quinta-feira, 17 de junho de 2010

O que importa mais.

A mesa rodava, as luzes insistiam, os barulhos iam cessando como um prêmio e as pessoas tentavam me aquecer. Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas só tinha olhos para os pêlos do seu braço. Eu olhava como quem não olha e me dizia baixinho: olha eles lá, olha lá os pêlos que eu tanto amo sem mais e sem fim.
Matei finalmente a saudade do seu dedão. Seu dedão meio largo, meio torto, com a unha que preenche todo o dedão. Eu amo o seu dedão, amo sua unha meio roxa, amo a semicircunferência branca que sai da sua cutícula e vai até o meio da sua unha, amo a sua mão delicada que sai de um braço firme. Amo que os pêlos da sua mão pareçam meio penteados de lado.
É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos.
E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano.
Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você.
Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua. Como eu queria dobrar aquela esquininha com você, de mãos dadas com os pêlos penteados de lado da sua mão.
Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu.
Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso. Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu.
Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.

Amém.

Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe ate que a morte os separe? Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence à você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amiga e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem está só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que relacionamento algum elimina?
Promete que lembrará de tudo isso e não usará essas palavras apenas pra se mascarar e depois desistirá de tudo isso quando cansar?
Sendo assim, te declaro: Madura.

Abominável homem das neves.

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.
Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode!!!
Vinte anos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ama meu ciúme. E eu não tenho, não sei ter! É tão obcecado por mim que nem lembra direito o nome de qualquer outra mulher, como eu teria? Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. Vou à academia. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar?
Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

Malboro Light

Brincos, unhas, perfume e batom. Tudo no lugar. A bolsa, as chaves, o Malboro e a buzina. Eu saio saltitante, como uma gazela, e vou ao encontro de mais uma esperança. O convite dessa vez foi bem diferente. Nada de jantar, cinema, motel ou bar. Um show! E lá fomos nós. Cadeiras cobertas, cerveja na mão, o cantor no palco, nem uma letra em minha mente. Um Malboro me esperando na bolsa, louquinho pra ser sugado pelo meu pulmão de lady. "Você vai fumar?", que tipo de pergunta é essa? Se o cigarro está entre meu dedos, o isqueiro nos dedos da outra mão com o gatinho apertado, é quase todo caminho andado pra resposta que ele quer ouvir. Ou não.
Vi um franzidinho na testa, uma entortada na boca e uma distanciada típica de pessoas geração saúde.
"Vou fumar sim! Quer um?", e aurea de reprovação permaneceu. Nessas horas eu começo a me perguntar, por que não fizeram todos os homens sem sensores? Se é o perfume doce, reclamam, se eu estou gorda, avisam, se a sola do pé não está uma pedacinho de soft, advertem, se a minha voz é muito aguda, se irritam, se eu fumo, me abandonam.
Contornei a situação, com o fim da noite predestinado em minha mente. Um beijinho no rosto e um tchau digno de uma pessoa sentida que entra em casa e não volta mais.
Todo o resto já virou um saco pra mim alí. Credo! Cara chato, sem graça, certinho, ranheta, chiliquento, que pirraça!
Mas ele é tão charmoso...
Talvez, por hoje, eu possa não fumar mais, vou fazer um agradinho.
É unha esperando pra ser roída, salto que não para de batucar no chão, joelhos inquietos fazendo a dança do Lago do Cisne, enrola cabelo daqui, coça a testa de lá. Ansiedade, tensão, mágoa, desespero, trauma, depressão. Quero um cigarro!!!
Um só e eu seria tão feliz...
Mas já está acabando. Depois daqui vai rolar um sexo maravilhoso, eu sei, e toda essa tensão vai acabar.
Good Night Brazil! E o tão esperado FIM-DO-SHOW.
"A noite foi maravilhosa!", eu falo com aquele sorrisinho de Miss Brasil, lembrando por dentro do quão crápula, machista e insensível ele foi com meu vício.
Meus Malborinhos na bolsa, com aquele sabor de pavê de chocolate, decepcionados com minha fraqueza e traição.
Eu menti. Me enganei e os enganei, só pra ter com quem me roçar no fim da noite. Agora já está feito. Foi cruel da minha parte, mas os meninos vão entender.
Motel! Vira a direita, entra com o carro. Minha cabeça já começa a liberar a endorfina, a dopamina, a noradrenalina, a morfina, a serotonina e todas as inas que tavam em baixa até agora.
E dá-lhe adrenalina! Tira a roupa, se joga na cama, arranha as costas, abaixa as calças, pega a camisinha e...
E cadê? Cadê???
Ele se levanta sem a menor cara de decepção, me olha, pede um cigarro, me larga na cama, à margem de mim mesma, com meus milhares de hormônios à mil, vai pra varanda e fuma.

Edredon.

