quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mais uma vez o amor

Disseram que era coisa natural
Fumar cigarros e me embriagar
Passar a noite vendo o claro de nós dois
Uma vez que esqueci de nos amar

E com o áspero dessa história
Aprendi a sempre desconfiar
Quando o destino debocha de nós
Prometendo o que não se pode apalpar

Mas eu li numa pequena frase
Palavras de amor para mim
Dizendo que você não me esqueceu
Que talvez esse não seja nosso fim

Do seu rosto já quase não me lembro mais
De seus braços, dos abraços, seu sorriso
Mal me recordo da felicidade
De pensar estar no paraíso

Mas me disseram que você ainda me ama
Pode ser verdade?
Que você ainda me ama?
Mais uma vez o amor
E você denovo me ama

Quando virei sua inspiração
Você virou o meu amor
E isso é mais que a razão
E eu te amo
Te amo

O amor

O amor é coisa jovem
De passear no parque
Não se preocupar

O amor é coisa nova
A cada vez que acontece
Parece enganar

O amor é coisa de pagão
Por que quem crê
Mal pode amar

Por que o amor é coisa de louco
Abstrato que só ele
Pra atordoar

O amor é coisa pra nós
Que ainda achamos graça
Em ter tudo nas mãos
E de repente só fumaça

Meu vício

Você é minha luxúria
Meu desvio de caminho
Meu vício, minha droga
Meu mal e meu carinho

Você é todo o meu erro
Minha volúpia e libido
Eu te aspiro e desmaio
Te soletro num gemido

Eu gosto do seu gosto
Da minha língua na sua boca
Vem, eu provo que te bebo
Seu amargo me provoca

Meu corpo reclama sua falta
A falta da minha droga mais cara
Eu te quero que vendo a alma
Tanto que o sangue até dispara

Gosto mesmo é de nós
Do nosso jeito de enroscar
Palavras em meias frases
Mentiras pra nos adoçar

Você é minha doença
É minha sagacidade
É minha lembrança
De uma paixão de verdade

Quem sabe viver

Eu conheço os barbudos,
os sem barba e os esquecidos.
Conheço os verdadeiros,
os mentirosos e os vividos.

Conheço os maduros,
inexperientes e os sábios.
Os que falam manso,
os que confundem e os tarados.

E sei bem quais deles fazem minha pernas tremer
Sei bem quais meu corpo gosta de escolher

Eu conheço os famintos,
os que tem sede e os insaciáveis.
Conheço os grosseiros,
os geniosos e os maleáveis.

Eu sei de cada desculpas,
da instabilidade e do tesão.
Sei o caminho da calça,
do cinto e do botão.

E eles todos sabem bem o que meu corpo quer
E sabem bem onde suas mãos devem se perder

O norte e o sul de todos
O amor e ódio de cada um
Sei tudo
Já conheci
Quem diz que não sei viver
Peca por não saber
Tudo que senti
E o quanto me diverti

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bailarina

Eu vim pra cá sozinha
Sem nem saber dançar
Vim eternizar histórias
E ganhar outras pra contar

Deixei um pouco de saudade
E trouxe um pouco pra não faltar
Ouvi falar que nessa cidade
As pessoas não sabem mais amar

Com a pontinha dos pés, devagar
Vim pintando flores no papel
Vim ser a estrela no mar
Vim ser uma estrela com céu

Presta atenção quero contar
Que eu fiz planos pra você
Que passarinho deixou de voar
Bailarina parou de ser blasé

Não resta muito soldadinho
Senão encerramos a conversa
Sabemos o fim do conto
E nos sobra apenas pressa

Saiba que tenho ainda planos
Não dançar mais em caixinha
Não ser boneca de pano
Não ser capricho de menininha

Uma dança pra comemorar
Que essa guerra,você venceu
Romeu conseguiu não amar
Mas Julieta chorou por Romeu

E de prêmio eu me daria
De brinde ia um coração
Roupinha, pose e sapatilha
E o que chamam de paixão

Não quero ser bela e notada
Serei feliz mesmo pequenina
Se eu for pra sempre sua amada
Pra sempre sua bailarina

sábado, 10 de outubro de 2009

Mentiras

São várias luas
Em poucos céus
Com poucas estrelas

Tantas dúvidas
Sem por quês
Só besteiras

Mentiras
Você só me diz mentiras
Mentiras demais
Mentiras

Muitos sorrisos
Esquecidos
Apagados

Seus abraços
Nossos sonhos
Abandonados

Já não sei não te querer

Eu sei que é você
Já nem penso em te perder
Dei certo o passo
Que encontrou meu bem querer

Eu sei que é você
Pois já nem penso em amar
Outro alguém, outro olhar
Não sobra espaço pra sonhar

E foi quando eu te vi
A primeira vez que eu senti
Que eu...

Já não sei não te querer
Já não quero esquecer
Dos beijos, retratos em mim
Te deixei mostrar o azul
A estranha métrica de um blues
De um conto sem fim

Nossas palavras são um nó
De pensamentos quase sós
Que se encontram no jamais
E se reconhecem como iguais

Nossas vontades irreais
De querer sempre o nunca mais
Parei o tempo pra pensar
Em quais mentiras devo usar

Por que o que quero te dizer
É que não sei entender
Por que eu...

Já não sei não te querer
Já não quero esquecer
Dos beijos, retratos em mim
Te deixei mostrar o azul
A estranha métrica de um blues
De um conto sem fim

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Intimidade

Sussurros
O gosto do vinho
Do céu, do mel

Apenas eu
E você
Em mim e nós

Do jeito que me quer
Cada parte do que sou
Soa como mulher
Que tem o que sonhou

Seus cabelos
Cada fio
Cheiro e arrepio

O balanço
Nosso rítimo
Íntimo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

...Indefinições...

Será que o amor é definível?
Flores foram criadas segundo uma pré-definição de alguém, os pássaros também, como ia funcionar o ódio, a vaidade, também já tinha sido decidido e por que somente o amor, dizem não ser definível?
Eu vejo muito mais além do indefinível do amor, vejo medo de encontrar respostas e verdades dentro de sí, sobre suas frustrações sobre o amor, é o mesmo que ter que enfiar a mão no rio pra pegar algo que caiu lá e achar que não corre risco de acabar sendo mordido por algum bicho de lá de dentro.
Procurar as verdades sobre o amor dentro de você é correr o risco de mexer em um assunto que vai trazer outras lembranças. Acho que é pra poucos a coragem de definir o amor, é pra poucos o caráter de questionar o que outras pessoas já disseram que era verdade. Eu vou mais além; existem poucas pessoas questionáveis verdadeiramente e essa grande maioria que não é, passam a ser sem sombra de dúvidas, as pessoas que não sabem se relacionar.
O amor nada mais é do que o respeito, a inteligência emocional, pra saber até que ponto ir com o coração de alguém, até que ponto levar as esperanças no seu coração. E existe um limite chamado fim, que quando algumas pessoas chegam, não são capazes de enxergar, preferem achar que a esperança resolve tudo e na realidade, só se entregam pra um fim mais doloroso, que chega a ser tão triste, quanto se tivesse terminado naquele momento que deveria.
Agressão, infidelidade, descaso, indiferença, são resultado de um amor mal compreendido, de uma incapacidade intelectual de entender que o fim chegou, de que os limites do amor eram isso e aquilo, pra poder ter parâmetros comparativos pra olhar e pensar: meu amor não é mais isso.
Difícil encontrar em pessoas, a facilidade de se expressar sobre sentimentos, de saber realmente do que está falando, de ter as certezas necessárias pra defender seu sentimento.
Eu ganhei um livro há 3 anos, e havia esquecido ele num canto, incrível como cabia uma vida nesse livro e eu nunca dei bola pra ele, de repente eu o encontrei e em apenas 3 horas ele tinha mudado tudo. Aprendi com ele toda a definição e a indefinição do amor. Todos os meus conceitos e minha reflexões puderam vir à tona e eu pude entender uma vida em segundos. A complexidade das palavras, a forma certa de definir algo, estava tudo alí, entre linhas e letras.
Pra se definir o amor, tem que se prestar atenção nele. Por várias vezes, eu simplesmente deixei de lado e me esquivei de prestar atenção pelo medo de resgatar minhas lembranças, pelo menos de encontrar algo que pudesse ser mais uma vez decepção, só que tem hora, que é bom aprender. Tem hora que é bom arriscar e pular de cabeça nesse mar, com a certeza apenas de que pode haver uma pedra bem ali e você pode se machucar.
Hoje aprendi, que o amor vale o quanto podemos pagar e se as coisas não são pra sempre, se nossas alegrias às vezes são repentinas pelo menos valeu, cada segundo que vivemos a felicidade, cada momento que pudemos fechar os olhos e abrir o coração pra sorrir.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Medos

