quinta-feira, 17 de junho de 2010

Edredon.

A Cat continua pedindo pra Aretha cantar mais uma pra ela. O meu quarto virou uma pintura abstrata de Monet, coisa que a gente ama com a testa, os olhos, as rugas e o coração. A imagem deixada, foi a de um furacão que passou depois dos 6, 7 ou alguns drinks a mais e transformou o ambiente em uma interrogação. Mas como eu disse, acabo amando, né? No fundinho amo com a segurança de uma mulher boba e apaixonada.
Amo a sua meia da Nike jogada ao lado da cama com os pelinhos arrepiados, os copos dos drinks no criado mudo, a cueca azul calcinha (o tipo de coisa que já tá errada em sua essência) alí em cima da minha pantufa da pantera-cor-de-rosa-chock, minhas lingeries Victoria que me fizeram sentir uma cópia do museu de cera, de uma Angel, rasgadas e devoradas pela sua fúria avassaladora-descontrolada-animalizada e totalmente-sexualmente-adoravelmente-excitante. Eu olho aquela calcinha, tão minúscula e me pergunto se a coloquei no lugar certo. Talvez tivesse sido pra usar como enfeite no pulso ou fosse pra ser usada como um broche. Mas, ao menos me deixou atraente e gostosa, tudo bem, com a mobilidade de um boneco de Durepox, mas, gostosa.
Meu rímel, minha fonte maior de dignidade e charme, desfeito em um bela caricatura panda-dalmata no meu rosto. O cheiro de sexo, amor, tesão, romance, calor, excitação e prazer espalhado pelo quarto, corredor, teto, chão, almofadas e cortinas. O meu perfume caríssimo, já se desfez no ar desde quando o Bourbon em sua boca passou a ser o único cheiro e gosto que me deixava interessada.
Eu fiz amor, eu fiz sexo, eu trepei, eu transei, eu me entreguei, eu te comi, eu te devorei, eu te quis e a gente se fez. Eu senti em sua boca o gosto da minha bebida. Nós fomos pra praia. É! Pra praia (!). Pra Marte, Azerbaijão, Campos, pra uma mesa de bilhar, pra Lua, pro centro da Terra, pro fundo do Oceano, pro Himalaia. A gente fez tudo que quis em alguns segundos de loucura.
A cera da vela essas horas já grudou nos móveis, meu edredon vermelho-paixão foi escondido em qualquer lugar da estratosfera e nesse momento não posso se quer me mexer pra procurá-lo.
E você aí deitado. Com a paz de um anjo.
Você que ontem fez tudo ficar de ponta cabeça, que fez o que nem o diabo faria, aí agora, como um anjo. Eu com alguns roxos-dente e você com alguns vermelhos-unha. A gente se tatua né? Pra claro, não deixar o meio da semana chegar sem a lembrança nítida do sábado à noite no retroprojetor.
Das pequenas coisas que me faltam agora me lembro mais da Coca-Cola 2,5L. Sinto a garganta empoeirada. Queria também um banho, daqueles que deixam a gente com ar de Spa. Mas vou ficar aqui com você até você acordar, me abraçar, me beijar e rolar comigo. Até ir pro banho e depois tomar a Coca-Cola, a Fanta ou o que Deus quiser comigo. Por que eu não quero me levantar, parar em frente à cama, achar tudo isso colorido e lindo. Olhar pra você aí deitado e te achar feio, cinza e bobo, todo tão-sem-mim...

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