esse caminho. Acho que aprendi algumas coisas, durante a trajetória, que me fizeram pensar sobre meus erros e acertos.
Andei procurando nas pessoas, algo que eu queria mesmo era achar em mim. E achei.
Equilíbrio.
Encontrei o meu, encontrei só, não que eu o utilize, mas ao menos encontrei. E achei o máximo. Eu sei quem eu quero ser, e tô gostando de quem tenho sido. Vi pessoas se perderem, se deixarem levar pelas futilidades da vida, pelas coisas menores, e o amor, a essência, são coisas bem maiores, acho que esse é o topo da montanha.
Andei sonhando com abraços carinhosos e beijos na testa e é bem por aí o caminho. Acho que tá certo mesmo. Nesses últimos meses, me enfiei em histórias tão loucas quanto eu mesma sou. E não fui capaz de agüentar até o fim sem chorar, mas fui capaz de esperar pra ver a moral de todas as histórias.
Hoje, eu acordei pra colocar um ponto final na minha vida. Nessa vidinha medíocre que andei levando, essa que eu vivia esperando príncipes e cavalos brancos, talvez pôneis cor-de-rosa-choque.
Hoje eu acordei pra não esperar mais nada de ninguém, e agora começa o tema da novela.
Era sobre isso que eu queria falar desde o começo e ainda não tinha chego o âmago do assunto. O que esperar de alguém?
Espere se surpreender, só. Talvez por que o ser humano seja bicho mutável, com uma capacidade imensa de se reinventar a cada dia, tal qual esse meu "hoje de manhã", que me fez ver que as coisas estão de ponta cabeça e eu queria mudar.
A gente chega em pontos da vida, que são chamados limites e esses limites, são uma linha tênue entre fases. Permanecer ou não é escolha. Amadurecer, abrir os olhos, requer um passo, apenas um passo muitas das vezes.
A gente fica sem jeito, sem saber como as pessoas são e como elas podem reagir à você e às coisas que você faz e realmente nem sempre a reação é agradável.
Talvez eu esteja cansada de ter esperado tanto dos outros e ter me frustrado, mas hoje eu acordei pra não esperar mais, pra olhar pra tudo com um ar de desprendimento e com uma noção certa de que amanhã tudo pode acabar pra mim, então, viver esperando é o mesmo que anular meu viver agora, é viver fora da realidade, fora de uma coisa que não está acontecendo, é como viver do passado, só que vivendo do futuro.
Pra que? Me diz, pra que? Eu acordei pra ser feliz, hoje acordei pra não olhar pra foto alguma e chorar, pra não lembrar de alguém e chorar, pra não ter um abraço e chorar. Não.
Andei me sentindo suficiente pra mim, tão feliz à ponto de conviver bem comigo mesma. Andei gostando de mim ultimamente e só eu sei o quanto é bom esperar um amor em troca e recebê-lo e é esse tipo de amor que tenho vivido. Um amor lindo, por mim mesma. Egocentrismo e egoísmo à parte, falo apenas de estar em paz e não necessitar de algo que me complete, sei que vão aparecer situações e pessoas na minha vida que vão fazer a diferença, que vão compleMENTAR. Entende? E é no complemento que crescemos, na junção e divisão das idéias e ideais.
Hoje acordei talvez pra esperar um amanhã tão tranquilo quanto meu hoje, um amor tão certo quanto o meu, por mim e um dia tão lindo quando o que estou vivendo esse dia todo, esse momento.
E nesse instante, nesse exato instante, finalizei o que prometi pra minha vida hoje, coloquei um ponto final numa idéia que vagava há muito em minha cabeça e acaba de se tornar uma certeza, ser feliz depende de mim e a cada segundo a escolha de sorrir é minha.