Eu ando me sentindo estranha pra ser sincera, cheia de uma coisa toda pra dizer e pra sentir, mas tem horas que não cabe no meu coração tudo isso e ela sai pelos dedos criando raízes e voando pra longe de mim, me perco, de meu próprio controle.
Fico sem saber o que fazer, como se as palavras fugissem de mim, e saíssem correndo pela Avenida Paulista, atravessassem as ruas pulando e eu não fosse capaz de ir atrás.
Tem dias que eu me acho totalmente bipolar, mas vai ver é só a confusão de sentimentos novos, tem algumas coisas que a gente precisa aprender a lidar, tem outras que a gente precisa a conviver com facilidade, mas tem horas que simplesmente não dá.
Tem horas que me sinto no meio, num x, como se estivesse entre a Bela e a Santos, numa encrusilhada entre minhas felicidades e meus medos, a merce de ser atropelada pelo amor. Cheio de velocidade e com seu motor super potente, eu o vejo passando por cima de mim e dando ré pra se garantir de ter me amassado bem.
Por que na verdade, é sempre assim, no auge dos sentimentos mais felizes vem a tal da pulga, a insegurança e esta, sem ter ao menos piedade massacra nossos sentimentos, faz tudo que é lindo se tornar duvidoso, faz tudo o que é coragem virar cisma, faz tudo que é vontade, virar medo.
Eu luto contra, com todas as minhas forças, mas de vez em quando as palavras soam estranhas dentro de mim, como algo que talvez eu não seja capaz de não acreditar.
Tô afim de ficar cega, afim de não saber de mais nada, de simplesmente ignorar todo e qualquer fato que vá atrapalhar minha felicidade, ando sentindo uma necessidade enorme de ser alguém com mais coragem, ando precisando de mim por inteira, da menina completa, ando querendo viver.
Quero tanto, que talvez eu resolva a qualquer hora pular do alto de mim e eu me mate.
Me livre dos meus fantasmas, do meu ego, do meu passado, das mentiras que me contaram e talvez assim, morta, eu volte à saber o que é a vida.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mulherzinha

Ligo antes das cinco pra não parecer que ele é a última opção da minha agenda. Dou três opções de restaurante e ele escolhe logo a primeira. Combino de passar umas oito e meia, mando uma mensagem quando estiver na esquina. Aviso que vou atrasar dez minutos. Embico na garagem pra ele não tomar chuva. Pergunto se o ar condicionado está muito forte. Dirijo com uma mão no volante e outra na perna dele. Elogio que ele aparou um pouco a barba, coisa que ele adora pois fui a única a reparar. O manobrista do restaurante abre primeiro a porta dele. Se assusta que é um homem onde eu deveria estar sentada. Entrega o papel do estacionamento pra mim, contrariado, enquanto meu parceiro já está bem distante. Escolho fumante pra agradá-lo mas por sorte sou informada que essas mesas não existem mais. Digo a ele que tudo bem, podemos ficar no frio, na parte de fora. Ele diz que ELE não está a fim de sentir frio e topa não fumar. Eu chamo o garçom e digo que para mim carne e para ele salmão. Eu escolho a taça de vinho dele, eu não vou beber porque estou dirigindo. Eu pego na mão dele, depois da taça estar quase no final, e pergunto se ele não quer ver a linda vista da minha sacada. Ele sufoca um bocejo charmoso e diz que sim. O garçom entrega a conta pra ele, que aperta os olhos pra enxergar com a lente embaçada. Eu ofereço ajuda pra ver os números e numa agilidade impressionante enfio meu cartão ali dentro e faço a carteira de couro desaparecer da mesa. Incluindo o ticket do estacionamento. Ele está com frio e ofereço meu cachecol novo. Ele elogia o perfume e continua com frio. Entendo que são duas aberturas para o abraço. O carro chega e a porta dele já está aberta pelo manobrista, a minha eu mesmo abro com dificuldade porque os carros tiram a maior fina do meu corpinho congelado. Morro de vergonha que o carro está com cheiro ruim, pra variar, o manobrista sacaneou. Abro os vidros e não digo nada pra não ser rude. Coloco música baixinha pra gente falar baixinho. Paro na farmácia pra comprar camisinha mas dou a desculpa que é um antigripal qualquer. Ele faz que acredita e espera dentro do carro comportadinho e sorrindo. O cara do caixa quer me lançar um olhar mas na hora tem medo de me encarar. Acendo as velas novas que ganhei. Coloco minha estrela azul na tomada que dá o clima perfeito. O cd novo do Beck. Ele está nervoso, comentando sem parar das minhas fotos e livros e cortinas. Eu faço ele parar de falar finalmente. Depois de tudo, ofereço levá-lo e me faço de ofendida quando ele cogita um taxi. Ele pergunta se pode dormir comigo, eu apenas sorrio e apago a luz. Ele acende a luz e pergunta se pode ligar pra avisar uma pessoa. Ele liga pra mãe, que não gosta muito. Ele volta envergonhado pra cama. Mas eu, educada, finjo que já estou dormindo. No dia seguinte eu ligo pra dar bom dia. Ele me avisa que vai viajar no feriado. Eu pergunto com quem e ele diz que aí já estou querendo saber demais. Ele volta a ser homem. Eu desligo e, aliviada, choro como uma mulherzinha.

Você tem nome

Eu gosto de como você se empresta para a minha vontade de sentir de novo. Saio da sua casa feliz porque estava frio e roubei uma blusa com duas respingadas velhas e já lavadas de óleo.
Eu gosto da sua barriga porque você consegue a santíssima trindade da barriga perfeita: maduro, intelectual, sarado.
É o labirinto onde eu fico quando você acha que eu não estou ali. Entre seus ossos e músculos.
Você é um preguiçoso, espalhado tão elegantemente com as cuecas largas, em seu sofá com almofadas de mocinha. Absurdamente animado com milhões de coisas maravilhosas que você lê ou escuta pela metade, querendo saber tudo ao mesmo tempo pra esquecer mais rápido e de uma vez. Querendo não saciar das coisas, pra caber mais do resto todo que nunca chega. Você tem a noção mais bonita de insuficiência e exagero que já vi. Você tem o desapego pós empolgação menos levado a sério que já vi. Mas isso tudo é escondido pelos seus olhos de desligamento.
Você tem todos os gominhos no lugar como se fosse um garoto de academia. Isso me faz rir embaixo do edredom, olhando a tirinha suicida do meu sutiã que se jogou solitária e antes da hora. Você fez a escolha da vida dos homens desgastados e pra dentro, mas é como se os deuses te mandassem, ainda assim, doses diárias de uma beleza que me surpreende a cada vez que tento te transformar em qualquer coisa da minha tarde. Não precisa pente, banho, esteira, sol, peso, gilete. Você acorda naturalmente com a beleza que eu só tenho, ao acordar, se acordar duas horas antes.
Eu gosto de você porque são tantos milhões de coisas que você sabe, mas você fritou e não diz nada. Você sabe tanto que tem preguiça. Eu percebi que minha ansiedade é a típica da garota boba que leu nove livros, sabe de sete músicas, viu quatro filmes, conhece dois lugares e acha que ainda ama um homem. Quem sabe mesmo, nem começa a dizer.
Você faz com você o que faz com todos os livros. Para na metade. Assim sobra tempo de assassinar minha roupa e depois dormir enquanto eu conto os pedaços pela casa. Meus e das minhas histórias.
Então eu gosto de você, de novo, porque não falamos nada. Você porque dormiu de novo ou quer demais. Eu porque quero de novo ou dormi demais. Você porque sabe muito. Eu porque não sei porra nenhuma.
E o portão enorme de vidro se fecha com você meio curvado, malditas costas. Faz minha vigília até o carro como um pai e isso me dá vontade de voltar. Parece errado, mas pra mim, pros defeitos que me formaram e por isso mesmo é só o que posso sentir quando sinto sem script, sinto que as plantas estão onde deveriam. E meu carro, e tudo. Se encaixa. Eu sou o senhor cabeça de batata esperando seu bigode encaixar em mim pelas mãos das crianças que nunca deixam de brincar com os velhos brinquedos de verdade. De novo, levando a pureza bem a sério pra pelo menos existir um pouquinho em meio a tudo isso. E eu, você não sabe como te agradeço, vou escutar música alta no carro e nem reparar que o sinal abriu.

