quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sim, ou talvez, não.

Eu queria que você olhasse pra mim, com olhos diferentes. Eu queria que você por um instante parasse de enxergar nela todo o seu passado e comaçasse à olhar pra mim e ver seu futuro. Fim é fim. A história está terminada. E a nossa que tinha tanto pra dar certo você não quis começar. Eu me acho ridícula pedindo pra que você acorde, mas não posso te amar e me amar por você, eu preciso que você me ame. Não sei viver de algo tão vazio, não sei conviver com pequenos detalhes que não estão certos. Eu preciso que você saiba o que quer, preciso que você me queria, ou que queria à ela e que volte e seja feliz com ela. Eu preciso de mim pra mim, e preciso de você só pra você. Posso te dividir com você, mas não posso te dividir com ela. Eu preciso de nós, e não de vocês, não das suas maluquices, não da sua idéia de abandonar tudo e fugir dos problemas. Se você demonstrasse certeza, em apenas uma frase sua, eu me casaria com você. Eu abriria mão de tudo, abriria mão do meu egoísmo, egocentrismo, de todas as minhas falhas, abriria mão de tudo pra estar com você, e por você, eu faria esse sacrifício. Mas você nunca demonstrou querer. Não posso me dar à quem não me quer. Não posso abrir mão por quem não sabe nem que estou fazendo isso em seu nome. Não posso chorar, não posso rir, não posso fazer absolutamente nada que tenha relação com a sua pessoa, enquanto a sua não se encontrar com a minha e nesse encontro nos abraçarmos, nos amarmos e nos jurarmos amor até que eu morra de tanto te amar. Eu quero morrer de tanto te amar. Eu quero viver isso por você e principalmente, eu quero viver isso por mim. Eu quero sentir tudo isso, ao menos uma vez na vida e meu coração escolheu você pra ser o pivô de tudo isso. Eu tenho te amado, quieta, calada, inocente, mal amada. Eu tenho te quisto, sem você ao menos me notar. Eu tenho te desejado euquanto você está mais preocupado com sua vida do que com qualquer outra coisa. E com toda razão. Mas eu tenho feito e tudo que tenho feito, tem sido por você. Eu vou desistir. Vou dar mais alguns dias pra que essa história fique diferente, mas se nenhuma linha a mais, for escrita com plena consciência de um amor, uma paixão, um sentimento, eu vou te esquecer pra sempre. E como todos os meus contos aqui escritos, já esqueceram e mataram alguém, você também vai morrer pra mim. Eu quero sim, que seja sim, amado, mas se não for, eu vou viver, sem dançar com você, brindando à nós e nossa felicidade. Eu te escolhi pra ser meu querido... Eu não, meu coração, quero apenas que você saiba disso. Apenas disso.

Romã

C F Dm Am

Já faz um tempo
Que eu quis lhe fazer uma canção
Pra lembrar aqueles dias
Que fizemos dois se tornar um

Eu gostei do meu gosto
Misturado à sua ilusão
Entre coisa que dissemos
Só nós não tivemos tradução

Entre vontades, intensidade e amor
Restou o fim de algo que nem começou
Eu te vi louco, rouco e tão sonhador

Mas não há mais laços
Nada do que é seu misturado ao meu
Não vejo estrelas lá fora
Nem onde essa história se perdeu

Menino, o teu beijo de chiclete
Os seus cachos, o gosto de sua pele
O seu cheiro fresco de romã
Seu abrir de olhos na manhã

domingo, 15 de agosto de 2010

Para brincar na gangorra: dois

Para o sofá: colo.
Para rir: companhia.
Para cheirar: pescoço.
Para deitar: cama larga.
Para gozar: nós.
Para dormir: a paz do depois.
Para a noite inteira: certeza de você comigo.
Para o acordar: sorriso.
Para o celular: mensagem matinal.
Para a manhã: lembranças.
Para depois do almoço: um alô.
Para a tarde inteira: saudades.
Para todas as noites: sua chegada.
Para arrancar dos olhos o riso: chocolate.
Para fazer surpresa: sorvete.
Para apaixonados: uma rosa.
Para a sala: nossa música.
Para olhar e olhar e amar: você.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Para um menino com uma flor

Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente. Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com este riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente. Pode ser mesmo que isso passe, pode ser que amanhã eu acorde e você tenha ido embora. Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados. Zilhões. Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era acordar todos os dias e sentir aquele gosto de merda na boca. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar. Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. Sabe esses textos que eu publico aqui falando putaria? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria que isso que eu tô sentindo agora durasse mais de uma semana. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo de mim. Eu só queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, a mulher que divide a vaga do prédio comigo, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, a garota que fala caipira, aquele cara que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói. Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo. Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O da canga e de todo o resto. Talvez você pense que não merece este texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza. Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob's. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Contrário.

Saudade é coisa estranha. Coisa que confunde a gente e às vezes na confusão até nos liberta. Comecei me perguntando se eu iria aguentar de tanta saudade, se ia ser possível fazer essa semana passar. Passa o mês, mas essa semana, não.
E no meio dessa maldita semana, entre bebedeiras, insônia e insights eu acho que entendi. Entendi que eu nasci mesmo querendo ser livre e querendo não sentir saudade, talvez eu tenha nascido pra deixar lembranças, levar lembranças, contar histórias, mas definitivamente não nasci pra olhar pra trás. Nunca quis sentir falta.
Nasci pra reconhecer erros - eu erro muito - e talvez minha fraqueza diante à decepção me faça fugir. Me faça não me prender a coisa alguma e querer sempre mudar pro novo. Me sinto dona de nada, sinto que não tenho terra, não tenho porto, não tenho ponte, não tenho ponto. Fui feita de tantas marcas, palavras, sonhos, tentativas e recomeços que na realidade fico até perdida com quem eu sou agora. Não sei em qual época eu parei, não sei se parei, nem se tive época. Sinto tudo ao contrário.
Me dá enjoo, nojo, dor de cabeça e frio na barriga.
Talvez eu sinta que chegou a hora de me assumir, de me decidir e entender que minha vida não é um seriado de tv, com temporadas e chances pra recomeçar aos montes. Talvez seja hora de eu construir algo sério, sólido e honesto pra mim mesma e pros que eu amo.
Eu ja me enganei, muito, mas essa chance que partiu de uma saudade, eu sei que pode ter sido a última que a vida me deu, pra eu mostrar que entendi e que tenho que fazer por merecer.

sábado, 24 de julho de 2010

Quando eu te vi, acreditei.