Uma hora, a gente entende. Entendi.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Outra carta de amor

Por muito tempo ainda, vou escrever cartas e cartas pra você, como se você estivesse lendo, como se eu fosse te entregar alguma delas. A verdade é que não vou. E desde quando você virou as costas naquele tchau com ponto final, eu sempre soube disso.
Eu sempre soube que não ia poder te substituir e falo entre linhas pequenas pra ocultar e não deixar ninguém saber que senti sua falta. Ai, como eu senti. Os dias tinham gosto de açúcar mascavo, gosto de terra e nada mais era tão colorido. Ficou tudo meio, em tom pastel, sabe? Eu passei a odiar o Damien Rice, o Glen Hansard e meu próprio violão. Eu não gostava mais de msn, nem de celular, nem achava mais tanta graça em ficar em casa, por que não me fazia sentido nada que estivesse sobre a escrivaninha ou na geladeira. O gosto de nada não saia da minha boca.
Foi perdendo a graça. O cheiro. Eu senti seu cheiro no ar outro dia. Não gostei da sensação de ser apenas um vazio cheiroso, uma ausência espalhada por toda parte me cheirando à você e sua saudade ficou lá exalando lembranças e abraços, me fazendo companhia.
Todo mundo perdeu a graça. O todo que eu era com você, andou despedaçado, da parte mais importante. Respirar doía o peito, uma dor como se meu coração fosse parar e eu perguntava pro Tiago, perguntava pra minha mãe, perguntava pro prefeito e pro moço da padaria, por que?
Por que eu gosto dele desse jeito? Até meu pai arriscou palpite, mas ninguém me dava uma direção pra seguir, daí foi quando eu me despreocupei de viver e fui vivendo.
Aí num dia, eu me vi com um clone seu, estampando na minha testa a palavra "burra", como se me vender pato em vez de ganso fosse ser tão simples quanto andar pra frente. Beim, eu não nasci ontem não. Uai, eu sei o que é pato, sei o que é ganso, sei o que é você e sei que o cara lá não era você. Ai como eu queria que fosse. Por duas vezes eu quis transformar pessoas em você.
Uma vez, eu olhei tanto pra uma cabelo igual o seu, querendo que quando os cachinhos pretos se virassem, eu visse seus olhos pequenos. Torci, mesmo sabendo que ele não era, pra que se transformasse em você. Não deu.
Gosto de terra.
Torci, pra que todas as afinidades que eu vi em alguém, ou em todos os taurinos, todos os Damien Riceanos, todos os malditos comedores de peixe cru, todos os que me inventavam apelidos e bebiam tequila, se juntassem e formassem o que meu coração queria. Nem todos juntos, não eram você. Nem todos eles juntos, me preenchiam como você sozinho preenche. Eu já escrevi seu nome três vezes até agora, escrevendo esse texto, aí eu apago e reescrevo, seu nome sai fácil, tá na ponta da língua. Eu passei a entender. Entendi que não adianta, não vou entender.
Sempre quis entender por que você se tornou a razão de algumas músicas, os sonhos, as lembranças, os detalhes, a falta, a saudade, as risadas, os momentos poucos e felizes, sintonia e complemento desse vazio.