Eu só queria saber

Uma dia eu me perguntei porque ele não mais me ligou.
E me perguntei tanto que quando eu o vi, quando tive a assombrosa oportunidade também tive que perguntar à ele. E foi quando ele olhou pra um chiclete chinfrim no chão e pensativo me disse:
- Não te liguei porque você disse que eu andava como alguém que esconde que já foi gordo, ria como alguém que precisa ser aceito apesar de ter nascido muito pobre, dava linguadas no ar como um sapo querendo pescar pequenos insights para impressionar mocinhas, espremia os olhos como um míope que não aceita as próprias limitações, estalava os dedos como quem tinha perdido a hora do soco, pegava como um homem que perdia perdão por ser homem, dirigia como um ejaculador precoce, mudava as estações do rádio como um infeliz que tenta até o fim, penteava o cabelo para trás como um estilista histérico, falava devagar como um estudante fritado de tanta maconha, enfiava a mão em você como um inexperiente que odeia a ex namorada, beijava como alguém que queria dormir de tédio assim que conseguisse qualquer coisa, lambia como um peão mal educado e morrendo de calor, gemia como alguém que tenta expulsar algo dos pêlos do nariz, dormia como um bebê com tromba de elefante e fazia xixi como um elefante com tromba de bebê.
E ele se foi e me deixou por alguns segundos encarando o mesmo estorricado chiclete velho da calçada. Naquele momento eu aprendi três coisas para o resto da minha vida: eu era bonita, eu era insuportável e eu era uma escritora.
O mais maluco é que fiquei feliz e vitoriosa como se tivesse acabado de ganhar uma aliança de amor eterno, seja lá o que isso quer dizer.

Amor

Muitas são as vezes em que tentamos dizer não, por algumas vezes até somos capazes. Dá pra negar pra todo mundo, dá até pra negar pra nós mesmos, só que, se enganar, é um trabalho árduo e esforço inútil.
Uma hora o que era gostar, vira querer, que vira saudade, que vira pensamento, que vira felicidade, que vira amor. Amor a gente não esconde. Confuso que é, trapaceiro que é, pega a gente desprevenido, nos coloca de ponta cabeça num aquário e tenta nos afogar. Até que a gente abre a boca e fala, pros quatro cantos, fala gritando até, por que já que é pra ser dito, que seja dito com todas as letras e em caixa alta: estou amando sim.
Assim que a gente acaba de falar, vem um sentimento de ser o alguém que falou mais alto quando todo mundo ficou quieto, quem falou besteira que não era pra todo mundo ouvir. Mas, de fato, o susto maior é pela descoberta, quando nos pegamos amando o mundo parece ser novidade, a gente vira bicho perdido na floresta, vira bebê recém nascido, vira uma pessoa apaixonada.
Apaixonados são bobos, são gente burra, que não sabe nem o caminho de volta pra casa, pessoas tão desnorteadas quanto uma bússola quebrada e são esses, os mais felizes. São esses que cantam "I can´t take my eyes of you", são esses que acham graça em cada detalhe da natureza, no pôr-do-sol que nunca tinham reparado, no cachorro latindo, no lindo gato folgado, no bichinho no catchup. Que lindo é o céu da minha boca, cheio de palavras estreladas, o balanço que tem no parque, as frases melosas e amorosas, os abraços de moleton, os beijos de verão.
Tudo se torna tão colorido quanto o mundo de Alice e a alma fica florida. Os segundos ficam eternizados, em momentos que são insuperavelmente mágicos. O porta-retrato, com a foto dele, o sorriso que não devia ter ficado sem um beijo, o olhinho pequeno de quando ele sorri, o cabelo bagunçado, a correntinha no pescoço, as carinhas de felicidade, as promessas de abraços longos e beijos na testa.
Cadernos podem ser escritos e de fato cada conversa deveria ser anotada, são livros que venderiam milhares de cópias, tanta identificação os outros apaixonados encontrariam. Tem momentos de silêncio, calados por dúvidas, por saudade, por um beijo ou simplesmente por um olhar tagarela. Daquele que conta que na nossa alma as coisas andam diferentes do que a boca medrosa está querendo falar, aqueles que nos entregam algemados pro outro coração, nos dá de bandeja pra que o amor faça o que bem entender.
Todos deviam se privar do amor, deveriam evitar sentir, deviam tentar não se envolver com essa coisa, pois é quase um crime. Todos deviam negar se apaixonar, deviam querer não enxergar o seu igual, pra que o amor os pegasse de surpresa e mostrasse que com ele não se brinca.
Todo mundo devia ser controlado pelo amor um dia, devia ficar burro, devia enxergar sons, ouvir cores, dançar salsa, merengue, cha cha cha, rumba, devia querer ir pra escócia ver homem de saia, devia querer ir pra holanda pra tirar leite de vaca, devia sentir, ao menos um dia na vida o que é querer o mundo todo em suas mãos e sentir que é capaz de tê-lo.
Se cada um, ao menos um dia na vida, fosse manipulado pelo amor, se despisse de suas armaduras, se sentisse impotente e se deixasse como um barco à vela, seguindo o rumo do vento e do mar, haveriam pessoas sempre capazes de colocar em um único abraço, toda sua vida, sua história, seus medos e alegrias. Seriam capazes de viver, isso que se chama vida entendendo que mesmo não sendo de princesas e de príncipes, os nossos sonhos podem ser reais, como são nos contos de fadas, como nossa vida com amor, pode ser.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pra ele

Existe algo pra ser falado
E minha cabeça está dando voltas
As palavras não podem ser vagas

Milhares de sons e cores
O mundo ao meu redor
Os signos e as estações

E eu espero saber como dizer
Sem eu mesma poder entender

Que fiz essa canção pra alguém
Por que estou amando
Tudo indica que é isso
Essa canção é para o amor

Com as poucas palavras que tenho
Capazes de descrever o que sinto
Tento dar sentido

Mas quando o amor souber
Que eu fiz uma canção pra ele
Talvez queira me ouvir cantar

E eu espero saber como dizer
Sem eu mesma poder entender

Eu fiz essa canção pra alguém
Por que estou amando
Tudo indica que é isso
Essa canção é para o amor

Outra palavra não ia ser exata
Pra falar o que estou sentindo

Encontrei o amor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Me conhecer

Ele disse: é, te conhecer de verdade. Ver se a gente se dá bem mesmo, confirmar o que eu penso de bom sobre vc, que é certeza que vou, mas ainda me sinto inteiramente curioso sobre você.
Muito estranho de entender?