Eu acredito na fidelidade. Fidelidade espontânea, sem cobranças ou restrições. Ser fiel porque se quer ser. Ainda acredito no amor, no companheirismo, no "se pôr no lugar do outro", no respeito, no valor do sentimento e do carinho. Acredito também, que tudo isso se constrói com o tempo, mas vai do caráter e índole de cada um. Cada um pensa e age de acordo com a sua verdade, e isso é pessoal e intransferível. Eu penso que quando estamos com alguém, supostamente, estamos de corpo e alma, e se não é por isso... Por que estar? Trair não combina com sentimento, fere todos os conceitos de sinceridade e envolvimento, faz da consciência um peso, é maltratar a si mesmo e ao outro. Estar junto tem que ser um ato de verdade, acima de tudo. Se amor não é isso, o que mais pode ser? Formas doentes de sentir não são amor, não ame o que não merece, não ame o que não é amor. E digo mais: até para amar deve haver limites. Amor desmedido é compulsão, carência. Amor passa por um lado muito mais sublime, suave, sutil. Amor é, e só. Nada mais é, como o amor é. Quem muito se doa, não dói no outro. Daquela dor gostosa, eu falo. Só quem já amou e já se sentiu amado sabe da dor que eu falo. Uma dor que não dói, que chamam os corações, de amor. E acredito, porque tudo em mim é isso.


Valdeline B.

Um eterno segundo.

Então ele perguntou, assustado:
- Você pode segurar o meu medo um instante?

E ela respondeu:
- Um instante é muito no lugar de onde você vem?
- Porque eu pretendo passar a noite, os dias e a vida inteira, aqui, com você.


Valdeline B.

Quando o amor vem.

Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio. Não há porque se defender de coisa alguma nem porque se esforçar para o que quer que seja. O coração pode espalhar os seus brinquedos. Cantar a música que cada instante compõe. Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. Andar descalço, sem medo de ferir os pés.


Valdeline B.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Saudade dele.

Ele não sai da minha cabeça, da minha alma, da minha pele. Eu que nunca sinto nada, eu que nunca quero me envolver, vejo agora as fichas caindo aos poucos, de todos os meses que eu vim o amando. Eu amo esse cara desde o primeiro sorriso, eu amo esse amor maluco que não tem começo, não tem meio, não tem fim, não tem por que, não tem palavras, não tem músicas, não tem lembranças, não tem nada, a não ser um agora. O agora tem sido o lugar onde o amor por ele tem morado, é o espaço no meu coração onde ninguém conseguiu ficar por tanto tempo. Esse é o agora mais demorado que já me vi passar. Eu estou falando de amor. Estou falando de algo que não falo sobre, mas senti que ia explodir. Sabe? Eu estou sofrendo por amor. É ridículo!!! Eu pedindo aos meios de comunicação, todos, pra que algum me conectasse com meu cupido, com Deus, com os Orishas, tentei meditação, tentei incenso, tentei sorte, tentei fé, tentei mentir, tentei dizer a verdade, pra conseguir amar, tentei tudo, pra finalmente amar alguém. E eu já estava amando. Eu já estava querendo há muito tempo uma única pessoa. Depois dele, não consegui mais olhar pra ninguém, depois de tudo, não consegui mais beijar, não conseguir fazer sexo, amor, loucuras, carinhos, não consegui nada além de dois ou três dias respirando a lembrança dele com menor intensidade. Mas tudo volta. Eu parei de escrever há tanto tempo e me pego aqui agora parada, olhando com o olho arregalado, pras coisas que o meu coração está me fazendo escrever, tentando descrever a beleza de alguém que mal lembra que eu existo. Alguém que tem um outro amor no coração, alguém que não me vê, como algo mais que uma aventura, talvez com muita sorte, como uma amiga.
Eu nunca passei por isso.
Eu não sei lidar com essa situação, de vir sonhando noite sim, noite não, com os seus olhos claros, seus cabelos loiros, seu abraço que me protegia do mundo inteiro. De lembrar todo dia, toda hora, da hora que eu acordo, até a hora que vou dormir, o nosso jeito de fazer amor. De estar com outras pessoas e fechar os olhos pra fingir que é ele quem está alí. E mesmo com toda essa coisa linda que pode haver em mim, e há, a única coisa que posso fazer agora, é ver tudo isso passando, enquanto o tempo vai fazendo as coisas aqui dentro se esquecerem. E tudo fica bem, tudo está bem.
Não precisa mudar nada, ele não sabe, eu não sabia, ninguém precisa saber.
Mas eu precisava admitir e ler o que eu mesma escreveria, pra ao menos uma vez na vida, me convencer de que fui capaz de falar de amor, pra me convencer de que não sou feita de pó de mármore, que não tenho um iceberg no lugar de um coração.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nós, e nossos laços.


Nós. Um laço forte, um nó. Nós somos mais do que o amor é. Estamos amarrados um ao outro, e nunca me senti tão livre! Essa coisa que só nós somos, que só nós temos, que não se traduz... O mais puro e verdadeiro amor. Gosto de ver suas coisas misturadas às minhas, gosto de ver seus sonhos misturados aos meus. Gosto da minha vida misturada à sua. Somos nós, laços que não desatam.


Valdeline B.

As cartas que te escrevi.


Príncipe,

Parece que foi ontem. É, parece que foi ontem mesmo. Naquela noite quente, um bar como esses, como tantos, um beijo aconteceu. Ao mesmo tempo parece que é a vida inteira. Como se a gente se conhecesse de outras vidas, de outra dimensão. Eu sei, esse tipo de coisa não dá pra escolher e se pudesse... eu não teria escolhido tão bem.
Hoje é dia de festa, e de muito amor. Hoje faz um ano, que numa noite quente e (des)animada, nossos olhos se encontravam como hoje. Faz um ano que nos conhecemos. E cá estou eu, sem palavras para falar de nós, de nossos laços.
Quero que você saiba uma coisa. Aliás, várias coisas: Foi você quem me ensinou a amar, um amor que eu nunca aprendi. É você quem me tira o sono. É seu abraço que me dá paz. É seu o único colo que me conforta, o sorriso mais lindo que eu já vi, o beijo mais doce que existe. Você é a razão da minha alegria de manhã. A força que não me deixa cair. A doce sensação de me sentir amada.
Hoje, meu bem, eu entendo que você me completa. Que sem você, eu não sei ser feliz assim. Que quero construir uma história, uma linda história de amor, daquelas de contos de fada, contigo.
É impossível não me embaraçar com as palavras quando o destinatário é você. Fico toda sem jeito. Mas também, nada que eu escrevesse seria capaz de expressar verdadeiramente meus sentimentos, são muitos e todos muito profundos, cheios de arestas explicativas. Sei sentir, não sei falar.
Eu vou pra onde você for. Qualquer lugar do mundo é lindo, se você estiver lá. Eu quero estar sempre ao seu lado. E ser sua amiga, sua mulher, sua amante, sua eterna namorada.

Meu amor! Hoje se completa a certeza de um sentimento puro, o início de algo certo em nosso coração, quero nos desejar força pra superar obstáculos, coragem pra não desistir por pouco, respeito pra sermos sempre cúmplices e amigos e verdade pra que nosso ponto final seja no fim de nossas vidas com uma história de fazer inveja aos românticos!

Te amei desde o nosso sempre e vou te amando até nosso eterno.

Da sua,
Princesa.


Valdeline B.

domingo, 18 de julho de 2010

A eternidade se fez possível.