Você é de touro, eu sou de escorpião, na teoria somos perfeitos um pro outro. Na pratica, você é perfeito pra mim. Mas não é qualquer um de touro não. Não é! É você. Dos outros eu não gosto. Tem gosto de terra. Você tem gosto de chiclete, de melancia, daquele mais gostoso. Melancia com tequila, na verdade.
Mas na melhor parte, eu não cheguei ainda.
É a que eu queria te dizer que eu te amo. E eu descobri que isso é amor, hoje. E a única coisa no mundo que eu chamo amor é a afinidade, a necessidade, o querer bem corre o que correr, custe o que custar. O tempo que eu perdi, só agora eu sei, aprender a dar foi o que ganhei e ando ainda atrás desse tempo não perder.
Descobri que o amor, é coisa bem maior. Paixão é coisa pequena, que não resiste à nada do que passamos, pressuponho até que você me ame também, da forma mais sincera e necessária que nos amamos, por que eu te vi esquecendo cada palavra triste, quando eu te disse que você estava fazendo falta.
Isso é amor.
O nosso sentimento de eternidade, de passar por cima do que for, ser capaz mesmo te querendo tanto, de passar por cima disso pra ter sua amizade mais sincera. É sentir falta, e não é do beijo, do abraço, do tesão. Não é só isso. É muita falta das palavras, muita falta do seu coração me entendendo, dos seus pensamentos me completando.
Cada uma das que eu fui com você, foram as que eu mais amei em mim e você, a parte que eu mais me importo do meu bauzinho. Que seja eterno então, verdadeiro como parece ser, sincero como superou tudo que podia ser mentira, corajoso como chegou até aqui depois de enfrentar o maior risco de uma amizade.
Eu tô tão feliz que você voltou, que não caberia explicar na confusão de sentimentos, o que é alegria, o que é amor, o que é sentir denovo o gosto de chiclete de melancia e o cheiro mais familiar que existe ao meu coração.
Hoje, eu voltei à olhar pra Lua. Vi estrelas nas entrelinhas. Repeti feito boba 429 vezes a palavra amor, repeti na mesma estrofe, amor, amor, amor, amor, amor.
Você nem faz idéia disso, mas quando eu te conheci, você zerou minha vida.
Todos os medos que eu tinha, tudo que ainda doía em mim, tudo que já senti por outras pessoas, o gosto de terra, tudo acabou. Tudo zerou. Eu comecei denovo à sentir, sentir coisas diferentes, com uma vontade nova, com uma expectativa de aniversário.
Eu queria te pedir pra não ir mais embora.
A arte precisa de você na minha vida. Minha mãe precisa de você na minha vida. O Tiago precisa de você na minha vida. Eu preciso de você na minha vida, senão, eu paro de achar graça. E volta o gosto de terra.
Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e exagerados, essas minhas cartas cheias de todos os sentimentos que sou capaz de sentir ao mesmo tempo, era que você me pedisse pra guardar o lugar.
E mesmo que você não peça. Tá guardado. O da cadeira e de todo o resto.