Eu disse: não.
Por que eu sei bem quem eu sou e eu sei que eu causo isso, tão clara que eu sou, que deixo dúvidas.
Eu me impressionaria se eu visse todas as facetas que tenho, todas tão claras e tão confusas. Gosto na verdade é de me enganar, gosto de pensar que sou uma coisa quando sou outra e depois passar a ser as duas, de verdade e de mentira. Sou muitas e todas me completam. Não me engano não, eu me orgulho disso tudo que sou, por que todas construiram em mim uma mulher segura e me deram total direito de ficar fraca hora ou outra e ser mulherzinha, por que sei, que depois fica fácil pra eu retornar à minha realidade. Não tenho que ser uma só e na verdade tudo que sempre busquei agindo assim, é o que sou hoje, feliz. Isso me faz singular, sendo tantas, sou ainda assim singular, por que minha capacidade de me adaptar e mudar tudo toda hora, me fez ser tão forte e corajosa quanto todas. Eu tenho vários problemas, muitos deles eu escondo pra ninguém saber que eu tenho e outros aprendi a lidar, assim tento me mostrar perfeita. Não sou. Não sou nem tão insensível quanto pareço, indiferente, fria. Não sou.
Eu sou totalmente mole, apaixonável, insegura, tímida, esperançosa, espero por um amor lindo, de rir alto de tanta alegria, de coisa de contos de fadas, de abraçar e ficar feliz, andar de mãos dadas com um sorriso na testa, quero o tal do príncipe encantado, o mocinho que toca violão, o que fala de coisas inteligentes comigo, o cara que olha pro céu estrelado e fica falando que uma daquelas estrelas sou eu, eu sou cafona, pra caralho. Mas as coisas, as pessoas não são mais assim, então essa menina, eu guardei dentro de mim, quietinha esperando o momento de se mostrar. Nem tudo dessa menina, me atrai, mas tem dia, que sinto falta das coisas românticas, um depoimento no orkut, uma msg no celular, uma ligação, uma carta, um carinho, eu espero isso, mas não conto, por que quando conto, eu me iludo.
Mas dessa vez eu seguro a barra, conto aos quatro ventos como uma boba denovo, só pra deixar você e o mundo saberem, tá?

Em meios à tantas Isy's, eu confundo à todos e à mim mesma, a única constante que permanece em mim é a que eu vou contar, pra todo mundo entender:

Sou constantemente mutável, de idéias variáveis, sentimentos instáveis, formas inimagináveis e nada que eu fui, serei com facilidade, por que eu só sei me recriar e viver do inesperado. Corro do que fica parado e não permaneço nunca dentro de uma só pessoa que sou, pra que o tédio não me alcance, pra que o passado não me lembre e pra que as marcas não me desencoragem à seguir e chegar tão longe eu queira ir!





Te saber

Minutos são dias
Quando palavras não vem
Confusas melodias
À espera de alguém

O dono de cada letra
O alguém que ainda não sei
Te sinto, te sei completo
Me apego ao que sonhei

Será que vou te reconhecer?
Depois do inverno, me vi mortal
Quem sabe ao menos possa ver
Que é você, o meu igual

Você me deixa com saudade
Do que ainda nem senti
Me falta cada olhar teu
Aqueles que nem ao menos vi

Te quero bem mais do que sei
Saber tudo que pode pensar
Vontade de te conhecer
Saber tudo que quer me falar

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

...quando felicidade vem...

Quando a felicidade chega...
Ela chega com ar de paixão, de amor, de carinho, de mágica. Um encantamento que você não sabe de onde vem, quanto tempo vai durar e aquele sorriso e o frio na barriga parecem eternos. Longos, mesmo curto que seja o sonho. As músicas felizes fazem sentido, violão é quase que comida e cantar é matar a sede, como se música fosse saciar o coração, encher de perfume, de cores um tempo de tristeza e vazio.
Tudo fica tão delicado, suave, a felicidade plena é leve. Como se parar no tempo fosse deitar simplesmente e ver as nuvens passando, tipo tarde ensolarada no campo, com um quê de pôr-do-sol na praia.
E tudo é motivo de rir, tudo é motivo de olhar por horas a mesma coisa que você olha há anos e nunca reparou, motivo de brincar com os cachorros, de abraçar todo mundo, sair cantarolando minutos de amor, quarto, cozinha, sala à fora.
Quando a felicidade chega, ela trás sono d e belos sonhos. Um sono de poucas horas que seja, que parece ter valido por noites interas durmindo com uma coberta fofinha, num travesseiro macio. Faz dos sonhos apenas uma extensão das suas vontades, de poder abraçar quem está longe naquele momento e poder sentir aquilo real, o suficiente pra acalmar o coração.
As palavra coração, sonho, amor, sorriso, rir, abraçar, pensar, sentir, ficam constantes nas escritas de um indivíduo feliz. Chega a se fazer pleonasmos com as palavras, onomatopéias dos sentimentos e todas as metáforas pra exemplificar coisas de uma forma mais bonita, somente pra mostrar pra todos que lerem, que você esstá feliz.
Fica exposto, em gestos, em olhares, atitudes, palavras que algo está acontecendo e que é muito bom. E em muitas vezes não sabemos nem explicar, mas só de viver isso e se sentir completo, basta.
Não é necessário explicar, não é preciso nem ao menos entender, só sentir, viver cada detalhe, intensamente e deixar a felicidade ficar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

...Fim...

Eu queria conseguir falar, juro que queria. Mas o que posso fazer se minha incapacidade de expressar ultrapassa minhas vontades de te fazer entender? Eu queria muito que você soubesse o que é isso, queria que você soubesse que conviver na indecisão de quem você é não é fácil como parece, queria que você soubesse o que eu sinto e como eu vivo cada momento das suas confusões.
Me beija? Eu preciso dizer isso? Preciso te implorar carinho, tanto quanto te implorar perdão? Por que você é melhor que os outros? Não sei o que consigo ver senão encantamento. Magia, macumba, arte de duendes, desgraça da minha alma.
Te ter alí e não te ter aqui, tão perto quando o limite de enxergar além dos seus olhos, quanto ver sua alma, quanto sentir seu sorriso me aquecendo o coração. Noite de festa, noite de procura, caça aos tesouros perdidos e aos segredos começados. Não sentir frio, não estar só, estar no escuro mas sentir-se seguro. Não sentir. Não pensar. Não falar. Não desvendar tão além de suas risadas, pequenas palavras,  o fim.
A cada melodia me afastar mais e mais de sua afinação, de nossa afinidade, te ver ir longe, mesmo ainda sorrindo, longe, além-mar, de poder entender onde.
Me ama, por favor me ama. Me dá atenção? Pelo amor de Deus olha pra mim por que dói, ou me deixa ir sem ver. Mas não sorria por que eu fico, se você me disser oi, eu fico.
Fico por você ou pela minha necessidade de manter viva quem eu sou de verdade, a minha carência real de mim. Mas eu vou entendendo, a cada capítulo, que o todo que sou é maior, do que a parte que você é em mim e pra mim.
Te quero sim, vai dizer que você não sabe?
Mas meu coração decidiu se desapegar, juntos temos mais um capítulo pra escrever, do qual você não faz parte, no qual lua alguma, nem céus estrelados, podem mudar o fim da história, o meu encontro com a felicidade.
Meu encontro com o eu, com o mim, com quem sou eu pra mim.

Procura-se

Está difícil remar contra a maré. Sinto que meu barco de papel começa a ficar à deriva. Então tento escrever algumas palavras que ainda existem em mim. Está dificil! Há nuvens escuras no céu da boca, as palavras faltam, o tempo se desfaz e o aceno desaparece.

E o pequeno barco de papel segue para dentro do oceano.

Estou à deriva de mim. Os caminhos se perdem. Minha sombra desapareceu. Sou uma mulher sem sombra. Uma mulher sem sombra não é nada. Minha sombra fugiu de meus sapatos sem rumo, como se eu não existisse. Tomou vida própria e foi viver sem minha presença. Acho que ela fez bem. Salvou-se de mim.

Sou uma mulher sem sombra num pequeno barco de papel. Sigo me guiando pelas estrelas. Vejo cinco luas cheias no céu, mas sei que nenhuma delas existe. Mas me guio pelas últimas estrelas, principalmente as cadentes, as que desaparecem para sempre. Menina cadê você?



Eu respondo: se você me vir em algum lugar, por favor me avise que preciso conversar algumas coisas comigos. São coisas sem importância nenhuma, mas preciso conversar comigo. Ando à minha procura. Se alguém me vir, por favor me avise. Da última vez que me vi eu vestia um casaco bege. Caminhava sem destino e levava um violão nas mãos. Quem souber de meu paradeiro por favor comunicar.