A Cat continua pedindo pra Aretha cantar mais uma pra ela. O meu quarto virou uma pintura abstrata de Monet, coisa que a gente ama com a testa, os olhos, as rugas e o coração. A imagem deixada, foi a de um furacão que passou depois dos 6, 7 ou alguns drinks a mais e transformou o ambiente em uma interrogação. Mas como eu disse, acabo amando, né? No fundinho amo com a segurança de uma mulher boba e apaixonada.
Amo a sua meia da Nike jogada ao lado da cama com os pelinhos arrepiados, os copos dos drinks no criado mudo, a cueca azul calcinha (o tipo de coisa que já tá errada em sua essência) alí em cima da minha pantufa da pantera-cor-de-rosa-chock, minhas lingeries Victoria que me fizeram sentir uma cópia do museu de cera, de uma Angel, rasgadas e devoradas pela sua fúria avassaladora-descontrolada-animalizada e totalmente-sexualmente-adoravelmente-excitante. Eu olho aquela calcinha, tão minúscula e me pergunto se a coloquei no lugar certo. Talvez tivesse sido pra usar como enfeite no pulso ou fosse pra ser usada como um broche. Mas, ao menos me deixou atraente e gostosa, tudo bem, com a mobilidade de um boneco de Durepox, mas, gostosa.
Meu rímel, minha fonte maior de dignidade e charme, desfeito em um bela caricatura panda-dalmata no meu rosto. O cheiro de sexo, amor, tesão, romance, calor, excitação e prazer espalhado pelo quarto, corredor, teto, chão, almofadas e cortinas. O meu perfume caríssimo, já se desfez no ar desde quando o Bourbon em sua boca passou a ser o único cheiro e gosto que me deixava interessada.
Eu fiz amor, eu fiz sexo, eu trepei, eu transei, eu me entreguei, eu te comi, eu te devorei, eu te quis e a gente se fez. Eu senti em sua boca o gosto da minha bebida. Nós fomos pra praia. É! Pra praia (!). Pra Marte, Azerbaijão, Campos, pra uma mesa de bilhar, pra Lua, pro centro da Terra, pro fundo do Oceano, pro Himalaia. A gente fez tudo que quis em alguns segundos de loucura.
A cera da vela essas horas já grudou nos móveis, meu edredon vermelho-paixão foi escondido em qualquer lugar da estratosfera e nesse momento não posso se quer me mexer pra procurá-lo.
E você aí deitado. Com a paz de um anjo.
Você que ontem fez tudo ficar de ponta cabeça, que fez o que nem o diabo faria, aí agora, como um anjo. Eu com alguns roxos-dente e você com alguns vermelhos-unha. A gente se tatua né? Pra claro, não deixar o meio da semana chegar sem a lembrança nítida do sábado à noite no retroprojetor.
Das pequenas coisas que me faltam agora me lembro mais da Coca-Cola 2,5L. Sinto a garganta empoeirada. Queria também um banho, daqueles que deixam a gente com ar de Spa. Mas vou ficar aqui com você até você acordar, me abraçar, me beijar e rolar comigo. Até ir pro banho e depois tomar a Coca-Cola, a Fanta ou o que Deus quiser comigo. Por que eu não quero me levantar, parar em frente à cama, achar tudo isso colorido e lindo. Olhar pra você aí deitado e te achar feio, cinza e bobo, todo tão-sem-mim...

O coiso.

Quando eu conheci o coiso pela primeira vez, eu tinha 20 anos. Digo pela primeira vez, por que o coiso é bipolar. E no dia seguinte, já era meu aniversário. Comemorei logo pela manhã tomando um café na padaria em que eu o havia conhecido no dia anterior. Conhecido o coiso um, então, no dia dos meus 21 invernos, conhecí o coiso dois, que mal se lembrava de mim e de fato não mantinha o sorriso amigável de um senhorzinho com cara de vovô que rola no chão com os netos. Ele um dia é o coiso um, no outro dia o coiso dois. Passamos então a tomar café toda manhã na esquina na Dr. Arnaldo, coversávamos e discutíamos lamúrias, jornais, medicina, yoga, filosofia, desmatamento e gloabalização. Dependia da personalidade ativada no dia.
E era bem divertido nos dias "um", em meio à nossa correria urbana, tomarmos o tal café com chantily falando sobre o que não se fala com ninguém. Ser aconselhada pela sabedoria Jedai, advertida com palavras amorosas e guiada por um mentor que parecia querer firmar meus pés, me formando uma boa garota, era uma terapia free pack, que me enchia de entendimento e cafeína. Típico de um professor de colégio tradicional, que por mais de 40 anos guiou crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos, para a maturidade.
Eu falava dos meus homens, descasos e porres. Ele falava do trabalho, da conta na farmácia e do gato velho que estava fazendo acupuntura.
Passavamos nossos 73 minutos diários, dividindo o cotidiano e o impessoal, as bobalheiras de uma garota, os assuntos sérios de um velhinho, o coiso.
O coiso dois é tipo aquele tio avô rico chato que você até queria que morresse pra curtir a vida com o que ele tem debaixo do colchão, mas ao mesmo tempo você pensa: e como é que eu vou ser feliz sem a minha tristeza - pensamento intimista de uma garota que não tem mais com o que se preocupar e acha que o centro do mundo é seu piercing no nariz - sem o meu tio avô ranzinza que guarda alegrias embaixo do travesseiro, desejando que todo o resto do mundo morra infeliz, sem tê-las encontrado e sem ter achado graça em qualquer outra coisa durante a vida? Ele protege o mundo da simplicidade com medo que a maluquice saia de moda. Qualquer coisinho que existe desde 1982 tem medo de sair de moda.
Então, deixa o cinza lá, deixa o coiso lá. Pelo menos eu sei onde ele está, a moda velha está segura e o seu cheiro de mofo sai no dia seguinte e volta com tema descontraído e amigável. Pior é se ele morre no dia "dois" e resolve me assombrar.
Bom, eu estou escrevendo pra dizer que hoje, o coiso não foi. E eu não tinha com quem falar sobre meu dia e todas as outras coisas que me fazem palavras. Ele não foi, e se ele não vai, eu também não vou, à lugar algum, nem à mim mesma e ainda por cima fico sem sentido, fico um dia todo, totalmente sem sentido. Eu olhei mas ele não estava lá. Esperei e não, o coiso não coisou. Tomei um café preto apenas, que era o trocadoo que eu tinha - senão não teria pro ônibus querido - e fui andando com a sensação de vazio, de quem não tinha sido repreendida, compreendida, reprovada ou amada, pela bondade infinita do coiso.
Hoje o coiso me fez acordar às sete da manhã. E não apareceu. Ah, esse coiso maluco. Nem dormir eu posso mais, pois ele não me deixa atrasar. E hoje ele não foi.
Talvez hoje eu não durma de preocupação.
Resolvi que amanhã eu vou quebrar o pau com ele. Chamarei o coiso e o colocarei no seu devido lugar de professor. Vou falar, falar, falar e falar e dizer que aos amigos e alunos, não se abandona. Fiquei perdida, como ele pode fazer isso? Vou mostrar pra ele quem manda.
E sabe o que ele vai fezer? Falar, no maior cinismo, que não tinha botado inseto imaginário nenhum nos meus sonhos pra eu não dormir, que não tinha pedido pra eu dar uma de herói e salvar uma xícara de café a cada dia pra que ela não ser degustada por um desentendedor da arte e que se ele não apareceu, era por que tinha mais o que fazer. Tinha sua dentadura pra esfregar com Veja, tinha seu sapato pra engraxar na praça, tinha jornal pra resgatar da fúria do cachorro do vizinho e eu que realmente precisava dele, que desesperadamente precisava saber viver hoje, era quem estava ficando louca.
Eu pensando bem, não vou contrariar não. Hoje foi o vovô amável que me deixou plantada, ele deve ter tido um real motivo importante, pra não me avisar. Eu não quero correr o risco perder, nem mesmo o pior dos dois e amanhã quem vai estar lá, não vai lembrar de Freud, Yoga nem do significado ímpar que uma garrafinha de Heineken tem. Vai estar estressado, louco, vulcanico e rochoso. Vai apenas ser o coiso dois, frio, indiferente, comum, paulistano e odiado - até a meia noite e sua carruagem de abóbora - ele vai se estressar e não vai se perdoar, por ter sido "um" e ter faltado, por ter deixado à solta a coisa, a louca, a maluca, a frenética, a psicopata, que ele teima em dizer que nos dias pares, vive em mim!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Máfia do amor.