Tudo o que outras pessoas são, deixa espaço no meu coração e só você, cabe sem deixar um vão de ausência.


Com amor,

Pequena (:

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mais uma carta

Essa carta é certamente pra te falar tudo o que eu queria ter dito e não pude. Talvez você leia e se ler, acho que vai olhar com olhos menos magoados pra mim depois disso.
Queria te dizer pela centésima vez, que eu te quis sim. Te dizer que eu não queria que nada disso fosse assim, que por mim tudo já seria tão bom quanto eu sonhava que fosse, desde o começo.
Foi tão pouco, tudo que aconteceu e deixou tantas marcas em mim, numa intensidade totalmente diferente do que a que você viveu. Não estivemos na mesma sintonia, por mais que houvessem acasos e coincidências que nos levassem à crer nela.
Meus sonhos não se tornaram reais, talvez não baste mesmo dormir sorrindo e acordar sonhando. Sonhar o dia todo, ver tudo blue e brilhante no céu, não significa um futuro tão certo quanto a gente acha que poderá ser.
Sabe? Eu fiz alguns planos, escrevi cartas, músicas, sonhei algumas noites e dias com uma felicidade que mal senti. E ela não existe, não existiu na realidade. Só nos sonhos. E o que existe somos nós, apenas nós, nossos medos e pensamentos.
O que eu fiz, as atitudes que eu tomei, foram só pra antecipar o que já era óbvio, finais, lágrimas e mais tristeza. A gente sabe bem que nada disso iria pra frente, por mais que seja lindo o quanto nos gostamos, só que eu sou inconstante e descobri que você talvez seja mais que eu. Onde isso ia parar? Beijos, ficadas, algumas noites, ou tardes, alimentando um gostar que podia ficar imenso. Te quero tanto quanto você possa imaginar, até mais do que achei que eu podia querer alguém. Mas agora não dá mais. Assim não dá. Talvez isso fique pra sempre no coração, mas prefiro que fique esse querer bem e essa eternidade do que venha um fim pior pra nós.
E não vou falar de amor, não vou falar por que eu não conhecia seus defeitos pra saber se eu te amava, você era perfeito pra mim, a não ser pelo detalhe, pelo simples detalhe de viver esse sentimentos mais poéticamente do que humanamente. Assim como eu. E era mais bonito isso, de fato era, que ilusão bonita pensar que eramos como música ou que nosso querer era poesia.
Não quero mais chorar e ficar insegura, não sou assim e isso me faz mal. Estou certa do que fiz, por mais que doa em mim ou em você, por mais que fira seu orgulho como certamente feriu ou meu coração como de fato foi. Mas foi agora, bem antes que tudo pudesse ser pior. Só por favor entenda, seu carinho, sua amizade sempre foram o que eu quis, seus beijos e seus abraços também, mas quero mais à mim, do que aos riscos que já corri por esse querer. Nunca quis brincar com você, nem joguei, mesmo quando parecia que eu o estava fazendo. Eu só cuidei de mim. E cuidei mal por que não consegui não me envolver.
Eu não quis viver na corda bamba, meu coração não está mais disposto à se aventurar com histórias lindas que não tem pé nem cabeça. Talvez até esteja, mas não foi assim com essa história, você não foi amor de verão, ou um platonismo qualquer. Era realmente o que eu queria e em quem eu queria. Platonicamente falando e ridiculamente me contradizendo.
Desde o começo, eu sabia que nada disso era certo. Eu sabia bem que eu ia me machucar e que devia por um ponto e não uma vírgula no dia que foi preciso.
Tinha o "ela", tinha seu coração, tinha meu coração, tinha o "nós" e tinha o "vocês". E eu tava afim de ficar sozinha, ia deixar isso correr como deveria, mas você foi chegando tão sem me alardar que quando vi estava sentado ao meu lado colocando a mão na minha fatia do bolo.
Se você soubesse quanto dói.
Eu queria que você entendesse, juro que eu queria, que você pudesse olhar pra tudo isso e mudar de atitude, mudar o ponto de vista, a perspectiva das coisas, mas você não vai e eu respeito. Talvez nem queira mesmo ler meia palavra do que uma dia eu possa querer dizer. Continue assim por quanto tempo achar necessário e sem em algum deles você sentir minha falta e se a minha amizade importar, a melhor amizade do mundo eu vou poder te oferecer. Mas, mais do que isso, não quero. Quero, a verdade é que eu quero, mas não consigo me permitir.
Me faltam formas de expressar o quão confusa estou por arrancar meu coração e o quão segura estou por me devolver a paz.
Te quis ao meu lado sim, vai dizer que você não sabe?
Só que chegou a hora de desligar nossa poesia dos respectivos personagens, chegou a hora de cada um dos autores ir pelo seu rumo certo e escrever os contos que vão expressar melhor nossa forma de amar.
Aqui, eu vou deixando o caminho livre pro amor, talvez um dia seja você, se for realmente aquele tal destino; se não for, quero tirar tudo que sobrou de sentimento pra poder amar um outro alguém que queira meu amor.
Eu ainda tenho esperanças que luto pra não ter, tenho vontades que rezo pra não sentir, tenho um sentimento que eu espero esquecer e eu disse "não" e botei o tal do ponto final, porque hoje é melhor estar só, do que querer por nós dois.



Beijos, com amor, muito amor...



Pequena.