Eu não sei de mim!

...Vazio...

A gente vai vagando pelo mundo esperando tanto e não tendo nada e uma hora a gente acaba por não esperar nada pra não se frustar mais. Quando é o limite, em que a vida nos faz uma surpresa? Quando você está tão lúcido a ponto de conseguir reconhecer que a vida não está pregando uma peça?
Há tanta coisa que dói, um vazio imenso que fica depois das frustrações, depois que você resolve acreditar e vê que não era a hora ou quando você resolve desistir e descobre que estava quase lá e desistiu cedo.
Eu já não sei mais de que forma quero viver, por dentro sinto um vazio tão cheio de nada, uma confusão tão grande, não sei pra que lado eu vou, ando me sentindo um cachorro perdido no meio da multidão.
Não tá nada bom o que eu tô sentindo, nem música sai de minha tristeza, depois disso tudo é só silêncio. É acreditar que pessoas são increditáveis e passar a ver que você está se iludindo todo o tempo que cria uma expectativa de que pode ser diferente.
Nada é. Nem belas conversas longas, nem milhares de afinidades fazem algo mudar. Existe muito fogo, muita paixão, em belas palavras e sentimento de um carinho imediato mas isso tudo passa tão rápido quanto chegou.
Há ainda quem acredite, quem sonhe com tudo isso e ache que valha à pena, mas no meu caso, sinto que isso se resume à mim somente, pois não sou capaz de ver vingar uma semente da verdade que eu plantei.
Você tem estado aqui? Pra onde você foi que não posso mais sentir? Se calou há tanto tempo, não cuidou mais de mim, não me fez mais acreditar na luz do Sol que ia alegrar as manhãs, era o que você ia dizer se me visse chorando agora.
Ia dizer que não sairia do meu lado e eu ia ficar bem. E sabe? Se você estivesse aqui, eu já estaria tão bem, estaria tão feliz quanto eu pudesse descrever.
Sinto saudade, de tudo que vivemos juntas, eu e você. Felicidade, você foi pra mim o alguém mais querido que tive e te tive por tão pouco que mal pudemos conversar e você me ensinar mais sobre você.
Eu, vou caminhando por aí enquanto isso, por quanto tempo você ainda precisar pra aparecer denovo. Eu te espero, se você me prometer que minha esperança por mais que pareça em vão vai servir pra alguma coisa.
Tá quieto aqui, sabe?
Por favor volte.
Ao menos me dê um sinal de que você sabe o quanto preciso de você, de que sabe que no meu coração ficou só o vazio de quando você se foi.
De que sabe que agora todo o resto, é só silêncio.

domingo, 23 de agosto de 2009

...tema e teoria...

Fiquei sem tema, sem a letra certa pra começar a frase por alguns momentos de solidão, de vazio solitário dentro do meu eu. Me vi como um camaleão parado à frente de um arco-íris: confuso. Tudo confundia e dava voltas e tornos, contornos nas minhas linhas imaginárias, arestas tão ofuscantes que não permitiam ver a forma das coisas.
E tanto falei, questionei que nem vi passar o tema na minha frente, de bicicleta rodou, rodou, o parquinho, desceu a ladeira, numa bicicleta antiga, de rodas grandes e rodinhas, por que era um tema novo, que mal sabia andar ainda, tão pouco com suas perninhas, quanto mais com suas rodas grandes. E foi, passou e voltou. Aí eu reparei.
Reparei que há muito martelava em minha mente, algo que eu não sabia como expressar mas consegui reduzir há algumas poucas palavras claras. Falei, falei, falei e tudo o que eu falei foi querendo dizer sobre uma teoria que eu tenho, aqui comigo.
O quão longe está minha cabeça de meu coração? A ponto de regrar e riscar minhas possibilidades de ser feliz? Esse espaço, toda a distância entre os dois me fez um vazio, tão grande que me perco até bem mais que num labirinto e a confusão por não ter opção chega a ser maior do que se eu as tivesse.
E fica uma lacuna, palavras ressoando no eco, cheio de dúvidas pairando no ar.
Eu queria a certeza de que mesmo instável que fosse, como ao certo eu gosto, eu saberia onde ir. O que não suporto não é o medo das possibilidades, não é olhar pro futuro e ver um escuro sem nada pra me guiar, me incomoda é o fato de agora não sentir que mesmo sem orientação de como chegar, eu estaria indo para o lugar certo.Dói, de uma amargura desesperadora.

"Já li tudo. Já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito. E agora o que faço?"

Esse nó no peito e um engasgado na garganta. Me oriente ou me desoriente de vez, aperte o tal do stop ou ao menos me deixe em stand by enquanto não é seguro que eu vá, antes que eu mesma me jogue no forward. Coloque um ecstasy no meu café e me mate de loucura, faça algo ao extremo, mas faça. Me mostre os extremos, me mostre que você é capaz de chegar lá, talvez das minhas teorias e dúvidas, a minha incerteza de seus extremos seja a pior dor. Me mostre o ouro e o latão, a morte e o renascimento, quente e frio, você é capaz de sentir? De se ver? E ver dentro de você a bipolaridade, a loucura? Ela me domina, me fascina, não escrevo por que tenho amores lindos e mornos, por que minhas histórias são de Romeu e a coitadinha sofredora, não! Eu escrevo por que dentro do meu coração há um som rouco e tudo está grave, por que no meu corpo tem um vestido florido, minha insanidade toda e você. Você no meu corpo, você é capaz de entender a poesia do que não se pode ter? 
E é por eu ser maluca, que nunca sei qual a primeira letra que quero usar pra começar, mas sempre, depois da primeira vírgula me vejo exposta feito uma puta, desgrenhada, de maquiagem borrada e coração dilacerado.
Se sou ao menos capaz de enteder que nada faz sentido e que não tenho as respostas, ou as perguntas certas, me contento.
Assim é o amor. 
O tema, na teoria.
Assim é a dor.
A confusão, na prática.

sábado, 22 de agosto de 2009

Morrer de amor.

Eu me deitei e por uns segundos apenas estou fora do meu próprio corpo, parar um pouco no ar e olhar pra mim, eu preciso disso agora. Olhando bem, por um certo tempo começo a não perceber nada. Estranho, não era pra olhar pra mim mesma e perceber algo? Ao menos, algo. Qualquer coisa que seja falável, qualquer coisa que eu pudesse escrever aqui agora. E é isso, um grande buraco negro em minha mente, um momento de total apatia.
Eu estou assim, alí estatelada, olhando, olhando e não vejo absolutamente nada em mim, um grande vazio ocupou o ambiente e o lençol que descobre meus pés começa a não fazer sentido, se está frio. E se está frio por que não sinto? Minha expectativa se juntou à água das tulipas e fiquei alí nadando com os vermes daquele vaso, tentando entender onde foi que deixer de existir.
Em que momento eu morri dentro da sua caixa de veneração? Morri sufocada talvez ou fui tão venerada que você esqueceu de colocar meus morangos mofados pra me alimentar alí no meu potinho vermelho, na porta de ferro, na pequena janela de correr. Você talvez tenha esquecido de sustentar minha esperança e eu fiquei fraca, fui acabando, fui chegando ao fim, fui me desfazendo de mim mesma.
Sabe? Eu não sou um Hamister, me desculpe mas não sou sua experiência e vagando por aqui agora, gostaria de te lembrar sobre algo que há muito me esqueci, eu tenho alma. Alma esta que não sei se sou agora ou se meu espírito conviveu com ela ou ainda se agora sou espírito e convivi, mas tive uma alma que se despedaçou em migalhas de pão seco e os ratos comeram.
Ela acabou, assim como eu. Provavelmente nos acabamos juntas, provavelmente nós cortamos juntas à fita de chegada. E então foi isso. Morri de amor.

