sábado, 22 de agosto de 2009

Morrer de amor.

Eu me deitei e por uns segundos apenas estou fora do meu próprio corpo, parar um pouco no ar e olhar pra mim, eu preciso disso agora. Olhando bem, por um certo tempo começo a não perceber nada. Estranho, não era pra olhar pra mim mesma e perceber algo? Ao menos, algo. Qualquer coisa que seja falável, qualquer coisa que eu pudesse escrever aqui agora. E é isso, um grande buraco negro em minha mente, um momento de total apatia.
Eu estou assim, alí estatelada, olhando, olhando e não vejo absolutamente nada em mim, um grande vazio ocupou o ambiente e o lençol que descobre meus pés começa a não fazer sentido, se está frio. E se está frio por que não sinto? Minha expectativa se juntou à água das tulipas e fiquei alí nadando com os vermes daquele vaso, tentando entender onde foi que deixer de existir.
Em que momento eu morri dentro da sua caixa de veneração? Morri sufocada talvez ou fui tão venerada que você esqueceu de colocar meus morangos mofados pra me alimentar alí no meu potinho vermelho, na porta de ferro, na pequena janela de correr. Você talvez tenha esquecido de sustentar minha esperança e eu fiquei fraca, fui acabando, fui chegando ao fim, fui me desfazendo de mim mesma.
Sabe? Eu não sou um Hamister, me desculpe mas não sou sua experiência e vagando por aqui agora, gostaria de te lembrar sobre algo que há muito me esqueci, eu tenho alma. Alma esta que não sei se sou agora ou se meu espírito conviveu com ela ou ainda se agora sou espírito e convivi, mas tive uma alma que se despedaçou em migalhas de pão seco e os ratos comeram.
Ela acabou, assim como eu. Provavelmente nos acabamos juntas, provavelmente nós cortamos juntas à fita de chegada. E então foi isso. Morri de amor.

Morte que não existe, mas me apagou os dons, os sons e virei fél.
No céu há uma árvore colorida, com grama verde embaixo, sorte de quem morre e pode ir pra lá e ler Shakespeare na sombra. Eu não irei. Por que morri de amor. E a causa da minha morte causou minha desgraça, por que meu pecado foi tão grande que me tirou a vida e não me deixou ao menos arrepender por ter sentido isso.
Quis me arrepender de te amar, te odiar, te querer sentir, desejar todos os pecados carnais com você e não estar, não ter, não ser, alguém pra você. Não pude me arrepender da íra, da luxúria, da vaidade de ser seduzida por seus verdes. Não pude pedir clemência e explicar à Deus que eu não queria ser um filme nem queria as palavras de um script escritas em meu corpo e você me lendo, cada detalhe, ponto e vírgula em minha pele. Me lendo e se aprofundando no " conhecer-te à ti!"
Mas não me arrependi, não deu tempo, pois quando vi já tinha me perdido no beco mais escuro do Brooklin. Na noite dos amores, me perdi longe de casa pra ver se eu me encontrava longe de você. Nao sugeri ver seus traços em seus dentes, seu passado todo em cada fio de cabelo, não sugeri nem suspeitei te querer a menos de 10 centímetros, tão perto quanto dois corpos pudessem ocupar o mesmo espaço. Fui capaz de desejar a amargura de olhar pro céu sem saber por segundos  quem eu era e onde estava.
E tudo isso foi nesses segundos que sai do meu corpo e me vi sem mim. Não contemplarei olhos de fogo, nem cajados majestosos .Tão pouco visitarei cada quarto de tortura, suas lanças e espadas de dor. Me sinto mas leve agora e começo a pensar que entrei em alfa, sentindo sua beleza, suas flores, sentindo o veludo e o chocolate em você. Vivi nessas palavras, entre os segundos de minha loucura, todo o delírio de estar presa em seu controle, mal alimentada pelo seu coração por me sentir possuída pela sua carne. Desejei a morte, desejei com fúria a vida. Não quero viver ao seu lado se posso te ter dentro de mim. Quero pedir agora perdão à Deus, por cobiçar tão alto prêmio à minha inocente ganância, demais pra caber em  meu bolso, cheio de sonhos. 
Eu, pequei pegando um cigarro e meditando sobre esses 5 segundos que vivi, por que entre a morte e a nostalgia, descobri a paixão em meio as palavras, as frases sedentas por suor, cheiros e quadros.
Momento parados em minha mente, congelados como uma foto e música ao fundo. Não pude ouví-la, por que não prestava atenção à nada senão ao nada.
E do começo do coma até este instante, descobri que minha insanidade se resumi ao teu sexo e ao sublime momento de nos encontrarmos em outra dimensão, juntos. Não deu tempo de me arrepender e pedir perdão, por que quando senti meus pés esfriarem, você já estava me fazendo perder a conciência de quem eu era, onde estava e por que meus pensamentos tinham desaparecido.
Você me levou ao ápice de quem posso ser e agora me devolva. Por alguns momentos pensei nãote amar por que me fez sentir totalmente leve e livre das minhas angústias. Agora você acrescentou mais uma à todas elas. Então deixe-me aqui, pois esse momento não quero lembrar após o amanhecer, estou voltando à quem eu sou e sei que quem eu sou não tem nada a ver com você.
E tem algo que não deu tempo de dizer, pois eu tentei te distrair com tudo, com cada palavra que usei pra te confundir e preciso que você saiba antes de partir.
As flores que guardei pra você, eram de outra pessoa, as escondi pra poder te entregar sem ninguém saber. E de lá pra cá, desde quando guardei essas flores pra você, guardei juntos os espinhos, envenenados com a garantia de poder te matar se você não as quisesse ter. E foram eles que me fizeram sangrar agora, você pode ver em minhas mãos? E em segundos não serei mais eu, nua, despida de mim e de todas os meus conceitos, eu que agora estava tão viva e cheia de você, serei apenas um "apenas", jogado frio, duro, aqui nesta cama. Escolhi não te amar e meu coração não obedeceu. Se não posso viver com isso então agora posso ir pro inferno.
Agora que tenho tempo gostaria de perdão à Deus, por não mais pedir perdão por amar, mas não posso deixar de sentir o que não sei nem ao menos como começou e vou em paz e que o inferno seja o que me espera se preciso for, mas morro com a certeza de tudo e não mais do nada e digo apenas que agora eu morro feliz, por corajosamente morrer de amor.

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