domingo, 23 de agosto de 2009

...tema e teoria...

Fiquei sem tema, sem a letra certa pra começar a frase por alguns momentos de solidão, de vazio solitário dentro do meu eu. Me vi como um camaleão parado à frente de um arco-íris: confuso. Tudo confundia e dava voltas e tornos, contornos nas minhas linhas imaginárias, arestas tão ofuscantes que não permitiam ver a forma das coisas.
E tanto falei, questionei que nem vi passar o tema na minha frente, de bicicleta rodou, rodou, o parquinho, desceu a ladeira, numa bicicleta antiga, de rodas grandes e rodinhas, por que era um tema novo, que mal sabia andar ainda, tão pouco com suas perninhas, quanto mais com suas rodas grandes. E foi, passou e voltou. Aí eu reparei.
Reparei que há muito martelava em minha mente, algo que eu não sabia como expressar mas consegui reduzir há algumas poucas palavras claras. Falei, falei, falei e tudo o que eu falei foi querendo dizer sobre uma teoria que eu tenho, aqui comigo.
O quão longe está minha cabeça de meu coração? A ponto de regrar e riscar minhas possibilidades de ser feliz? Esse espaço, toda a distância entre os dois me fez um vazio, tão grande que me perco até bem mais que num labirinto e a confusão por não ter opção chega a ser maior do que se eu as tivesse.
E fica uma lacuna, palavras ressoando no eco, cheio de dúvidas pairando no ar.
Eu queria a certeza de que mesmo instável que fosse, como ao certo eu gosto, eu saberia onde ir. O que não suporto não é o medo das possibilidades, não é olhar pro futuro e ver um escuro sem nada pra me guiar, me incomoda é o fato de agora não sentir que mesmo sem orientação de como chegar, eu estaria indo para o lugar certo.Dói, de uma amargura desesperadora.

"Já li tudo. Já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito. E agora o que faço?"

Esse nó no peito e um engasgado na garganta. Me oriente ou me desoriente de vez, aperte o tal do stop ou ao menos me deixe em stand by enquanto não é seguro que eu vá, antes que eu mesma me jogue no forward. Coloque um ecstasy no meu café e me mate de loucura, faça algo ao extremo, mas faça. Me mostre os extremos, me mostre que você é capaz de chegar lá, talvez das minhas teorias e dúvidas, a minha incerteza de seus extremos seja a pior dor. Me mostre o ouro e o latão, a morte e o renascimento, quente e frio, você é capaz de sentir? De se ver? E ver dentro de você a bipolaridade, a loucura? Ela me domina, me fascina, não escrevo por que tenho amores lindos e mornos, por que minhas histórias são de Romeu e a coitadinha sofredora, não! Eu escrevo por que dentro do meu coração há um som rouco e tudo está grave, por que no meu corpo tem um vestido florido, minha insanidade toda e você. Você no meu corpo, você é capaz de entender a poesia do que não se pode ter? 
E é por eu ser maluca, que nunca sei qual a primeira letra que quero usar pra começar, mas sempre, depois da primeira vírgula me vejo exposta feito uma puta, desgrenhada, de maquiagem borrada e coração dilacerado.
Se sou ao menos capaz de enteder que nada faz sentido e que não tenho as respostas, ou as perguntas certas, me contento.
Assim é o amor. 
O tema, na teoria.
Assim é a dor.
A confusão, na prática.

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