Morte que não existe, mas me apagou os dons, os sons e virei fél.
No céu há uma árvore colorida, com grama verde embaixo, sorte de quem morre e pode ir pra lá e ler Shakespeare na sombra. Eu não irei. Por que morri de amor. E a causa da minha morte causou minha desgraça, por que meu pecado foi tão grande que me tirou a vida e não me deixou ao menos arrepender por ter sentido isso.
Quis me arrepender de te amar, te odiar, te querer sentir, desejar todos os pecados carnais com você e não estar, não ter, não ser, alguém pra você. Não pude me arrepender da íra, da luxúria, da vaidade de ser seduzida por seus verdes. Não pude pedir clemência e explicar à Deus que eu não queria ser um filme nem queria as palavras de um script escritas em meu corpo e você me lendo, cada detalhe, ponto e vírgula em minha pele. Me lendo e se aprofundando no " conhecer-te à ti!"
Mas não me arrependi, não deu tempo, pois quando vi já tinha me perdido no beco mais escuro do Brooklin. Na noite dos amores, me perdi longe de casa pra ver se eu me encontrava longe de você. Nao sugeri ver seus traços em seus dentes, seu passado todo em cada fio de cabelo, não sugeri nem suspeitei te querer a menos de 10 centímetros, tão perto quanto dois corpos pudessem ocupar o mesmo espaço. Fui capaz de desejar a amargura de olhar pro céu sem saber por segundos  quem eu era e onde estava.
E tudo isso foi nesses segundos que sai do meu corpo e me vi sem mim. Não contemplarei olhos de fogo, nem cajados majestosos .Tão pouco visitarei cada quarto de tortura, suas lanças e espadas de dor. Me sinto mas leve agora e começo a pensar que entrei em alfa, sentindo sua beleza, suas flores, sentindo o veludo e o chocolate em você. Vivi nessas palavras, entre os segundos de minha loucura, todo o delírio de estar presa em seu controle, mal alimentada pelo seu coração por me sentir possuída pela sua carne. Desejei a morte, desejei com fúria a vida. Não quero viver ao seu lado se posso te ter dentro de mim. Quero pedir agora perdão à Deus, por cobiçar tão alto prêmio à minha inocente ganância, demais pra caber em  meu bolso, cheio de sonhos. 
Eu, pequei pegando um cigarro e meditando sobre esses 5 segundos que vivi, por que entre a morte e a nostalgia, descobri a paixão em meio as palavras, as frases sedentas por suor, cheiros e quadros.
Momento parados em minha mente, congelados como uma foto e música ao fundo. Não pude ouví-la, por que não prestava atenção à nada senão ao nada.
E do começo do coma até este instante, descobri que minha insanidade se resumi ao teu sexo e ao sublime momento de nos encontrarmos em outra dimensão, juntos. Não deu tempo de me arrepender e pedir perdão, por que quando senti meus pés esfriarem, você já estava me fazendo perder a conciência de quem eu era, onde estava e por que meus pensamentos tinham desaparecido.
Você me levou ao ápice de quem posso ser e agora me devolva. Por alguns momentos pensei nãote amar por que me fez sentir totalmente leve e livre das minhas angústias. Agora você acrescentou mais uma à todas elas. Então deixe-me aqui, pois esse momento não quero lembrar após o amanhecer, estou voltando à quem eu sou e sei que quem eu sou não tem nada a ver com você.
E tem algo que não deu tempo de dizer, pois eu tentei te distrair com tudo, com cada palavra que usei pra te confundir e preciso que você saiba antes de partir.
As flores que guardei pra você, eram de outra pessoa, as escondi pra poder te entregar sem ninguém saber. E de lá pra cá, desde quando guardei essas flores pra você, guardei juntos os espinhos, envenenados com a garantia de poder te matar se você não as quisesse ter. E foram eles que me fizeram sangrar agora, você pode ver em minhas mãos? E em segundos não serei mais eu, nua, despida de mim e de todas os meus conceitos, eu que agora estava tão viva e cheia de você, serei apenas um "apenas", jogado frio, duro, aqui nesta cama. Escolhi não te amar e meu coração não obedeceu. Se não posso viver com isso então agora posso ir pro inferno.
Agora que tenho tempo gostaria de perdão à Deus, por não mais pedir perdão por amar, mas não posso deixar de sentir o que não sei nem ao menos como começou e vou em paz e que o inferno seja o que me espera se preciso for, mas morro com a certeza de tudo e não mais do nada e digo apenas que agora eu morro feliz, por corajosamente morrer de amor.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

...Bela...

Uma bela canção, que me fala ao coração o que eu queria ter dito, encontrei você e mais além da vontade de não correr, a vontade de você me encontrar. Beijar-Flor voar, meu jardim te ter, os sonhos que não vão envelhecer nem ao menos te esquecer. O perfume da uma flor alegre, daquelas flores de primavera colorida, tarde neon, vitrola um simples som, bonitos tilin tin tons, bandolins, gotas na água de cristal, tin tons.
Vermelho buquê de rosas, cabelos compridos brilho de ser feliz, sorriso de longe tão perto, não era amor, uma simples canção pra te dizer a beleza de ser, não eram paixão as palavras rezando baixo sua curvas e seu jeito de olhar. Não se mexer, Beija-Flor no ar, enfim verão, tardou o fim da dor, de não ter por quem parar, de não ter atenção à prestar por nada merecer mais que um momento, não valer o que custar. 
Ganhei reparando mais, que um mistério havia em não te querer, a certeza de não tentar me envolver por saber que o rio não ia parar. A água que correr, agora já não importa mais, como se morrer fosse desaguar. Ah, deixa pra trás, as dúvidas de permancer e me deixar levar, na alta maré do entardecer. Quem fingiu que também não estava alí, fui eu. Mas deixa pra trás, deixa passar, se apagar-se não vai, esquecer não se quer, não sentir o que senti não dá mais, deixa ser. Deixa ir, seguir rio ao mar, encanto tal qual o sol a se pôr, o momento do seu beijo, de sentir seu desejo. Tempo a gente tem, foi o que ganhei, não esperando te encontrar, custe o que custar, guardar cada detalhe, como bela canção escrita pra te lembrar, me lembrar de você, nos sublimar.


...belo é o que há por trás de olhos, belo é o que é descrito sem palavras, é o que você faz com suas mãos com o que está entre elas...


domingo, 16 de agosto de 2009

Estranho

Eu não tô legal. Alguém me ajuda por favor?
Me ajuda a entender por que está tudo tão estranho, eu não entendo mais. Não quero fingir quem eu sou, nunca soube fazer isso, mas se eu mostrar tudo que está aqui dentro agora, todos vão se assustar. Sou outra, lembra da Isi sentimental? Ela foi pro Haiti e resolveu não voltar. Eu me sinto vazia, cheia de idéias, cheia de conceitos, cheia de tanta ideologia, de tanta teologia, de tanta pscologia, de tanta coisa inútil. Me tornei fria.
Não sou mais capaz de amar será? Uma pessoa que me faz os olhos brilharem de repente perde a graça, de repente me magoa e eu me canso da mesmisse dos sentimentos de hoje.
Cheguei num ponto que me cobro tanto e me tornei tão exigente com o meu coração, que não sei mais ser natural, ser apaixonada, ser viva, me contradigo completamente, pois até dias atrás eu falava sobre intensidade e não saber viver pela metade. Talvez eu não me contradiga tanto assim, por que não estou pela metade, estou totalmente desiludida.
Cansei tanto de procurar o amor, mas cansei tanto... Cansaço é uma palavra que anda perseguindo minha vida há uns dias e olha sinceramente, não gosto de nada disso. Não gosto de ser assim, mas nem ao menos estou forçando uma situação, eu simplesmente abandonei o barco por que perdi a vontade de remar. Perdi, e não a encontro mais.
Me deixa por um tempo, sozinha. Acho que preciso estar mais comigo, em contato com quem eu sou, por que aqui dentro dói muita coisa. Tenho lembranças tão rudes de um passado que me fez amadurecer e muito, porém me marcou a ponto de eu ter traumas do amor.
Eu queria que alguém entrasse em minha vida, pra virar tudo de ponta cabeça e me tirar dessa chateação toda. É fase? Ah, espero que seja, não quero ficar asim pra sempre. Eu era mais feliz quando via todo mundo lindo e bom, quando todos os corações eram coloridos pra mim.
Quando todos me enganavam e eu sofria por me decepcionar, mas pelo menos eu tinha alma. Espero pelo dia em que eu vou encontrar denovo arco-íris em todas as chuvas que eu ver. Meu coração ainda vai voltar a ser bobo e ingênuo, talvez seja melhor não me decepcionar com tanta facilidade, mas não sei viver tanto tempo sem a intensidade do amor, sem a beleza da paixão.