Parece que foi ontem que estávamos no sofá de casa, sem saber mesmo o que fazer com as mãos, e com as palavras... Procurando um lugar pra nos esconder. Não sabíamos nós, ainda, que o melhor lugar para nos esconder, era um no outro. Hoje, sabemos muito bem onde é o nosso lugarzinho seguro, o lugar mais quente e aconchegante: o nosso abraço. Já nem parece que faz tão pouco tempo assim. O amor tem esse poder. Essa profundidade. Essa imensidão. O amor tem o poder de fazer da rotina, algo bom. O amor tem o poder de transformar o que é desconcertante em intimidade. Torna o que é bobo, sagrado. Parece óbvio demais, mas, o amor é lindo!
Foi esse amor que te trouxe de volta, que me levou denovo pro seu lado, e nesse amor, você me fez acreditar outra vez. Já me decepcionei tanto, com tantas pessoas e por tantas vezes, que eu não pensei que pudesse confiar em alguém como eu confio em você. Você me mostrou algo que eu pensei que não existisse mais, e hoje é meu porto seguro, você sempre foi tudo que eu nunca soube que eu sempre quis.

Valdeline B.

Saber amar.




Ele voltou. Ele voltou como nos velhos tempos, quando nos olhavamos e nos amávamos apenas por palavras. Faziamos romance, sexo e carnaval em frases e mudávamos o sentido das pequenas e grandes coisas num piscar de olhos, apenas por que juntos queríamos que fosse assim.
Ele voltou, mas não voltou o mesmo. Teve um que amei um amor errado, que me deixou louca, contraditória, perdida. Por esse eu me apaixonei como nunca antes tinha me apaixonado e esse mesmo, me fez desistir da paixão. O que voltou agora, não trouxe a paixão que eu já senti, trouxe de volta o sentido de querer bem, trouxe o amor, o amor pra se amar de olhos fechados com sorriso no rosto. Pra amar de mãos dadas, sem roupa, num beijo, abraço ou lembrança. Pra amar na saudade e continuar sendo feliz, pra sentir a falta e continuar a sorrir, pra mostrar o amor e não o negar no olhar.
Pra esse, eu acabo de abrir a porta. Abrir a janela, estender o tapete, colher lichias e jabuticabas, enfeitar a casa com girassóis e perder as chaves do meu coração. O lugar era dele, o cantinho colorido já tinha suas medidas desde antes de sabermos que nós estaríamos um no caminho do outro e agora, ele chegou, voltou, entrou, seja o que for. Agora sei que foi por ele que em todo esse tempo neguei sentir mais do que dois dias de carinho por outro alguém. Agora sei, qual é o olho castanho, o cabelo cacheado, o homem do signo de touro que cabia certinho no meu espaço, sei quem é aquele por quem eu sempre esperei. Agora sei quem pode ser aquele que veio pra fazer história comigo, pra ficar ao meu lado até que as rugas cheguem. E somos nós, que vamos sentar juntos na varanda, abraçados, cabeça nos ombros e vamos nos lembrar de como desde o primeiro momento, soubemos nos amar.

sábado, 17 de julho de 2010

Sexta.



É aí, pra piorar tudo, e me deixar mais desconsertada com a vida, ele me pediu em namoro, ele me abraçou e me beijou e me disse bom dia e me esquentou e me fez carinho. Me levou pra andar no pomar, pra sentar num banco e olhar o horizonte. Me levou pra ser feliz.
Ele quer me fazer feliz, numa sexta-feira de manhã, meu Deus, como pode?

O homem mais bonito do mundo.

Uma vez eu conheci o homem mais bonito do mundo. Eu estava sentada no chão de uma festa com pocinhas. Toda festa de noites agradavelmente chuvosas, forma pocinhas, pode reparar. E ele veio falar comigo “vai molhar a calça”. Ah, mas vou mesmo.
Se tratava do homem mais bonito do mundo, eu não tinha nenhuma dúvida. Quem poderia ser mais bonito do que ele? O Brad Pitt? Eu prefiro os mais rústicos. O Jesus Luz? Acho fraco, ele tem aquele lapso de vergonha suburbana no branco dos olhos. Não gosto de homem que se sente devendo algo ao cosmos. Homem que faz pose de topo de cadeia alimentar mas sofre as dores de uma coluna ainda arredondada pelo começo da evolução.
Enfim, tratava-se do homem mais bonito do mundo. E ele veio falar comigo. E eu estava sentada no chão. E ali mesmo trocamos telefones e confissões e eu lembro que, apesar de estar com muito sono e cansaço e desesperança com a vida, fiquei tentando descobrir o que um homem daquele nível supremo de beleza (olhos castanhos, cabelos castanhos cacheados, ombros que iam até o Chile) tinha visto numa garota bem mediana que estava sentada no chão em um dos dias de menor brilho de sua vida social.
Apliquei o teste do cotovelo (a leve roçadinha sem querer pra saber se o membro promete ou não promete). Apliquei o teste da sapiência média (você comenta que quando você olha pro abismo, o abismo olha pra você, e espera pra ver se ele tem alguma cultura de filosofia de almanaque). Apliquei o teste da bobeira erudita, uma merda qualquer que você lança no ar tipo “ai que vontade de chafurdar por essas lamas universais” e se o cara for minimamente interessante ele compra a besteira e devolve uma outra melhor ainda. Se ele for um tapado ele ri e fala algo idiota tipo “quero o mesmo que você está tomando” e daí você sabe que está, novamente, sozinho no mundo. Como sempre.
E ele, do alto de sua absurda e dolorosa beleza, foi tirando nota sete e meio em todos os quesitos. Devolveu uma besteira à altura, conhecia frases pessimistas perfeitas para uma noite estrelada e passou com certo louvor no teste do cotovelo.
No dia seguinte, já pela tarde, chegou uma mensagem de texto do homem mais bonito do mundo “seu cheiro ficou em minha roupa”. E foi então que resolvi pedir ajuda. Juntei a mulherada em casa. E todas nós, em silêncio, começamos a “googlea-lo”. Até que uma foto bem grande, dele fazendo pose, sorrindo, ocupou a tela inteira e o coração de todas nós. Algumas suspiraram. Aqueles olhos pequenos, olhavam pra mim. Algumas tiveram ataque de riso nervoso. Uma ficou bem irritada e foi embora. Outras me olharam com a miopia bem apertada tentando descobrir que é que eu tinha pra merecer aquilo tudo. Ele era realmente o homem mais bonito do mundo. Todas concordaram. Não existe homem mais bonito do que esse e talvez nunca existirá. E, ao que tudo indica, inteligente, com amigos do bem, amante da natureza e dos animais. A ficha.com estava limpíssima. Mas você viu se ele... Vi, vi, sim, ele passou no teste do cotovelo. Burro? Não. Então o quê hein? Pois é, amigas tão honestas, eu também não sei o que ele viu em mim. Tentaram uma última explicação, olhando para os meus pés “ah, vai ver ele gosta de sexo bizarro”. É, vai ver. Outra explicou assim “ah, tem tanto casal que a gente vê e não se conforma”. Pois é.
Fiquei quarenta e sete dias com o homem mais bonito do mundo. Todo mundo olhava pra ele. Homens, mulheres, velhinhos, crianças, cachorros, pombas, formigas. Ele poderia ter qualquer uma das anjinhas da Victoria’s Secret (caso além de perfeito fosse trilhardário também... não era o caso, mas era bem de vida) mas preferia estar comigo. Ele definitivamente não tinha nenhum problema sexual, aliás, muito pelo contrário: fazia parte do seletíssimo grupo de homens que, apesar de não fazer feio em medidas, são adeptos do sexo minimalista (aquele que sabe o valor da delicadeza pontual, ritmada, paciente e amorosa), entendia os filmes do Hitler e me explicava as palavras mais difíceis das músicas da Cat Power.
Tudo ia muito bem até que um dia, na fila pra comprar uma bomba de chocolate numa padaria da Bela Vista, eu resolvi explodir aquela relação. Ele era tão bonito que me...que me...que...sei lá. Lembro que na hora pensei algo assim “ah, má vá ser bonito assim lá na puta queo pariu”. E ele foi.