Tem momentos em que eu queria ter poucas palavras. Eu me viraria com apenas aquelas, básicas e não iria me perder em explicações complexas e irrelevantes, sobre o que eu acho do amor.
O amor é uma besta desenfreada, é um bicho não castrado, é uma cobra venenosa, é um infarte, um desastre, um caos, uma erupção vulcânica, é o lado mais maudoso da vontade de qualquer criador, é a maior perfeição imperfeita que existe.
E eu adoraria não tê-lo conhecido, nem ao amor, nem aos olhos azuis. Que são coisas distintas, mas inspiram a mesma quantidade de pecado e paixão.
A diferença entre o suposto amor e os tais olhos azuis, é única e exclusivamente quanto um se contem no outro. E tem também o quanto eles despertam de desestabilidade em seres inocentes, indefesos e que gostariam de estar mais anônimos que um trombone.
Nós, esse pobres seres, somos estraçalhados feito bifes, sem o menor escrúpulo e retidão mediante a infestação desses sentimentos. O amor e os olhos azuis. Ambos, sentimentos.
O amor, é um sentimento até que bonito, coisa que diz-se pura e benéfica, que trás alegria e plenitude. Os olhos azuis, um sentimento de charme ímpar, diz-se verdadeiro, sensato e firme, que está aqui pra nos fazer bem e nos ajudar a passar essa vida com mais diversão.
Os dois, charlatões.
O pior é que o amor vem em bando e por hilário e irônico que seja esse sentimento plural, "olhos azuis", vem sozinho. E perfura nossa paz, nosso sono, nossa clareza e decência moral.
É pior do que o próprio diabo e mais forte que a própria essência da palavra tentação.
E cá ficamos nós. Mudos e sem descrição - como vocês podem perceber - daquilo que passamos a sentir.
Eu não quero mais viver assim, estou pensando numa macumba, numa oração, num passe, numa tentativa de me livrar do encosto e me ver bem longe desse negócio do outro mundo. E eu sei bem que vou conseguir, esperta que sou, vou sair à francesa disso como se nada tivesse acontecido e ainda vou sair cantando o hino do Azerbaijão pelas ruas só pra satirizar.
De todo esse mal que ele me fez, tem um revelador e que eu considero o mais cruel. Esse sentimentozinho infeliz, desse tal de "olhos azuis", me fez reviver. Eu que gostava da minha vidinha cinza, surda, amarga e solitária. Eu que gostava de dar nó em vento e murro em ponta de faca, mas sozinha, fui obrigada a rever cores, amarelas, vermelhas, azuis, todas coloridas e muito fortes e o pior, fui obrigada a ouvir canções, frases assoviadas pelo vento e palavras pautadas no coração.
Fui obrigada a falar do amor. Eu que nem citava esse dito cujo por medo do azar. Essa peste espanhola, esse tango da morte, essa feiúra do além. Fui obrigada a reconhecer que a solidão é bem melhor a dois e que no meu coração faltava um tanto de emoção.
E eu mato. Mato esses olhos azuis, mato o amor, mato quem for preciso matar pra me ver livre dessa coisa florida toda. Ou mato à mim. Me jogo da ponte, do precipício, me jogo no rio, num monte de jacarés ou até mesmo o pior: me jogo nos braços dele. Daqueles olhos azuis, pois, pensando bem, é sacrifício demais, impossível demais, cansativo demais, ir contra o que já me envenenou. Talvez esse aí, seja bem mais esperto e treinado que eu. Pode ser que ele apareça sozinho pra enganar e seja ele quem manda nesse tal de amor, nessa gangue do bonitinho. E se não morrer pelas armas dele, posso depois ser pega à força e aí será vergonhoso, posso acabar morrendo da pior forma possível - o que não desejo à ninguém - que será nas mãos da máfia, do temível e destruidor, amor.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desabafo, ódio e tatuagem.