Carta pra você

Pra mim sempre foi fácil fingir que tudo ia passar, mas minha arte de persuasão sempre foi tão grande, que dessa vez até acreditei no que eu fingi, até eu mesma acreditei em mim.
Isso aqui é uma carta pra você e eu sei que você vai ler, por que sei do nosso futuro e sei que o fim de tudo isso é ainda estarmos juntos, só que não é agora. Ah, meu coração tem tanta certeza disso, quando 2 + 2 = 4, e digo mais, estou tão certa quanto a própria loucura do mundo.
Fingi que não te quero.
Fingi que posso ficar sem você e no fim, vi que eu posso. Fiquei, estou sem você e estou bem. Estou feliz, como se nada tivesse acontecido e nem te deixei saber o quanto você foi importante pra mim.
E foi.
Tão importante quanto possa imaginar. Será que você sabe que é pra você essa carta? Ela está escrita num papel também, por que um dia eu vou te entregar, vou ter que te entregar, com seu nome num envelope e um coraçãozinho, pra dizer que um dia escrevi uma carta pra você. Um dia quando não estávamos juntos, mas eu sabia que estaríamos.
São suas belas palavras, acho que são elas que me fazem querer escrever e estou sendo clara, tão clara quanto ultimamente não tenho sido.
Sabe? O mais difícil é entender que agora não é a hora e é estranhamente sensato saber disso. Eu não consigo chorar, não sei se é por que não quero ou por que não tenho motivo pra isso, queria chorar rios de lágrimas, bem dramaticamente, borrando rímel, batom e toda arte que estiver na minha cara, quase que como virar um monstrinho, queria virar monstrinho, é! Eu queria virar um monstrinho, ficar com o nariz vermelho, com dor de cabeça de tanto chorar, mas o pior é que não vou.
E nem ligo pra isso também. AH! Vou deixar pra trás essas besteiras de gente fraca. Por que bom mesmo é ser forte como eu, que agüento tudo quieta, sofro por dentro, não falo pra ninguém, vou me corroendo, me entristecendo, me magoando, me enfraquecendo e volto à ser fraca. De que adianta então? Nem sei como agir. Só espero.
Espero por que o tarot, a astrologia, as runas, a numerologia, os astros, as músicas, os livros, tudo me mandou esperar. Tudo me disse que você é "O" tal. E eu nem perguntei, nem queria saber, sabe?
Eu não gosto de coisas de sorte e azar, daí, nem perguntar eu queria, vai que eles dizem que era pra eu estar com você... e disseram. Mas não procurei saber, veio assim, como o que o vento trás.
Como eu gosto de você... Se você soubesse. Mas agora você não merece esse amor, te amo de graça, por que eu sei que vou te amar hora ou outra, então antecipo pra já ir treinando.
E me faça feliz, por favor me faça feliz um dia, tô escrevendo essa carta pra você agora, pra fingir que eu posso falar com você sobre isso. Meu horóscopo mandou eu resolver coisas com o meu amor e estou fazendo isso. Mas não posso te dizer nada, não posso te ligar e convocar um jantar pra discutirmos uma relação que não existe. Então deixa pra quando ela existir, deixa eu desabafar agora pra reclamar menos depois.
Deixa eu dar paz pro meu coração, agora, deixa ele ficar feliz, deixa. É hora de pensar em outras coisas, por exemplo, em como terminar essa carta.
Vou terminar dizendo que, eu te amei desde a primeira vez que te vi, por que meu coração sabia quem era você, ele sabia que era você e sabia que pra sempre vai te querer desde então.
E não tem problema nisso, por que a distância que havia entre minha cabeça e meu coração, diminuiu, eles entraram em acordo e agora tá tudo bem. Eles vão se ajudar, ficar calmos sem brigas e outras pessoas vão aparecer, acho que ainda alguns sorrisos vão me encantar, mas o fundo do coração, aquele cantinho, eu acho que vou deixar aqui pra você.
Talvez não. Uma hora talvez eu queira seguir outro rumo, mas hoje, eu tô falando que vai ser assim. O dia que eu mudar de opinião eu escrevo outra carta, anulando essa. E te entrego as duas, pra você saber como as coisas mudaram, que estou amando outro alguém e que não dá mais pra esperar por você. Mas enquanto isso, ficamos assim. Espero poder te beijar quando eu te entregar isso.
Ao menos, te beijar.