Sinto saudades, de mim.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Intensidade

Você é capaz de tomar um sorvete quente?
Você gosta de tomar café gelado?
Se é pra nadar que o sol esteja muito colorido, não?
E se é pra passar o fim de semana em casa por que está doente, então que o tempo colabore e fique bem chuvoso e com cara de tarde de filme.
Ninguém compra uma calça pela metade, nem come arroz duro ou sem estar temperado.
Ainda não conheci ninguém que gostasse de fogo que não queimasse, nem de água que não molhasse.
E é por que as coisas não são pela metade. Se nada é pela metade, como é possível quase viver ou quase morrer?
Quase sentir ou quase não ter. Quase é algo que tem apenas essa explicação: demonstrar algo que ainda não chegou lá, mas que tem que chegar.
Nada acaba sem ter terminado, nem chega no meio sem ter começado.
Eu não sou capaz de viver meus sentimentos pela metade, não sou capaz de me precaver pra não me envolver, de estar e não desejar, de olhar e não sugar a alma.
Preciso do louco, preciso do incoerente, preciso sentir, preciso tocar, tenho a necessidade de viver décadas em dias, de fazer textos em minutos, de me expressar em livros, de ganhar pessoas por um todo e se não for assim não me satisfaço por completo.
Nunca gostei de ter alguém quase que por inteiro ou quase não ter nada. Quero tudo. Ou nada. 8 ou 80. Danem-se os clichês, de quem fala da minha impulsividade, dos horóscopos que criticam as escorpianinas por serem assim, eu sempre fui conhecida por não passar vontade e não tenho do que reclamar.
Deito na cama sem ter perdido tempo, fecho meus olhos agradecendo por ter coragem e sei que poderia morrer agora por que tudo que fiz foi viver, se a vida é isso fiz jus ao que me deixaram fazer.
Queria apenas entender qual é a graça de não deixar sentir. Qual o prêmio de quem não deixa o sentimento tomar conta e consegue não se envolver com alguém. É uma vitória sair ileso da alegria? Ou é uma derrota sair machucado pela decepção? Decepção é uma palavra natural na minha vida e eu convivo bem melhor com ela do que com a palavra QUASE.
Fui, vi, sofri, vivi, senti, chorei, me machuquei, me decepcionei, me joguei no chão, me acabei, dormi, esqueci, xinguei, mas não virei as costas.
Não ignorei, não menosprezei, não deixei passar, não me arrependi.
E depois? Me levantei, lavei o rosto, passei maquiagem, fui cantar, dancei, me apaixonei, conheci, senti denovo, vivi denovo, abracei, beijei, fiz sexo, fiz amor, fiz as cores no meu céu, pintei um quadro da minha vida e sorri.
Não há nada nesse mundo que não passe e não mude. Não há nada nesse universo que seja insubstituível, não há ninguém nessa vida que seja tão bom assim, nem tão mal. Mas existem pessoas intensas, que resolveram viver custe o que custar e que não tem medo de assumir que dentro tem um coração, pulsante, errante, transparente, quente, vivo.
Não espere do meu olhar algo razo, eu quero ver seus ancestrais em seus olhos, decifrar todos os seus mistérios e suas glórias, suas falhas, suas vitórias. Quedo dissecar a alma, chegar no âmago de todas as suas palavras, entrar em sua mente de uma forma que você nunca vai me esquecer. Entrar eu seu coração de uma forma que você vá me odiar mortalmente ou me amar loucamente.
Não sou mais ou menos, não sou metade, não sou morna.
Não espere de mim algo que eu possa fazer melhor. Surpreenderei.
Não me diga como as coisas são. Eu encontrarei outras formas.
Não me mostre o que você tem, se orgulhando. Eu vou menosprezar seus poderes te mostrando o real valor da vida, por que eu sei que há muito mais além do seu carro. Existem pés descalços! Existe mato, terra, natureza. Existe mais além do que suas roupas de marca. Existe corpo, pele, nudez, toque, sensações. Existe mais além do que seus métodos. Existe inovação, existem surpresas, o inesperado, o misterioso, o interessante.
Não me venha com futilidades e sentimentos mesquinhos. Quero e tenho muito mais a oferecer.
Mas me diga como fazer. Por que procurei nessa vida todas as formas e quero quantas mais eu puder aprender, quero saber todos os caminhos, conhecer tudo profundamente, sentir tudo centímetro por centímetro na minha pele, por que uma única coisa de tudo isso não muda: quero a cada piscar de olhos, viver.

domingo, 26 de julho de 2009

Inverno

Tenho a dizer que me sinto num festival em Cannes. É tanto filme e pipoca que já nem me lembro mais do que é sair pra rua, curtir o verão na praça. Essa coisa aqui dentro que fica feliz com o frio que une as pessoas. Época de moleton e blusas de lã, de abraços fofinhos, macios, de corações solidários pra aquecer as noites frias de uma festa. Sem generalizar nem detalhar sobre sentimentos, amor e verdade. Sem citar nada disso falo apenas das sensações e estações.
É época de amigos unidos no fondue, no vinho e no conhaque, amores unidos nos abraços, nas cobertas, no calor dos corpos, pessoas com esperança de um verão longo e colorido, corações com emoções novas, é tempo de parar pra refletir.
Quando o inverno chega, todo o esforço que foi feito durante todas as outras 3 estações, tem que servir pra te sustentar nessa escuridão e frio. Nada é produtivo, nada que é feito, é feito com o mesmo ânimo de um dia de sol. Um dia de sol é raro.
Aprendi que o inverno de nossos corações é como o inverno das formigas. Trabalham, guardam seu alimento pros dias difíceis chegarem e quando eles chegarem, elas poderão se manter nutridas e fortes. Nutrido e forte? Um coração que sofreu tanto no verão como na primavera não teve tempo pra se preparar pro inverno. E quando ele chega, o que esse coração faz?
É o que o meu está aprendendo agora. Ao contrário de todas as maravilhas do inverno, que são superficiais e artificiais, a sensação de solidão e falta de esperança, não são agradáveis.
Esse tempo de ficar pensando na vida e vendo tudo que fiz, me incomoda de certa forma, por que depois que tudo acontece, que você se dói e tenta fazer a ferida estancar, você ainda precisa olhar pra tudo e pensar. Relembrar? Inverno é tempo de relembrar. Hoje estou olhando aqui pra dentro e vejo tudo tão seco, os galhinhos quebrados, não tem frutas, não tem flores, chão triste, frio.
Eu queria acabar esse texto com uma história feliz, mas dessa vez eu vou ter apenas que olhar e concordar que ainda não saí dessa.
A primavera vai chegar, não demora muito e tudo recomeça, isso passa, isso estanca de vez. Eu sei que em alguma hora eu serei capaz de entender tudo que está acontecendo, talvez tudo isso seja tão necessário agora quanto a minha própria felicidade.
Fases que vem e vão, momentos que nos amadurecem, nos fazem crescer mas antes usam so sofrimento para nos ensinar.
Estações que vem e vão, momentos de amadurecimento, de florescimento, de fortalecimento e de queda, que fazem a natureza sentir profundamente cada uma dessas fases pra completar o cliclo vital.
O inverno quando se vai, deixa as lições.

sábado, 25 de julho de 2009

...decepção e verdade...