domingo, 4 de julho de 2010

I'm sorry.

I never needed you to be strong, I never needed you to be pointing out my wrongs, I never needed pain, I never needed strain, my love for you was strong enough you should have known.
I never needed you for judgement, I never needed you to question what I spent, I never asked for help, I take care of myself, I don't know why you think you got a hold on me.
And it's a little late for conversations, there isn't anything for you to say, and my eyes hurt, hands shiver, so look at me and listen to me.
I don't want to stay another minute, I don't want you to say a single word, there is no other way, I get the final say.
I don't want to do these any longer, I don't want you, there's nothing left to say, I've already spoken, our love is broken.
I never needed your corrections, on everything from how I act to what I say, I never needed words, I never needed hurt, I never needed you to be there everyday.
I'm sorry for the way I let go, of everything I wanted when you came along, but I am never beaten, broken, not defeated, I know next to you is not where I belong.
No more words, no more lies, no more crying.
No more pain, no more hurt, no more trying.

sábado, 3 de julho de 2010

Angústia

Eu fico olhando pro lápis, como se eu pudesse arrancar com ele minhas angústias. A verdade é que eu não sei viver do desespero e muito menos do egoísmo. Estou me sentindo indiferente à tudo e todos hoje. Me sinto só. Dói tudo por dentro do meu peito, e do meu estômago também.
Tem palavras que estão presas na garganta, vírgulas que estão me magoando e pontos finais que não foram bem colocados. Tudo tem hora. Pras vírgulas, pras reticências, pros etcéteras, pros pontos finais.
Não sei se sou inteligente a ponto de saber a hora pra essas coisas todas, são muitas. A verdade é que, hoje não me sinto bem.
Hoje, eu queria que dormir fosse me fazer milagres, que sonhar fosse me trazer paz e que acordar fosse me trazer esperança. E rezo pra que realmente seja assim. Eu preciso ser sábia, preciso saber quais as palavras, preciso de segurança, preciso de paz. Deus, o Senhor está lendo isso agora, eu sei, e muito antes de eu escrever, eu sei que o Senhor já tinha feito essas palavras na minha cabeça e no meu coração.
Por favor, me ajuda. Eu não quero mais passos errados, não quero mais noites mal dormidas, não quero mais me sentir rodeada de gente e tão sozinha. Se for pra ser assim, tudo bem, me dá força pra agüentar, mas se não for, me abraça hoje e me faz dormir sem esses sentimentos ruins.
Eu preciso de luz nessa minha vida, mais luz ainda, por que nem tudo está iluminado e nem tudo está me fazendo bem.
As coisas vão encontrar seu lugar, enquanto isso, espero, angustiada, ansiosa e com medo de que em algum momento, eu mude de idéia sobre tudo e desista daquilo que eu tentei tanto conquistar.
Valor pra coisas, muito valor, enquanto eu as tenho, pra não valorizá-las depois de ter perdido.

Será que eu dou conta?

Chorar não resolve. Falar pouco é uma virtude. Aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo. E o que não mata, com certeza fortalece. Às vezes mudar é preciso, mas tenha claro que não se pode mudar o comportamento de ninguém. Nem tudo vai ser como você quer, e a vida continua. Pra qualquer escolha se segue alguma conseqüência, vontades momentâneas não valem à pena e quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Uma vez que você faça algo que alguma pessoa não esperava de você, ela nunca mais te verá da mesma forma. Perdoar é nobre, mas esquecer é quase impossível. O discreto chama sempre mais atenção, nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal. Todo amor é grande quando você o torna importante, quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida. Você pode ser a melhor coisa que pode acontecer pra alguém, não é preciso perder pra aprender a dar valor e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida e o que nunca deveria ter entrado nela. O tempo sempre será o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado. O mais interessante disso tudo, é que às vezes, quando tudo dá errado acontecem coisas tão maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo.
Assim espero.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O que importa mais.

A mesa rodava, as luzes insistiam, os barulhos iam cessando como um prêmio e as pessoas tentavam me aquecer. Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas só tinha olhos para os pêlos do seu braço. Eu olhava como quem não olha e me dizia baixinho: olha eles lá, olha lá os pêlos que eu tanto amo sem mais e sem fim.
Matei finalmente a saudade do seu dedão. Seu dedão meio largo, meio torto, com a unha que preenche todo o dedão. Eu amo o seu dedão, amo sua unha meio roxa, amo a semicircunferência branca que sai da sua cutícula e vai até o meio da sua unha, amo a sua mão delicada que sai de um braço firme. Amo que os pêlos da sua mão pareçam meio penteados de lado.
É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos.
E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano.
Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você.
Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua. Como eu queria dobrar aquela esquininha com você, de mãos dadas com os pêlos penteados de lado da sua mão.
Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu.
Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso. Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu.
Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.

Amém.

Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe ate que a morte os separe? Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence à você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amiga e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem está só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que relacionamento algum elimina?
Promete que lembrará de tudo isso e não usará essas palavras apenas pra se mascarar e depois desistirá de tudo isso quando cansar?
Sendo assim, te declaro: Madura.

Abominável homem das neves.