Te amo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Novos ares

Pensei poder voar e o pior, pensei agora já ter asas capazes de me levar onde eu podia ir, mas elas não eram capazes. Eram fraquinhas e não estavam bem formadas ainda, pra levantar esse vôo alto demais.
Agora estou me vendo tal qual um passarinho ferido, que se jogou de um precipício pra planar e deu com o corpo todo no chão.
Isso dói, como se o corpo não fosse agüentar, como se o coração fosse explodir com cada batida.
Tem coisa que é absurda, que não entra na cabeça na hora necessária e quando entra é tarde demais pra mandar o recado pro coração. Os impulsos, a emoção, são liderados com tanta inconseqüência que quem sofre com o que vem logo após, nem culpa tem pra merecer sofrer. Pobre coração.
Pobre coração que acredita tão bobo em sonhos lindos, em céus azuis e campo limpo, próprio pra voar achando não correr nenhum risco.
Passarinho algum está livre de acidentes, passarinho algum está livre de quedas, passarinho algum está livre do amor.
Passarinho que queria só um ninho e sua liberdade, um ninho pra voltar, liberdade pra voar e nada mais tem. Nem ninho, nem liberdade. O ninho foi destruído pelo medo a liberdade caçada pela saudade.
Um dia a gente vai aprender a enxergar os momentos da vida, vai aprender que há mais coisas além do céu bonito, tem o vento, tem as tempestades, mesmo a chuva fraca, ou o sol em excesso, e temos que aprender a lidar com tudo isso, pra sermos capazes de voar.
Como se voar, fosse tão simples e ensinado em doses homeopáticas. Não, não é... É bem mais doloroso que isso, mais crítico, mas não impossível.
Acho que agora, que vi o tamanho, a capacidade e o poder das minhas asas, agora que vi quanto meu coração é capaz de agüentar, que vi quanto eu posso sofrer por não tomar decisões corretas talvez eu queira voar mais perto, voar mais baixo, ser passarinho mais contido... ou não.
Talvez, pensando bem, tantas vezes que eu caí, tantas vezes que meu coração se partiu que eu posso nem ter mais nada à perder, passarinho pequeno eu já fui, asas fracas eu já tive, ninho eu já perdi, liberdade eu deixei com a saudade, mas saudade é coisa que a gente pode trocar e ter de volta a coragem de uma águia, de ganhar os céus denovo, voar alto, voar atrás do alvo.
Cheguei à conclusão de que eu nasci pra ser águia mesmo. Medo dá, coragem às vezes falta, mas águia que é águia, nasceu pra ganhar o céu, nasceu pra ir longe, então se não há mais o que me prenda, se até mesmo a saudade eu estou deixando agora é hora de novos horizontes, outros ares. Quero ver o sol em outros lugares e me molhar com a chuva em outras terras, talvez por lá eu encontre um lugar com cara de casa, um alguém com cara de família, um sentimento com cara de amor, uma sensação com cara de eterna.

É na falta que vivo

Foco no lugar vazio da mesa. A pessoa que não veio. Pior ainda: a que não existe. É ali que fico, sempre, apaixonada, doendo, esperando. Meu amor é a cadeira com pé quebrado que tiraram do salão antes que alguém se machucasse. Então me recuso a sentar em outras e vivo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma.
Eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo não te amar, e isso significa passar ótimos dias em paz, quando te trato bem, quando te amo. O que sobra em mim, o que eu guardo no peito, é sempre o negativo do que expeli para o mundo. Por isso o e-mail, carinhoso, um jeito de te expulsar mais uma vez, porque é só isso que sei fazer quando o assunto é sentir além de mim. E quando te trato mal, são dias te amando aqui, nos espaços vazios que você jamais preencheria e que são absolutamente você. O mundo todo que não tem você é ainda mais você. E assim me relaciono. Com o risco de giz branco em torno do corpo que já foi levado do chão. Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Sempre namoro quando acaba o namoro. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao cinema. E então janto com você e como bem e até bebo. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E assim namoramos tão bem e sou tão agradável. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.
É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar.
É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo.
O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você.
Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que caio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível.
Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você.
E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme. Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.