Eu ando cansada das mentiras
De te ver se enganar com suas idéias mesquinhas
Seus ideais cheios de palavras bonitas
E sentidos vazios

Eu andei cansada de me sujeitar
De me abraçar sozinha
Me confortando e protegendo do seu surto
Da sua amargura e melancolia

Andei sendo mais senhora, menos menina
Andei sendo mais homem, menos mulher
Fui mais monstro, menos gente
Mais crueldade e menos amor

Hoje, eu odeio qualquer coisa que se ligue à você
Odeio qualquer frase barata e alcóolica
Odeio o amargo, a loucura e a depressão
Por que o pouco disso tudo me faz sentir quem você foi
E eu tenho nojo

Odeio toda tatuagem em minha mente
Suas lembranças sujas em minhas palavras
Estas marcas que você deixou e eu estou escrevendo agora
Essa frase podia ser feliz

Espero que se livre do ácido, da bebida e da bunda
Espero que se mate enforcado em seus dramas
E que sua desgraça te faça acordar
Espalhando cacos pelo chão
No dia em que atirar sua coragem no espelho

Se apaixonar por si mesmo é fulga
É egocentrismo e egoísmo pra não colecionar inimigos e rivais
É medo da decepção e escolha pela eterna solidão
Mas é merecimento seu, essa foi sua luta

Você venceu e como você queria
Está sozinho, derrotado e tão sem gosto quanto um nada
Andam dizendo que o inferno é o melhor jeito para sair
Vou dar uma olhada ao redor e me informar pra você!

Eu só peço que não faça disso seu sentido pra viver
Seu sentido é o ódio, continue a viver dele
Minha loucura, é minha e não te compete
Não diz respeito algum à quem você é

Vou muito bem, obrigada, sem seu amor ou indiferença
E não tente se explicar, pois aqui dentro você não vale nada
Não tem mais nada a conquistar
Te desejo apenas a morte, é o único desejo que tenho por você

Desejo que chegue ao fundo de tudo isso
No fundo do poço que você cavou
Só assim existe uma esperança de que você renasça
E pela paixão pela arte, talvez
Eu possa ter ainda compaixão pra te dar
E estar aqui ainda pra estender as mãos
No dia que você pedir perdão e conseguir enxergar tudo o que tudo significou, lá atrás.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu também.

Você achava que éramos o oposto dos opostos do oposto de tudo, que nos matariamos de brigar ou que nos ignoraríamos infinitamente, como se nenhum de nós fosse absolutamente um nada ao cubo. Eu também. Também pensei que não fossemos mais que adoçante dietético, um par de chuchus, uma música chorona da Sandy, desodorante sem cheiro, filme de amor romântico que tem final feliz e essas coisas sem graça, sem sal nem açúcar e totalmente desnecesárias, um pro outro. Eu sei que você achava que qualquer voz fazia mais diferença, que qualquer cabelo de praia era mais bonito, que qualquer camiseta do AC/DC tinha mais personalidade se nada disso estivesse relacionado à mim. Eu também. Também achava que o super-homem, os bateristas e os cabeludos e recentes carecas, deviam ser extintos da face da Terra, por que eles desagradavelmente me lembravam você.
Todas as diferenças do mundo se resumiam à nós. Que você gostava de rock, cerveja e mulheres ( ou, pré-fabricações delas ) eu sabia e também sabia que eu não gostava disso. Pois, por você ser assim, eu era obrigada à ver seus olhos brilhando às 23:00hs na porta de algum bar onde eu estava pelo mesmo motivo que você, e em todo santo lugar que eu fosse até mesmo pra fugir, eu me dava por derrotada, caçada e perseguida. Não que você fosse tão importante, não! Meu mundo não se resumia à você, se resumia apenas às nossas incompatibilidades às sextas-feiras à noite. De certa forma sua presença me irritava, incomodava, me transtornava, mas nada que exemplificasse importância, relacionada à sua pessoa, neutra.
Que eu gostava de rock, cerveja e homens ( ao menos pré-fabricações deles ) você também sabia e nós formávamos uma linda dupla provocativa, mesmo quando o foco não era a provocação.
O que acontece depois de muito tempo de raiva e charme é claro e certo: ou guerra, ou amor. O nosso caso tinha uma tendência suicída para a guerra, pros socos, pontapés e pedaços espalhados pelos cantos. Assim, bem trágico, por que nada que viesse de nós, seria morno. Sem meios termos: ou mata ou faz viver.
Mas, como a vida surpreende e esquisitos nunca somos nós, num dia lá estávamos, frente à frente, baixando a guarda dos porquês, desabafando alcoólicamente, nos querendo raivosamente, nos acariciando desconfiados.
Em meios às sobras e cacos de nossa primeira tentativa ridícula de entendimento, eu vi duas pessoas. Vi, de verdade uma pessoa em você e me vi te mostrando outra. Você se mostrou, eu também. Duas pessoas que não se conheciam, mesmo com uma longa trajetória no playground. Dois corações que não se adaptavam, não se percebiam, não se assimilavam e não sabiam se quer por que não se queriam.
Era tudo igual e diferente. Tanta diferença que nos fazia ser idênticos. Gênios, olhares, atitudes, sarcasmo e a forma de gostar tão espelhada e paralela quanto as listrinhas dos canudos do Mc Donald's.
Não bastassem as cervejas, o rock'n roll e os passeios soltos pelo salão, os dois ratinhos agora rodopiavam entre os "tambéns" desconhecidos até então.
Por trás de todas as antíteses e deselegâncias, todas vistas e desaprovadas, existiam outros: um você e um eu, elegantes, charmosos, sinceros, dignos e patéticamente agradáveis um ao outro.
Por mais que agora existissem coisas que não fossem iguais entre nós, até mesmo estas desigualdades infelizes se tornaram parecidas e começaram à ser vistas com bons olhos.
Você, gosta de pimenta com frango, eu de frango com muita pimenta. Você, se despede de mim ouvindo Stare Too Long, eu ouço Stare Too Long pra te sentir por perto. Você ama Campari e Jack Daniels, eu, amo te ouvir cantando, e... quando você toma alguns deles, você canta mais e eu me divirto na mesma proporção!
Você não sabia que eu ia gostar de ver o Evans e o Rampage se matando e eu também, desconhecia sua propensão à Cat Power e Elysian Fields. Você queria ver o Quentin sair estapeando a garota, eu, meio contra meus critérios de educação, quis tanto quanto e no mesmo minuto e segundo que você quis.
Você queria liberdade, eu também.
Você queria personalidade, eu também.
Você queria não ter ciúmes, queria não ser controlado, queria uma companhia, queria uma companheira, queria poder dizer sim e dizer não, sem maiores problemas e chateações e queria que alguém entendesse tudo isso que você queria, em seus mínimos detalhes sem achar absurdo e impossível essa pessoa existir. Eu também!
...Só não queria a companheira, mas de resto, queria tudo igualzinho!
Você não esperava se surpreender, esperava ter o controle, ficar firme e instranspassável como um muro. Eu também. Mas somos ratos e como bons ratos fizemos buraquinhos, minúsculos e impercepitíveis pra gente poder passar, buraco pequeno que fosse, pra ninguém perceber quando passassemos pro lado de dentro. Eu vi, que além da boa vontade, vencer a fortaleza dos nossos muros requeria estar preparado pro que viria depois. Fui pega de surpresa.
Desde então, somos casca e banana, unha e carne, companheiro e companhia, amigos, ouvidos, abraços e diversão.
Mais do que ter alguém por perto, ter um namorado, ter um ficante, ter um parceiro, ter uma paixão, um amor romântico, um amor destruidor, muito mais do que qualquer dessas palavras signifique, encontrei em você o que faltava pra eu entender que existem pessoas que nos fazem bem pela simplicidade de estar alí. Não falo de almas gêmeas, não falo de romantismo, nem de casamento, nem de filhos, nem de casa no campo, nem de lua-de-mel na Suíça. Falo de ser alguém de verdade, com quem realmente quer te conhecer. De ser quem vocô gosta de ser ao lado de quem você gosta de estar.
A gente aconteceu, do descaso pro acaso, da loucura pra insanidade, do incerto pro mais sem nexo ainda!
E eu vou ficar sinceramente feliz, se você pensar nesse instante que não nos imaginava juntos nessa história e que agora ela é surpreendemente super 10, pois, eu preciso, terminar esse texto, concordando com você e seus pensamentos e dentre as nossas afinidades, preciso terminar dizendo mais uma vez um: EU TAMBÉM!