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.
Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode!!!
Vinte anos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ama meu ciúme. E eu não tenho, não sei ter! É tão obcecado por mim que nem lembra direito o nome de qualquer outra mulher, como eu teria? Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. Vou à academia. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar?
Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

Malboro Light

Brincos, unhas, perfume e batom. Tudo no lugar. A bolsa, as chaves, o Malboro e a buzina. Eu saio saltitante, como uma gazela, e vou ao encontro de mais uma esperança. O convite dessa vez foi bem diferente. Nada de jantar, cinema, motel ou bar. Um show! E lá fomos nós. Cadeiras cobertas, cerveja na mão, o cantor no palco, nem uma letra em minha mente. Um Malboro me esperando na bolsa, louquinho pra ser sugado pelo meu pulmão de lady. "Você vai fumar?", que tipo de pergunta é essa? Se o cigarro está entre meu dedos, o isqueiro nos dedos da outra mão com o gatinho apertado, é quase todo caminho andado pra resposta que ele quer ouvir. Ou não.
Vi um franzidinho na testa, uma entortada na boca e uma distanciada típica de pessoas geração saúde.
"Vou fumar sim! Quer um?", e aurea de reprovação permaneceu. Nessas horas eu começo a me perguntar, por que não fizeram todos os homens sem sensores? Se é o perfume doce, reclamam, se eu estou gorda, avisam, se a sola do pé não está uma pedacinho de soft, advertem, se a minha voz é muito aguda, se irritam, se eu fumo, me abandonam.
Contornei a situação, com o fim da noite predestinado em minha mente. Um beijinho no rosto e um tchau digno de uma pessoa sentida que entra em casa e não volta mais.
Todo o resto já virou um saco pra mim alí. Credo! Cara chato, sem graça, certinho, ranheta, chiliquento, que pirraça!
Mas ele é tão charmoso...
Talvez, por hoje, eu possa não fumar mais, vou fazer um agradinho.
É unha esperando pra ser roída, salto que não para de batucar no chão, joelhos inquietos fazendo a dança do Lago do Cisne, enrola cabelo daqui, coça a testa de lá. Ansiedade, tensão, mágoa, desespero, trauma, depressão. Quero um cigarro!!!
Um só e eu seria tão feliz...
Mas já está acabando. Depois daqui vai rolar um sexo maravilhoso, eu sei, e toda essa tensão vai acabar.
Good Night Brazil! E o tão esperado FIM-DO-SHOW.
"A noite foi maravilhosa!", eu falo com aquele sorrisinho de Miss Brasil, lembrando por dentro do quão crápula, machista e insensível ele foi com meu vício.
Meus Malborinhos na bolsa, com aquele sabor de pavê de chocolate, decepcionados com minha fraqueza e traição.
Eu menti. Me enganei e os enganei, só pra ter com quem me roçar no fim da noite. Agora já está feito. Foi cruel da minha parte, mas os meninos vão entender.
Motel! Vira a direita, entra com o carro. Minha cabeça já começa a liberar a endorfina, a dopamina, a noradrenalina, a morfina, a serotonina e todas as inas que tavam em baixa até agora.
E dá-lhe adrenalina! Tira a roupa, se joga na cama, arranha as costas, abaixa as calças, pega a camisinha e...
E cadê? Cadê???
Ele se levanta sem a menor cara de decepção, me olha, pede um cigarro, me larga na cama, à margem de mim mesma, com meus milhares de hormônios à mil, vai pra varanda e fuma.

Edredon.

A Cat continua pedindo pra Aretha cantar mais uma pra ela. O meu quarto virou uma pintura abstrata de Monet, coisa que a gente ama com a testa, os olhos, as rugas e o coração. A imagem deixada, foi a de um furacão que passou depois dos 6, 7 ou alguns drinks a mais e transformou o ambiente em uma interrogação. Mas como eu disse, acabo amando, né? No fundinho amo com a segurança de uma mulher boba e apaixonada.
Amo a sua meia da Nike jogada ao lado da cama com os pelinhos arrepiados, os copos dos drinks no criado mudo, a cueca azul calcinha (o tipo de coisa que já tá errada em sua essência) alí em cima da minha pantufa da pantera-cor-de-rosa-chock, minhas lingeries Victoria que me fizeram sentir uma cópia do museu de cera, de uma Angel, rasgadas e devoradas pela sua fúria avassaladora-descontrolada-animalizada e totalmente-sexualmente-adoravelmente-excitante. Eu olho aquela calcinha, tão minúscula e me pergunto se a coloquei no lugar certo. Talvez tivesse sido pra usar como enfeite no pulso ou fosse pra ser usada como um broche. Mas, ao menos me deixou atraente e gostosa, tudo bem, com a mobilidade de um boneco de Durepox, mas, gostosa.
Meu rímel, minha fonte maior de dignidade e charme, desfeito em um bela caricatura panda-dalmata no meu rosto. O cheiro de sexo, amor, tesão, romance, calor, excitação e prazer espalhado pelo quarto, corredor, teto, chão, almofadas e cortinas. O meu perfume caríssimo, já se desfez no ar desde quando o Bourbon em sua boca passou a ser o único cheiro e gosto que me deixava interessada.
Eu fiz amor, eu fiz sexo, eu trepei, eu transei, eu me entreguei, eu te comi, eu te devorei, eu te quis e a gente se fez. Eu senti em sua boca o gosto da minha bebida. Nós fomos pra praia. É! Pra praia (!). Pra Marte, Azerbaijão, Campos, pra uma mesa de bilhar, pra Lua, pro centro da Terra, pro fundo do Oceano, pro Himalaia. A gente fez tudo que quis em alguns segundos de loucura.
A cera da vela essas horas já grudou nos móveis, meu edredon vermelho-paixão foi escondido em qualquer lugar da estratosfera e nesse momento não posso se quer me mexer pra procurá-lo.
E você aí deitado. Com a paz de um anjo.
Você que ontem fez tudo ficar de ponta cabeça, que fez o que nem o diabo faria, aí agora, como um anjo. Eu com alguns roxos-dente e você com alguns vermelhos-unha. A gente se tatua né? Pra claro, não deixar o meio da semana chegar sem a lembrança nítida do sábado à noite no retroprojetor.
Das pequenas coisas que me faltam agora me lembro mais da Coca-Cola 2,5L. Sinto a garganta empoeirada. Queria também um banho, daqueles que deixam a gente com ar de Spa. Mas vou ficar aqui com você até você acordar, me abraçar, me beijar e rolar comigo. Até ir pro banho e depois tomar a Coca-Cola, a Fanta ou o que Deus quiser comigo. Por que eu não quero me levantar, parar em frente à cama, achar tudo isso colorido e lindo. Olhar pra você aí deitado e te achar feio, cinza e bobo, todo tão-sem-mim...

O coiso.