domingo, 18 de outubro de 2009

Adeus

A parte mais difícil passou
Aceitar que não ia além do final
O final já começou
Nada mais ainda é igual

E eu percebi o que somos nós
Nada mais que dois amores pagãos
Que não sabem viver esse amor
Cansei de enxergar tantos nãos

Então agora vim me despedir
Apenas pra deixar claro que entendi
Que estou indo embora sem pedir
Avisando minha hora de partir

Sinto se não pude fazer mais que isso
Mas meu coração não pode se vender
Me doar já estava muito difícil
E já não quero mais me perder

Então é isso, até nunca mais
É um adeus que talvez seja eterno
Não sei viver assim como você gosta
Não vivo ainda nesse mundo moderno

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tudo bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Quando está inverno e eu te procuro
Fica frio e escuro
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Quando é primavera e as flores cheirosas
Chegam em buquês que não são seus
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai sim, tudo muito bem sem você
Quando é outono e fica tudo cinza
E não te abraço com moleton
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Aqui vai tudo bem sem você
Mesmo no verão, quando as noites me faltam você
E as paredes desse quarto parecem sem sentido
Mas o que você acha?
Eu fico bem sem você

Nada vem, nada que signifique algo
Só algo que significa nada
Exceto a sua ausência por toda parte
E esse silêncio que me lembra nós

Nada que te signifique
Nada que te substitua
Um nada que preenche meus braços
Então nada mais me deixa te esquecer

Meu amor, Meu amigo

Desde que te conheci
Não me lembro de outro alguém
Só seu nome faz sentido
Só seu sorrio me convém

Eu tenho um coração
Que sabe quando tem razão
Que sabe quando ruma a hora
De tomar uma decisão

E é você quem eu amo
Parece triste desistir de nós
Mas quando a alma sente
A cabeça é quem deve agir à sós


Você, meu amor meu amigo
Quando eu sonho é com você
Você, meu amor meu amigo
Quando escrevo é pra você


A melhor parte de mim somos nós
Cada uma que fui pra você
Todas elas gostei em mim
Todas que quiseram nos querer

Nunca saberemos onde vai o amor
Pra uma foto ou pra um jornal
O nosso vai tirar folga de nós dois
Antes que acabe de forma banal

Uma canção blue

Blue, essa canção é blue
Triste demais talvez
Mas é como soa um blues
Numa noite de embriaguez

Algumas palavras feridas
Em versos de nós dois
Um pouco de dor para relembrar
E sentir tudo que se foi

É uma canção blue
O devaneio do amor
Do grito da minha voz
Do desespero do autor

É o que resta de nós dois
Pra não se esquecer
Sem nada à dizer
Sem nada à dizer

Músicas são como tatuagem
São eternas letras cantadas na pele
É nossa tinta pintando blue
Esperando uma alma que a revele

Dizem que o inferno é melhor
Bem melhor que descrever a dor
Que é coisa mais real
Menos abstrata que o amor

Então vou lá olhar o inferno
Vou lá ver se encontro inspiração
Cigarro, loucura ou bebida
Ou um blue qualquer pra essa canção

Mais uma vez o amor

Disseram que era coisa natural
Fumar cigarros e me embriagar
Passar a noite vendo o claro de nós dois
Uma vez que esqueci de nos amar

E com o áspero dessa história
Aprendi a sempre desconfiar
Quando o destino debocha de nós
Prometendo o que não se pode apalpar

Mas eu li numa pequena frase
Palavras de amor para mim
Dizendo que você não me esqueceu
Que talvez esse não seja nosso fim

Do seu rosto já quase não me lembro mais
De seus braços, dos abraços, seu sorriso
Mal me recordo da felicidade
De pensar estar no paraíso