domingo, 30 de maio de 2010

Farol

Nem que eu passe horas tentando achar a bendita da palavra certa, não vou encontrá-la pois ela foi embora de barco à vela! Ontem à noite. Foi sim. Eu a vi pegando uma toalha, uma escova de dentes, um palito de fósforo e um abridor de latas e-se-foi! Eu estava tentando entender o silêncio que estava láááá no fundo do meu coração e tanto reclamei que nem vi quantas palavras sonoras eu havia usado pra isso. Que silêncio? Se estivesse quieto e calmo agora essas linhas acima não estariam rabiscadas aí. E quanto às de baixo? Como eu devo usar? Há um dilema sobre se eu falo de você ou de outra pessoa. Mas e se a outra pessoa achar que é você e você achar que é a outra pessoa?


Vou embora de barco também, espera só deixa eu pegar um shampoo.


Vou mesmo! Vou largar mão de conflitar com minhas idéias pra tentar provar em letras meus sentimentos superiores. Ego! Sem superioridade menina. EU não quis dizer isso quem quis foi o eu. pequenininho. eu de minúscula. Não o EU grandão.

Magina, todo humilde o pequeno eu querer se sobressair assim. E tanta euforia por que eu queria falar sobre minha loucura. É! Eu estou ficando louca e rouca. Não é demais? Louca de tanto falar de sentimentos e alma e tudo o mais que é tão doce e belo e rouca por roubar os detalhes sórdidos, reais e desafinados dessa água com açúcar!

Mas a questão toda é que ontem eu comecei a prestar atenção no farol e tinha uma pessoa lá dentro, eu vi quando a luz passou pela janela. E eu quero ir lá ver quem é. Sem escrúpulos, no crepúsculo, sem medo, sem bondade nenhuma e sem alguma maldade. Quero ir de cara e coragem saber se é lobo ou lobisomem, se é menino ou se é homem. E nada de falar de mim.

Nada de provar a beleza do amor e o brilho nos olhos de ninguém. Perdi tempo tentando provar e agora é hora de voltar a fazer. Já peguei mesmo meu shampoo. Hora de mergulhar e ir nadando até lá. Chego mais rápido do que se eu esperar o barco da palavra fugitiva voltar! Vou deixar apenas a lareira acesa pra quando eu vier pra cá denovo. Terá luz e a casa estará quente e talvez eu com frio. E se eu não voltar, ao menos saberão que um dia estive alí.

Sem falar coisa com coisa, será que você entendeu? Não precisa. Não entenda. 
Atenda a porta! Apenas saiba que sou eu.
E aqui embaixo, tocando a campainha, sou quem você está ouvindo chegar!