Quando eu conheci o coiso pela primeira vez, eu tinha 20 anos. Digo pela primeira vez, por que o coiso é bipolar. E no dia seguinte, já era meu aniversário. Comemorei logo pela manhã tomando um café na padaria em que eu o havia conhecido no dia anterior. Conhecido o coiso um, então, no dia dos meus 21 invernos, conhecí o coiso dois, que mal se lembrava de mim e de fato não mantinha o sorriso amigável de um senhorzinho com cara de vovô que rola no chão com os netos. Ele um dia é o coiso um, no outro dia o coiso dois. Passamos então a tomar café toda manhã na esquina na Dr. Arnaldo, coversávamos e discutíamos lamúrias, jornais, medicina, yoga, filosofia, desmatamento e gloabalização. Dependia da personalidade ativada no dia.
E era bem divertido nos dias "um", em meio à nossa correria urbana, tomarmos o tal café com chantily falando sobre o que não se fala com ninguém. Ser aconselhada pela sabedoria Jedai, advertida com palavras amorosas e guiada por um mentor que parecia querer firmar meus pés, me formando uma boa garota, era uma terapia free pack, que me enchia de entendimento e cafeína. Típico de um professor de colégio tradicional, que por mais de 40 anos guiou crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos, para a maturidade.
Eu falava dos meus homens, descasos e porres. Ele falava do trabalho, da conta na farmácia e do gato velho que estava fazendo acupuntura.
Passavamos nossos 73 minutos diários, dividindo o cotidiano e o impessoal, as bobalheiras de uma garota, os assuntos sérios de um velhinho, o coiso.
O coiso dois é tipo aquele tio avô rico chato que você até queria que morresse pra curtir a vida com o que ele tem debaixo do colchão, mas ao mesmo tempo você pensa: e como é que eu vou ser feliz sem a minha tristeza - pensamento intimista de uma garota que não tem mais com o que se preocupar e acha que o centro do mundo é seu piercing no nariz - sem o meu tio avô ranzinza que guarda alegrias embaixo do travesseiro, desejando que todo o resto do mundo morra infeliz, sem tê-las encontrado e sem ter achado graça em qualquer outra coisa durante a vida? Ele protege o mundo da simplicidade com medo que a maluquice saia de moda. Qualquer coisinho que existe desde 1982 tem medo de sair de moda.
Então, deixa o cinza lá, deixa o coiso lá. Pelo menos eu sei onde ele está, a moda velha está segura e o seu cheiro de mofo sai no dia seguinte e volta com tema descontraído e amigável. Pior é se ele morre no dia "dois" e resolve me assombrar.
Bom, eu estou escrevendo pra dizer que hoje, o coiso não foi. E eu não tinha com quem falar sobre meu dia e todas as outras coisas que me fazem palavras. Ele não foi, e se ele não vai, eu também não vou, à lugar algum, nem à mim mesma e ainda por cima fico sem sentido, fico um dia todo, totalmente sem sentido. Eu olhei mas ele não estava lá. Esperei e não, o coiso não coisou. Tomei um café preto apenas, que era o trocadoo que eu tinha - senão não teria pro ônibus querido - e fui andando com a sensação de vazio, de quem não tinha sido repreendida, compreendida, reprovada ou amada, pela bondade infinita do coiso.
Hoje o coiso me fez acordar às sete da manhã. E não apareceu. Ah, esse coiso maluco. Nem dormir eu posso mais, pois ele não me deixa atrasar. E hoje ele não foi.
Talvez hoje eu não durma de preocupação.
Resolvi que amanhã eu vou quebrar o pau com ele. Chamarei o coiso e o colocarei no seu devido lugar de professor. Vou falar, falar, falar e falar e dizer que aos amigos e alunos, não se abandona. Fiquei perdida, como ele pode fazer isso? Vou mostrar pra ele quem manda.
E sabe o que ele vai fezer? Falar, no maior cinismo, que não tinha botado inseto imaginário nenhum nos meus sonhos pra eu não dormir, que não tinha pedido pra eu dar uma de herói e salvar uma xícara de café a cada dia pra que ela não ser degustada por um desentendedor da arte e que se ele não apareceu, era por que tinha mais o que fazer. Tinha sua dentadura pra esfregar com Veja, tinha seu sapato pra engraxar na praça, tinha jornal pra resgatar da fúria do cachorro do vizinho e eu que realmente precisava dele, que desesperadamente precisava saber viver hoje, era quem estava ficando louca.
Eu pensando bem, não vou contrariar não. Hoje foi o vovô amável que me deixou plantada, ele deve ter tido um real motivo importante, pra não me avisar. Eu não quero correr o risco perder, nem mesmo o pior dos dois e amanhã quem vai estar lá, não vai lembrar de Freud, Yoga nem do significado ímpar que uma garrafinha de Heineken tem. Vai estar estressado, louco, vulcanico e rochoso. Vai apenas ser o coiso dois, frio, indiferente, comum, paulistano e odiado - até a meia noite e sua carruagem de abóbora - ele vai se estressar e não vai se perdoar, por ter sido "um" e ter faltado, por ter deixado à solta a coisa, a louca, a maluca, a frenética, a psicopata, que ele teima em dizer que nos dias pares, vive em mim!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Máfia do amor.

Tem momentos em que eu queria ter poucas palavras. Eu me viraria com apenas aquelas, básicas e não iria me perder em explicações complexas e irrelevantes, sobre o que eu acho do amor.
O amor é uma besta desenfreada, é um bicho não castrado, é uma cobra venenosa, é um infarte, um desastre, um caos, uma erupção vulcânica, é o lado mais maudoso da vontade de qualquer criador, é a maior perfeição imperfeita que existe.
E eu adoraria não tê-lo conhecido, nem ao amor, nem aos olhos azuis. Que são coisas distintas, mas inspiram a mesma quantidade de pecado e paixão.
A diferença entre o suposto amor e os tais olhos azuis, é única e exclusivamente quanto um se contem no outro. E tem também o quanto eles despertam de desestabilidade em seres inocentes, indefesos e que gostariam de estar mais anônimos que um trombone.
Nós, esse pobres seres, somos estraçalhados feito bifes, sem o menor escrúpulo e retidão mediante a infestação desses sentimentos. O amor e os olhos azuis. Ambos, sentimentos.
O amor, é um sentimento até que bonito, coisa que diz-se pura e benéfica, que trás alegria e plenitude. Os olhos azuis, um sentimento de charme ímpar, diz-se verdadeiro, sensato e firme, que está aqui pra nos fazer bem e nos ajudar a passar essa vida com mais diversão.
Os dois, charlatões.
O pior é que o amor vem em bando e por hilário e irônico que seja esse sentimento plural, "olhos azuis", vem sozinho. E perfura nossa paz, nosso sono, nossa clareza e decência moral.
É pior do que o próprio diabo e mais forte que a própria essência da palavra tentação.
E cá ficamos nós. Mudos e sem descrição - como vocês podem perceber - daquilo que passamos a sentir.
Eu não quero mais viver assim, estou pensando numa macumba, numa oração, num passe, numa tentativa de me livrar do encosto e me ver bem longe desse negócio do outro mundo. E eu sei bem que vou conseguir, esperta que sou, vou sair à francesa disso como se nada tivesse acontecido e ainda vou sair cantando o hino do Azerbaijão pelas ruas só pra satirizar.
De todo esse mal que ele me fez, tem um revelador e que eu considero o mais cruel. Esse sentimentozinho infeliz, desse tal de "olhos azuis", me fez reviver. Eu que gostava da minha vidinha cinza, surda, amarga e solitária. Eu que gostava de dar nó em vento e murro em ponta de faca, mas sozinha, fui obrigada a rever cores, amarelas, vermelhas, azuis, todas coloridas e muito fortes e o pior, fui obrigada a ouvir canções, frases assoviadas pelo vento e palavras pautadas no coração.
Fui obrigada a falar do amor. Eu que nem citava esse dito cujo por medo do azar. Essa peste espanhola, esse tango da morte, essa feiúra do além. Fui obrigada a reconhecer que a solidão é bem melhor a dois e que no meu coração faltava um tanto de emoção.
E eu mato. Mato esses olhos azuis, mato o amor, mato quem for preciso matar pra me ver livre dessa coisa florida toda. Ou mato à mim. Me jogo da ponte, do precipício, me jogo no rio, num monte de jacarés ou até mesmo o pior: me jogo nos braços dele. Daqueles olhos azuis, pois, pensando bem, é sacrifício demais, impossível demais, cansativo demais, ir contra o que já me envenenou. Talvez esse aí, seja bem mais esperto e treinado que eu. Pode ser que ele apareça sozinho pra enganar e seja ele quem manda nesse tal de amor, nessa gangue do bonitinho. E se não morrer pelas armas dele, posso depois ser pega à força e aí será vergonhoso, posso acabar morrendo da pior forma possível - o que não desejo à ninguém - que será nas mãos da máfia, do temível e destruidor, amor.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desabafo, ódio e tatuagem.