Mas me disseram que você ainda me ama
Pode ser verdade?
Que você ainda me ama?
Mais uma vez o amor
E você denovo me ama

Quando virei sua inspiração
Você virou o meu amor
E isso é mais que a razão
E eu te amo
Te amo

O amor

O amor é coisa jovem
De passear no parque
Não se preocupar

O amor é coisa nova
A cada vez que acontece
Parece enganar

O amor é coisa de pagão
Por que quem crê
Mal pode amar

Por que o amor é coisa de louco
Abstrato que só ele
Pra atordoar

O amor é coisa pra nós
Que ainda achamos graça
Em ter tudo nas mãos
E de repente só fumaça

Meu vício

Você é minha luxúria
Meu desvio de caminho
Meu vício, minha droga
Meu mal e meu carinho

Você é todo o meu erro
Minha volúpia e libido
Eu te aspiro e desmaio
Te soletro num gemido

Eu gosto do seu gosto
Da minha língua na sua boca
Vem, eu provo que te bebo
Seu amargo me provoca

Meu corpo reclama sua falta
A falta da minha droga mais cara
Eu te quero que vendo a alma
Tanto que o sangue até dispara

Gosto mesmo é de nós
Do nosso jeito de enroscar
Palavras em meias frases
Mentiras pra nos adoçar

Você é minha doença
É minha sagacidade
É minha lembrança
De uma paixão de verdade

Quem sabe viver

Eu conheço os barbudos,
os sem barba e os esquecidos.
Conheço os verdadeiros,
os mentirosos e os vividos.

Conheço os maduros,
inexperientes e os sábios.
Os que falam manso,
os que confundem e os tarados.

E sei bem quais deles fazem minha pernas tremer
Sei bem quais meu corpo gosta de escolher

Eu conheço os famintos,
os que tem sede e os insaciáveis.
Conheço os grosseiros,
os geniosos e os maleáveis.

Eu sei de cada desculpas,
da instabilidade e do tesão.
Sei o caminho da calça,
do cinto e do botão.

E eles todos sabem bem o que meu corpo quer
E sabem bem onde suas mãos devem se perder

O norte e o sul de todos
O amor e ódio de cada um
Sei tudo
Já conheci
Quem diz que não sei viver
Peca por não saber
Tudo que senti
E o quanto me diverti

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bailarina

Eu vim pra cá sozinha
Sem nem saber dançar
Vim eternizar histórias
E ganhar outras pra contar

Deixei um pouco de saudade
E trouxe um pouco pra não faltar
Ouvi falar que nessa cidade
As pessoas não sabem mais amar

Com a pontinha dos pés, devagar
Vim pintando flores no papel
Vim ser a estrela no mar
Vim ser uma estrela com céu

Presta atenção quero contar
Que eu fiz planos pra você
Que passarinho deixou de voar
Bailarina parou de ser blasé

Não resta muito soldadinho
Senão encerramos a conversa
Sabemos o fim do conto
E nos sobra apenas pressa

Saiba que tenho ainda planos
Não dançar mais em caixinha
Não ser boneca de pano
Não ser capricho de menininha

Uma dança pra comemorar
Que essa guerra,você venceu
Romeu conseguiu não amar
Mas Julieta chorou por Romeu

E de prêmio eu me daria
De brinde ia um coração
Roupinha, pose e sapatilha
E o que chamam de paixão

Não quero ser bela e notada
Serei feliz mesmo pequenina
Se eu for pra sempre sua amada
Pra sempre sua bailarina

sábado, 10 de outubro de 2009

Mentiras

São várias luas
Em poucos céus
Com poucas estrelas

Tantas dúvidas
Sem por quês
Só besteiras

Mentiras
Você só me diz mentiras
Mentiras demais
Mentiras

Muitos sorrisos
Esquecidos
Apagados

Seus abraços
Nossos sonhos
Abandonados