OI!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Silêncio

Silêncio. Agora eu tive que me calar, tive que dizer tudo que sei pra mim mesma e reavaliar meu discurso. Pra onde tudo está caminhando? Tenho medo do pequeno amanhã, mais medo ainda do daqui a pouco e um perplexo pânico de me sentir derrotada por não tentar. Porém agora quero ficar em silêncio, apenas pensar, apenas meditar, apenas reavaliar, apenas ficar cega pra poder enxergar.


Cada dia que passa, meu coração e o meu corpo todo ficam num estado de felicidade maior do que imagino estar, tanta coisa que não cabe no meu irreal mundo real. Tudo é tão impossível que só se torna possível por que meu mundo não tem limites.



Acho que não quero dizer nada, é, é só isso. Estou me calando aos poucos, por que tudo que eu penso ocupa o tempo da minha cabeça o suficiente pra eu não poder controlar mais o que digo. Então não digo, só que tem algo que ainda não falei, tá engasgado e não sei o que é...


Talvez quando eu disser algo um dia e sorrir profundamente, vou saber que era isso. 


Talvez.

domingo, 18 de abril de 2010

Certas Canções

Certas canções que a gente quer escrever
Não saem tão bem planejadas
Não falam de tudo que o coração precisa dizer
Não saem tão bem declaradas

Eu precisava na verdade entender o por quê
Entender, se era eu quem te amava
Por que fiquei aqui, tão só, sem você
Por que fiquei tão cheia de nada

Eu que queria me casar
Eu queria te fazer feliz
Eu que cheguei a sonhar
Eu que fiz o que fiz

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Olhos azuis.

Ele chegou devagar, com passos poucos de distância de mim, me lembro de ter contado. E mesmo longe que fosse, eu teria reparado de qualquer forma os olhos azuis e a boca de chiclete. Uma postura de dureza, de imponência e mistério. E todo aquele charme que foi feito pros meus olhos.
Ele era lindo! E era tão lindo que eu fiquei com medo de me aproximar e aquela beleza toda desaparecer. E quando eu me aproximei, ele era mais bonito ainda! Eram mesmo olhos azuis e o sorriso que me fazia desistir de qualquer imagem de frieza que já tivesse feito dele. Foi alí que tudo começou e não quero esquecer nenhum detalhe. Tantas conversas, tanta afinidade e um coração tão cheio de histórias como o meu. Ele parece ter sido feito, como uma espécie de xerox de mim, tudo nele me lembra à mim, os seus pensamentos me lembram o meu eco, suas palavras lembram todo o meu melhor e o meu pior lado escondido.
E é nessa semelhança que eu me perco, tão boa e tão ruim. Me faz saber o segundo passo e temer a mesma inconstância que eu vivo. Há momentos, como hoje, que simplesmente não consigo esquecer, em nenhuma das 24 horas, frases, conversas, palavras e o jeito que ele me faz carinho. E por que todas essas 24 horas? Por que não existem mais horas no dia, senão seriam mais momentos de devaneios e ansiedade.
Eu andei enganada dentro de mim, em meio às minhas confusões, meus medos e traumas e hoje, hoje à noite mesmo, senti um pouco mais de medo. Novamente o medo.
Me lembro de ter pedido à Deus que não me deixasse perder o controle, mas, ridículo que foi esse pedido, Deus deve ter rido de mim e de propósito mudado o rumo pra ir contra todos os meus planos. Eu prometi não me apaixonar, prometi não querer estar com ele por mais de 3 sorrisos, mas não deu. Sorri com a boca, com os olhos e com a alma. Sorri com todo o corpo e com tudo o mais que tive de ferramenta para sorrir, por que ele me fez feliz. Nesses poucos dias de lembranças que nos demos, nos demos livros e mais livros de histórias pra contar de nós, histórias cômicas, de suspense, de terror, de drama e até de amor. Temos de tudo pra contar, dentro do pouco espaço que restava em nosso coração.
Eu hoje, me sinto perdida, não num labirinto, mas talvez em algo mais dinâmico, como no meio de um tiroteio. Nossas marcas estão virando tatuagem eterna, coisa que não vai dar pra esquecer onde estão, apagar ou olhar sem lembrar o que significou.
Medo, aí vem mais medo, mais angústia e mais ansiedade.
E de tudo isso, que me atormenta e me deixa acordada, sobra apenas a certeza de que em poucos instantes, vou ouvir os passos, vagarosos e com pouca distância e novamente, quando os olhos zuis olharem pros meus, vamos virar um só e não vou mais me lembrar se quer de respirar. Meu coração novamente vai parar, minhas palavras vão sumir e meus medos evaporar, por que tudo em volta some e fica imperceptível, quando eu vejo aquela outra parte, metade de mim, chegando pra me completar e me fazer feliz, mais uma vez.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A sorte está aí.

Parece que eu te esperei por todo esse tempo e de repente tudo fez sentido. Eu entendi quem você realmente foi pra mim. Tiveram dias que eu não lembrei de você, que eu não deixei que a paz dos seus olhos me fizessem me acalmar, como você fazia. O mundo ficou sem som e sem a mesma graça por algum tempo, sem um certo brilho e cheiro, sem a cor dos seus cabelos, dos seus olhos e da sua pele.
Mas tiveram outros dias, em que eu deitei a cabeça no travesseiro e desejei do fundo do meu coração que você voltasse com o sorriso lindo que tem.
Eu continuo querendo que esse sonho se tornen ralidade, continuo imaginando como seria se tudo tivesse sido diferente, mas foi assim que a história foi escrita, nos resta fazer do resto dela um final feliz, ou não. A sorte está aí.

sábado, 6 de março de 2010

Você

Você era tudo o que faltava pra mim, quando você apareceu fez tudo ficar em paz. Você é o único que tira o peso das minhas costas e me faz sentir leve, como se nada mais pesasse e pudesse me deixar pra baixo. Você faz a diferença e o sentido que eu precisava pra minha excentricidade. É você quem hoje me faz encher as bochechas com um sorriso largo e os olhos com um brilho feliz, é você quem hoje eu posso chamar de meu igual, meu complemento, é você quem hoje eu chamo de essencial.

terça-feira, 2 de março de 2010

Uma nota.