Eu ando cansada das mentiras
De te ver se enganar com suas idéias mesquinhas
Seus ideais cheios de palavras bonitas
E sentidos vazios

Eu andei cansada de me sujeitar
De me abraçar sozinha
Me confortando e protegendo do seu surto
Da sua amargura e melancolia

Andei sendo mais senhora, menos menina
Andei sendo mais homem, menos mulher
Fui mais monstro, menos gente
Mais crueldade e menos amor

Hoje, eu odeio qualquer coisa que se ligue à você
Odeio qualquer frase barata e alcóolica
Odeio o amargo, a loucura e a depressão
Por que o pouco disso tudo me faz sentir quem você foi
E eu tenho nojo

Odeio toda tatuagem em minha mente
Suas lembranças sujas em minhas palavras
Estas marcas que você deixou e eu estou escrevendo agora
Essa frase podia ser feliz

Espero que se livre do ácido, da bebida e da bunda
Espero que se mate enforcado em seus dramas
E que sua desgraça te faça acordar
Espalhando cacos pelo chão
No dia em que atirar sua coragem no espelho

Se apaixonar por si mesmo é fulga
É egocentrismo e egoísmo pra não colecionar inimigos e rivais
É medo da decepção e escolha pela eterna solidão
Mas é merecimento seu, essa foi sua luta

Você venceu e como você queria
Está sozinho, derrotado e tão sem gosto quanto um nada
Andam dizendo que o inferno é o melhor jeito para sair
Vou dar uma olhada ao redor e me informar pra você!

Eu só peço que não faça disso seu sentido pra viver
Seu sentido é o ódio, continue a viver dele
Minha loucura, é minha e não te compete
Não diz respeito algum à quem você é

Vou muito bem, obrigada, sem seu amor ou indiferença
E não tente se explicar, pois aqui dentro você não vale nada
Não tem mais nada a conquistar
Te desejo apenas a morte, é o único desejo que tenho por você

Desejo que chegue ao fundo de tudo isso
No fundo do poço que você cavou
Só assim existe uma esperança de que você renasça
E pela paixão pela arte, talvez
Eu possa ter ainda compaixão pra te dar
E estar aqui ainda pra estender as mãos
No dia que você pedir perdão e conseguir enxergar tudo o que tudo significou, lá atrás.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu também.

Você achava que éramos o oposto dos opostos do oposto de tudo, que nos matariamos de brigar ou que nos ignoraríamos infinitamente, como se nenhum de nós fosse absolutamente um nada ao cubo. Eu também. Também pensei que não fossemos mais que adoçante dietético, um par de chuchus, uma música chorona da Sandy, desodorante sem cheiro, filme de amor romântico que tem final feliz e essas coisas sem graça, sem sal nem açúcar e totalmente desnecesárias, um pro outro. Eu sei que você achava que qualquer voz fazia mais diferença, que qualquer cabelo de praia era mais bonito, que qualquer camiseta do AC/DC tinha mais personalidade se nada disso estivesse relacionado à mim. Eu também. Também achava que o super-homem, os bateristas e os cabeludos e recentes carecas, deviam ser extintos da face da Terra, por que eles desagradavelmente me lembravam você.
Todas as diferenças do mundo se resumiam à nós. Que você gostava de rock, cerveja e mulheres ( ou, pré-fabricações delas ) eu sabia e também sabia que eu não gostava disso. Pois, por você ser assim, eu era obrigada à ver seus olhos brilhando às 23:00hs na porta de algum bar onde eu estava pelo mesmo motivo que você, e em todo santo lugar que eu fosse até mesmo pra fugir, eu me dava por derrotada, caçada e perseguida. Não que você fosse tão importante, não! Meu mundo não se resumia à você, se resumia apenas às nossas incompatibilidades às sextas-feiras à noite. De certa forma sua presença me irritava, incomodava, me transtornava, mas nada que exemplificasse importância, relacionada à sua pessoa, neutra.
Que eu gostava de rock, cerveja e homens ( ao menos pré-fabricações deles ) você também sabia e nós formávamos uma linda dupla provocativa, mesmo quando o foco não era a provocação.
O que acontece depois de muito tempo de raiva e charme é claro e certo: ou guerra, ou amor. O nosso caso tinha uma tendência suicída para a guerra, pros socos, pontapés e pedaços espalhados pelos cantos. Assim, bem trágico, por que nada que viesse de nós, seria morno. Sem meios termos: ou mata ou faz viver.
Mas, como a vida surpreende e esquisitos nunca somos nós, num dia lá estávamos, frente à frente, baixando a guarda dos porquês, desabafando alcoólicamente, nos querendo raivosamente, nos acariciando desconfiados.
Em meios às sobras e cacos de nossa primeira tentativa ridícula de entendimento, eu vi duas pessoas. Vi, de verdade uma pessoa em você e me vi te mostrando outra. Você se mostrou, eu também. Duas pessoas que não se conheciam, mesmo com uma longa trajetória no playground. Dois corações que não se adaptavam, não se percebiam, não se assimilavam e não sabiam se quer por que não se queriam.
Era tudo igual e diferente. Tanta diferença que nos fazia ser idênticos. Gênios, olhares, atitudes, sarcasmo e a forma de gostar tão espelhada e paralela quanto as listrinhas dos canudos do Mc Donald's.
Não bastassem as cervejas, o rock'n roll e os passeios soltos pelo salão, os dois ratinhos agora rodopiavam entre os "tambéns" desconhecidos até então.
Por trás de todas as antíteses e deselegâncias, todas vistas e desaprovadas, existiam outros: um você e um eu, elegantes, charmosos, sinceros, dignos e patéticamente agradáveis um ao outro.
Por mais que agora existissem coisas que não fossem iguais entre nós, até mesmo estas desigualdades infelizes se tornaram parecidas e começaram à ser vistas com bons olhos.
Você, gosta de pimenta com frango, eu de frango com muita pimenta. Você, se despede de mim ouvindo Stare Too Long, eu ouço Stare Too Long pra te sentir por perto. Você ama Campari e Jack Daniels, eu, amo te ouvir cantando, e... quando você toma alguns deles, você canta mais e eu me divirto na mesma proporção!
Você não sabia que eu ia gostar de ver o Evans e o Rampage se matando e eu também, desconhecia sua propensão à Cat Power e Elysian Fields. Você queria ver o Quentin sair estapeando a garota, eu, meio contra meus critérios de educação, quis tanto quanto e no mesmo minuto e segundo que você quis.
Você queria liberdade, eu também.
Você queria personalidade, eu também.
Você queria não ter ciúmes, queria não ser controlado, queria uma companhia, queria uma companheira, queria poder dizer sim e dizer não, sem maiores problemas e chateações e queria que alguém entendesse tudo isso que você queria, em seus mínimos detalhes sem achar absurdo e impossível essa pessoa existir. Eu também!
...Só não queria a companheira, mas de resto, queria tudo igualzinho!
Você não esperava se surpreender, esperava ter o controle, ficar firme e instranspassável como um muro. Eu também. Mas somos ratos e como bons ratos fizemos buraquinhos, minúsculos e impercepitíveis pra gente poder passar, buraco pequeno que fosse, pra ninguém perceber quando passassemos pro lado de dentro. Eu vi, que além da boa vontade, vencer a fortaleza dos nossos muros requeria estar preparado pro que viria depois. Fui pega de surpresa.
Desde então, somos casca e banana, unha e carne, companheiro e companhia, amigos, ouvidos, abraços e diversão.
Mais do que ter alguém por perto, ter um namorado, ter um ficante, ter um parceiro, ter uma paixão, um amor romântico, um amor destruidor, muito mais do que qualquer dessas palavras signifique, encontrei em você o que faltava pra eu entender que existem pessoas que nos fazem bem pela simplicidade de estar alí. Não falo de almas gêmeas, não falo de romantismo, nem de casamento, nem de filhos, nem de casa no campo, nem de lua-de-mel na Suíça. Falo de ser alguém de verdade, com quem realmente quer te conhecer. De ser quem vocô gosta de ser ao lado de quem você gosta de estar.
A gente aconteceu, do descaso pro acaso, da loucura pra insanidade, do incerto pro mais sem nexo ainda!
E eu vou ficar sinceramente feliz, se você pensar nesse instante que não nos imaginava juntos nessa história e que agora ela é surpreendemente super 10, pois, eu preciso, terminar esse texto, concordando com você e seus pensamentos e dentre as nossas afinidades, preciso terminar dizendo mais uma vez um: EU TAMBÉM!