Eu fui caminhando debaixo de chuva, molhada, com frio, andando e pensando, talvez um rumo em meu coração, talvez algum lugar em minha mente, talvez nada, às vezes uma certa certeza, ou uma idéia vaga da dúvida. E a chuva caia, pesada, triste, fria. Parecia cortar a pele com a sua tristeza, meus olhos estavam tão molhados quanto minha roupa, talvez a roupa tivesse sido molhada pelos meus olhos e nada fazia sentido. Eu não tinha o que seguir, lugar algum pra ir. Minha memória fazia lembrar momentos tão lindos e felizes, que agora eram vistos com olhos traídos, pesados, parecia que a verdade nunca havía existido, que somente a mentira era real e verdadeira.
No meu bolso um cigarro, um único cigarro molhado, minhas botinhas sujas de lama, pularam muitas poças, na mão uma garrafa de conhaque. E eu não queria sentar em algum banco e me perfumar de fracasso, eu não queria provar que o que eu via em mim era uma verdadeira mentira assim como meus olhos viram. E a vontade de te deixar me fazer bem ia crescendo, a necessidade do seu bom amor começava alegrar meu coração. Eu queria seguir com aquela garrafa na mão até chegar nos seus braços, queria usar aquilo pra nos aquecer, eu sabia que ia ficar quentinha no seu abraço, sabia que eu sairia de mim e esqueceria tudo quando eu colocasse minha cabeça no seu peito, de botinha eu ainda alcançaria seu ombro e ia deitar, chorar um pouco enquanto você estivesse fazendo carinho no meu cabelo.
Mas eu parei alí, de repente, cansei. Me sentei na calçada mesmo, desistindo perguntei à lua por que ela chorava, achei que só eu estava triste e se era por que as estrelas tinham à abandonado. Ela não me respondeu, fez um silêncio tão magoado e ela chorava, chorava com um sentimento de partir o coração, uma preocupação que não me fazia sentido e eu não queria deixá-la sozinha alí, me levantei pra mostrar pra ela as flores da pracinha e percebi que ela estava me seguindo atenta, fui andando, debaixo da insistente chuva e a lua continuava alí, foi quando eu entendi que eu não estava sozinha pois ela mesma estava alí o tempo todo só não tinha dado atenção, mas ela não me respondia, tão quieta estava, eu acabei me sentindo desprezada, pedi desculpas e disse que seguiria ao seu lado apenas em silêncio.
Talvez isso tenha acontecido com ela, alguém silenciou quando ela quis falar e ela decidiu desistir e calar, mas foi mais simples assim, já era a segunda vez que eu estava a falar com alguém que parecia não me ouvir naquela noite, apenas tomei coragem e voltei a seguir rumo à sua porta.
Cheia de sonhos em meu outro bolso, fui rumo ao que eu nem sabia se realmente existia, o que era real então? Eu não plantei essa decepção em meu peito, apenas calculei errado minhas necessidades, achando que eu precisava de menos, quando o que eu queria já era quase lenda nos corações. Mas, você ainda era uma certeza pra mim, não? Você ainda era algo que eu podia acreditar, você ainda era minha esperança.
Era sim, minha força, a minha única paz e quando me dei conta eu corria, com as botinhas chutando o chão e as pedrinhas, eu fui perseguindo o arco-íris em mim que me levava até você.
Meus olhos quase nem viam ao certo, tão confusa era a mente, mas foi quando eu vi, eu vi você e sabia quem era por que brilhava! Aí a lua sorriu. Eu não entendi por que e você me contou com suas palavras sempre doces, que tinha pedido pra ela me olhar sem se distrair, pra me levar até você não importasse o que eu dissesse, pra se calar se preciso fosse pra eu não conversar e parar no meio do caminho e ela te disse, que só voltaria à sorrir quando a minha alma cheia de dor tivesse alegria novamente. E quando eu te vi meu amor, esqueci tudo, tanta dor nem fazia mais sentido tamanha a certeza de que a verdade ainda existia e ela era O MEU AMOR POR VOCÊ!
E a lua pode sorrir novamente e eu pude ter a paz, nos braços do seu abraço. Não valeria tanto o cansaço e a coragem de acreditar no amor, não fosse você fazer isso ser real em mim. E tudo fez sentido, fez morada e fez abrigo, me aqueci de amor e alegria por estar alí e nessa noite entendi de verdade que o que mais importa não está nos olhos e sim na alma. Você me ensinou, você me salvou!



terça-feira, 7 de julho de 2009

Todas as estações

Eu gostaria de não ter motivo pra escrever sobre você, de não ter nem ao menos inspiração para gaguejar, mais gaguejo por todas as lembranças que tenho de cada momento quando te tive próximo à mim. São poucos, todos eles são poucos, pequena parte de tudo que podia ser e de tudo que realmente é. 
Hoje eu me senti perdida num campo imenso, sozinha, sem eira nem beira, nem ter nenhum galho pra me segurar, com uma ventania escura e chuvosa. Me isolei em meio à tempestade quando olhei aquele campo verde e acreditei que seria seguro estar alí, que seria seguro acreditar nos seus olhos, seria sereno te admirar, que seria próprio te desejar em meu mundo, quando o seu estava tão doente. Eu vivi todas as quatro estações de um ano em apenas alguns segundos, nos braços do seu abraço.
Tropecei, caí dentro de você e sinceramente foi apenas um detalhe tão embaraçoso quanto todo o resto que eu poderia dizer. Por favor não vá, não fuja do verão, ele pode aquecer seu coração mais frio e triste que o inverno. Deixe passar a tempestade, deixe as cores voltarem.
Eu sei que é tão melancólico o jeito que eu deslizo por sua pele tão amargurada, te segurando pelas mãos, te pedindo pra ficar, mas quero te pedir pra continuar lutando e acreditando em tudo que vai chegar no fim da tarde. Eu sei que uma hora a chuva vai passar, dentro de mim, dentro de você. Vamos apenas caminhar pela grama molhada, como nossos sapatos pesados, tentaremos correr e ainda vai ser difícil, mas andando mesmo que devagar chegaremos à velha casa de madeira.
Sente aqui, eu vou te cobrir com essa coberta, por favor respire, por favor sorria, por favor. Olhe pra mim, segure as minhas mãos, não desista agora que eu estou aqui, agora que posso te provar o contrário.
É tão escuro e eu estou tão tonta, não existe um lar para hoje, por hoje não há para onde voltar, não poderei correr eu simplesmente vou ter que enfrentar meus medos, meu amores. Esse sentimento imortal que não me deixa viver, é algo que me possui por completo, que usa todo meu ser contra mim mesma.
Agora sou eu quem quer estar, quero apenas ficar, me deixe só.
Não há uma esperança para o amanhã e mesmo assim o hoje não apaga essa figura que tenho de você, contudo o que vi ontem que ouvi susurrarem aos meus ouvidos, sobre suas angústias e seus erros, ainda assim te quero feliz, ainda assim te quero aqui.
Mas vá embora, não posso te ajudar. Vá pra longe e leve os cacos de vidro pra eu não me cortar chorando por mim. Vou me deitar, descansar se puder me esquecer de tudo isso, me desligar de um mundo ao qual não pertenço e não posso mudar.
Vou parar de idealizar, te idealizar perfeito pra mim. Não posso ser pra você tudo que dissimuladamente você é em minha imaginação. Não posso ser seu amor, pois agora você não sabe o que é amar.
Queria tanto te curar, queria tanto tirar esse veneno de suas veias e fazer você abrir os olhos, fazer você sair dessa caixa de fantoches e te ensinar a voar.
Acorde, por favor me diga que você vai abrir os olhos. Não morra, não viva tentando morrer a cada dia, não se esconda atrás dos seus olhos. Ainda posso te ver.

sábado, 4 de julho de 2009

...à bunda...

Olha, desta vez você passou das medidas. Só não boto você para fora, agora, porque é a sua cara dar escândalo. Estou cheia de você atrás de mim o tempo todo. Fica se fazendo de fofa, enquanto, pelas minhas costas, chama a atenção de todo mundo para meus defeitos.
Você está redondamente enganada se pensa que eu vou me rebaixar ao seu nível – o que vem de baixo não me atinge. Mas faço questão de desancar essa sua pose empinada.
Por que nunca encara as coisas de frente?
Fica parecendo que tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber?

Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?
Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?
Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.
Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.
Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.
Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.
Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.
Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.
Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque*.
Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada.


Fernanda Young