Você é uma nota de carinho, tem notas dos perfumes mais doces e delicados, nota das canções gostosas de ouvir. Você é uma bossa-nova, é um blues e um jazz que descansam a alma. Nós dois somos fá e sol, acordes que se completam pra fazer uma trilha sonora de uma história de 4 estações, do longe e do perto, da distância curta dos nossos corações, da minha voz e das suas canções. Uma brisa do mar, a sombra com cheiro de laranjas, noite de estrelas brilhantes, como nossos olhos. Juntos somos a fotografia da palavra amor.

Bom pra mim.

Eu queria mesmo é que você soubesse, que fiquei cheia de palavras. Eu as perco, geralmente roubam de mim, me calam com pensamentos e agora são tantos que nem cabem e saem, e voam, me rondam, palavras. Sentimentozinho engraçado esse. Aquilo que é um tipo de paixão nova, que é um carinhozinho e uma sensação tranqüila de algo bonito. Claro pra mim e claro pra você, como espelhos que somos, não nos enganamos. Coisa sem medo, sem futuro maldoso, sem essa de pisar em ovos, mas pisar com vontade na beira de um lago e mergulhar com a certeza de uma volta que lavou a alma, refrescou o ser e deixou a brisa do verão na pele e no coração.

Canção bonita.

A gente tem a terrível mania da intensidade, do extremismo, da profundidade e da insanidade. Tenta de tudo que pode, pra sentir rente à pele e não deixar passar desapercebido cada momento. E pontos pra quem faz isso! É realmente uma ótima forma de se aproveitar a vida de verdade, só que, há uma outra forma de aproveitar sem ter que arriscar toda sua paz. Procurar pela leveza.
Procurar por momentos leves, por sentimentos leves, por situações que tragam uma lembrança de sorriso largo, de olho brilhante, de paz no coração. Procurar e deixar estar, momentos de tranqüilidade, sem pressa, sem ansiedade, sem medo, apenas felizes.
Nós não gostamos do equilíbrio, pois como de fato ele sugere, é o meio termo entre tudo que podemos sentir e parece morno, mas não é!
Vivi intensamente tudo até agora e arrisquei minhas noites de sono e meu feliz diário, pra experimentar palavras que me fizessem sentir mais que uma paz engraçadinha. E hoje, eu percebi que essa paz engraçadinha é muito gostosa!
Como é bom ter alguém leve com você, alguém leve na sua vida, quando você está leve.
Alguém que com sua leveza te leve à felicidade.
Eu senti naquele dia, quando nossas almas se encontraram e eu esqueci tudo que estava a minha volta e isso não é comum, como nada entre nós é! Nós somos feitos de música e de todas as notas do mundo, os nossos corações conversaram desde o primeiro olhar e se reconheceram depois de todo esse tempo que se procuraram, nós fizemos amor parados alí frente à frente, apenas nos enxergando dentro dos olhos do outro, fizemos nosso tipo de amor em nós e nos demos naquele dia. Tão leve, tão simples, sem exageros, o nosso amor que não sabíamos nem que existia, por que ainda não havíamos sentido. Eu senti e agora sei que senti, que existe o amor à primeira vista, que existe arrepio ao reconhecer o cheiro que faltava, que existe certeza ao ouvir quanto somos iguais, que existe música no nosso silêncio.
Quando tudo se calou e só o que eu ouvia era sua voz, e quando sua voz se calou e tudo que eu ouvi foi o nosso sorriso silencioso, eu percebi a felicidade.
Você é leve, é tão leve quanto meu sonho, e tão sonho quanto a leveza de um olhar, é inspiração pros meus ouvidos, é minha música favorita. Era você que faltava pra dar sentido à todas àquelas linhas desconexas que falavam de nós. Você é minha trilha sonora, a única que cabe nos meus 5 minutos de vida perfeitamente, como se tivesse sido feita pensando em cada detalhe de quem eu sou e especialmente pra mim!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sentimento Leve

Bom dia coração!

E a semana começa diferente, leve, feliz.
Acordar de bem consigo é incomparável à qualquer coisa boa que possa acontecer, acordar com o coração feliz, com a cabeça tranqüila, com um sorriso no rosto.
Ah, que sensação boa de paz, de pisar na areia da praia e ver as ondas, um sol lindo, lindo, lindo. Os cachorrinhos correndo, criançada fazendo castelinho, as senhoras andando de manhã, sair da barraca, ver a paisagem, um horizonte sem fim, belezas sem igual.
Eu só levantei da cama, mas é essa a sensação que eu tenho. Vitalidade, revigoração.
Algo novo e tão bom que não sei nem explicar e na verdade mesmo que soubesse não quero! Quero é esse ar de mistério, de dúvida da bondade, de esperança e surpresa.