domingo, 30 de maio de 2010

Farol

Nem que eu passe horas tentando achar a bendita da palavra certa, não vou encontrá-la pois ela foi embora de barco à vela! Ontem à noite. Foi sim. Eu a vi pegando uma toalha, uma escova de dentes, um palito de fósforo e um abridor de latas e-se-foi! Eu estava tentando entender o silêncio que estava láááá no fundo do meu coração e tanto reclamei que nem vi quantas palavras sonoras eu havia usado pra isso. Que silêncio? Se estivesse quieto e calmo agora essas linhas acima não estariam rabiscadas aí. E quanto às de baixo? Como eu devo usar? Há um dilema sobre se eu falo de você ou de outra pessoa. Mas e se a outra pessoa achar que é você e você achar que é a outra pessoa?


Vou embora de barco também, espera só deixa eu pegar um shampoo.


Vou mesmo! Vou largar mão de conflitar com minhas idéias pra tentar provar em letras meus sentimentos superiores. Ego! Sem superioridade menina. EU não quis dizer isso quem quis foi o eu. pequenininho. eu de minúscula. Não o EU grandão.

Magina, todo humilde o pequeno eu querer se sobressair assim. E tanta euforia por que eu queria falar sobre minha loucura. É! Eu estou ficando louca e rouca. Não é demais? Louca de tanto falar de sentimentos e alma e tudo o mais que é tão doce e belo e rouca por roubar os detalhes sórdidos, reais e desafinados dessa água com açúcar!

Mas a questão toda é que ontem eu comecei a prestar atenção no farol e tinha uma pessoa lá dentro, eu vi quando a luz passou pela janela. E eu quero ir lá ver quem é. Sem escrúpulos, no crepúsculo, sem medo, sem bondade nenhuma e sem alguma maldade. Quero ir de cara e coragem saber se é lobo ou lobisomem, se é menino ou se é homem. E nada de falar de mim.

Nada de provar a beleza do amor e o brilho nos olhos de ninguém. Perdi tempo tentando provar e agora é hora de voltar a fazer. Já peguei mesmo meu shampoo. Hora de mergulhar e ir nadando até lá. Chego mais rápido do que se eu esperar o barco da palavra fugitiva voltar! Vou deixar apenas a lareira acesa pra quando eu vier pra cá denovo. Terá luz e a casa estará quente e talvez eu com frio. E se eu não voltar, ao menos saberão que um dia estive alí.

Sem falar coisa com coisa, será que você entendeu? Não precisa. Não entenda. 
Atenda a porta! Apenas saiba que sou eu.
E aqui embaixo, tocando a campainha, sou quem você está ouvindo chegar!

OI!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Silêncio

Silêncio. Agora eu tive que me calar, tive que dizer tudo que sei pra mim mesma e reavaliar meu discurso. Pra onde tudo está caminhando? Tenho medo do pequeno amanhã, mais medo ainda do daqui a pouco e um perplexo pânico de me sentir derrotada por não tentar. Porém agora quero ficar em silêncio, apenas pensar, apenas meditar, apenas reavaliar, apenas ficar cega pra poder enxergar.


Cada dia que passa, meu coração e o meu corpo todo ficam num estado de felicidade maior do que imagino estar, tanta coisa que não cabe no meu irreal mundo real. Tudo é tão impossível que só se torna possível por que meu mundo não tem limites.



Acho que não quero dizer nada, é, é só isso. Estou me calando aos poucos, por que tudo que eu penso ocupa o tempo da minha cabeça o suficiente pra eu não poder controlar mais o que digo. Então não digo, só que tem algo que ainda não falei, tá engasgado e não sei o que é...


Talvez quando eu disser algo um dia e sorrir profundamente, vou saber que era isso. 


Talvez.

domingo, 18 de abril de 2010

Certas Canções

Certas canções que a gente quer escrever
Não saem tão bem planejadas
Não falam de tudo que o coração precisa dizer
Não saem tão bem declaradas

Eu precisava na verdade entender o por quê
Entender, se era eu quem te amava
Por que fiquei aqui, tão só, sem você
Por que fiquei tão cheia de nada

Eu que queria me casar
Eu queria te fazer feliz
Eu que cheguei a sonhar
Eu que fiz o que fiz