Aqui dentro, uma coisinha começou a fazer sentido. De toda minha procura, todo tempo de espera, de questionamentos e instabilidades, parece que encontrei algo com lógica. Algo ou alguém que tem feito as coisas terem tanto sentido, as palavras terem tanta forma, quando eu idealizava. Bom, isso é bom! Me faz bem sentir essa certa confiança, essa leveza. Como eu ando gostando dessa palavra. Leveza. Delícia dizer isso! Nossa é tão bom, me deixa eufórica.
Mas é tão linda a transparência, a independência. O querer sem querer, estar querendo estar, o ir e o deixar. Sei lá. É ótimo pensar que não há pressa, não há pressão. Questionamentos e cobranças desnecessárias à liberdade. Ah, eu vou lá fora ver mais um pouco do nascer do sol, isso tá muito lindo. Depois eu volto às palavras, por que nem tenho tantas agora pra explicar essa explosão de letras aqui dentro!


Com carinho e felicidade,

Isy!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Se você soubesse - parte 2

Aí ele disse:


Ah menina, se você soubesse... se soubesse de tanta coisa que eu gostaria de te falar... falar que, não, eu não fiz as pazes com meu diário... afinal, eu nunca tive um... mas sim fiz as pazes comigo mesmo. Soubesse que hoje eu ainda não fui durmir por que de alguma maneira eu ainda não aceitei nem mesmo me conformei que a noite acabou assim e não tenho você comigo aqui nos meus braços.

Ai, se você soubesse... de tudo que passava na minha cabeça enquanto assistia você cantar... assistindo você cantar letras românticas, imaginando e desejando que naquela “frase perfeita” daquela música, aliás, de tantas músicas, talvez seus olhos estivessem fechados pensando em mim. Essa noite eu “percebi” o quanto eu gosto de estar com você e o quanto tenho orgulho de poder estar com você.Ah, se você soubesse da vontade alucinada que tive de te pegar nos braços, beijar, beijar e beijar enquanto ficava ali te vendo. Dizem até que eu estava meio babão e desligado, mas eu duvido! Não vi nada disso acontecer!

Ah, se você soubesse o quanto todos esses dias tem me tornado uma pessoa mais feliz, mesmo que ainda muitas vezes eu pare e pense que em breve você pode não estar mais sequer perto daqui. Mas não, eu não sofro por antecedência, e talvez por isso ainda pareço às vezes “anti-social”. Ah, se você soubesse o quanto tenho dúvidas a respeito de nós, dúvidas sobre sua vontade, seus desejos. Às vezes não sinto confiança. A dúvida é o preço da pureza, ter certeza é inútil.

Menina! O que é certeza é que de alguma forma você me faz bem. Seu sorriso lindo, seus olhos verdes perfeitos, sua inteligência, seu talento pra acabar com o sentimento de solidão, com o qual inclusive eu estava não aprendendo a lidar, mas sim ignorar. Mas ninguém consegue fazer isso por muito tempo.

Não sou tatuado, não tenho piercing e muito menos cabelo comprido. Não sei por que resolveu gostar de mim, mas eu gosto. Ainda me emociono com cada palavra que você se referiu ao dia que me viu, me viu de verdade. Leio e releio cada post de seu blog custando a acreditar que aquelas palavras são pra mim. há muito tempo não sabia o que era ser admirado.
Ah menina! Se você soubesse. Obrigado por tudo, tenho tanta coisa pra contar, falar, perguntar... São quase 5h55 da manhã, não quero mais escrever...



E a menina se olhou no espelho e se sentiu denovo, um camaleão em frente à um arco-íris.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Escolhas

As fases que nós passamos, se tornam sempre experiências, degrais que usamos pra crescer na vida e aprender com nossas escolhas.
Tiveram fases na minha vida que eu escolhia entre a o leite com Nescau e o leite com Nesquik, entre o Pica-Pau e o Castelo Rá-Tim-Bum, entre sentar com a Regina ou sentar com a Fernanda na escola, entre ir jogar bola ou brincar com bonécas.
Depois comecei a escolher entre natação e ginástica olímpica, inglês e espanhol, entre o Guilherme e o Vitor, entre ir no cinema ou no Tutti-Frutti.
E eu cresci, escolhi empregos, escolhi amizades, escolhi atitudes, escolhi palavras, escolhi entre sonho e realidade, entre certo ou incerto, entre maconha e Malboro, entre vódca e cerveja, entre rock e pop, entre direitos e deveres.
Hoje, eu parei pra pensar e estou pensando, ao longo da noite, ao longo da tarde, ao longo dos dias, que talvez agora, eu tenha me deparado com a escolha mais difícil da minha vida. As pessoas que eu amo, ou o meu futuro garantido?
Eu comecei a colocar as características de cada escolha numa balança e não cheguei à conclusão alguma.
É uma fase de muita dúvida, de muito questionamento, de muitas pequenas escolhas que farão uma escolha definitiva e maior.
Minha vida esteve em uma fase de reconstrução e hoje talvez eu tenha chego no porto seguro de tudo isso, porém e agora?
E agora que eu acho que estou bem, que tenho calma, consciência, que tenho tranqüilidade e certezas, agora que adquiri tudo isso, vem a vida e me puxa o tapete.
O meu coração andou se sentindo seguro e ele faria uma escolha nesse momento sem medo de errar, por alguém. Mas como escolher entre alguém e eu mesma? Não posso... Essa é uma escolha que não posso fazer. Talvez isso vá me doer mais do que todo esse tempo em que eu estive esperando pra tudo se resolver.
Queria tanto poder dizer, que ia ser diferente agora, que dessa vez as coisas iam dar certo e eu não ia mais ter que renegar aquilo que pode me fazer feliz, por minhas escolhas. Minhas escolhas.
Escolher o amor? Escolher tentar construir uma carreira? Qual das escolhas se parece mais com ESCOLHER SER FELIZ?

Se você soubesse

Ah menino, se você soubesse! Se você soubesse que eu fiz as pazes com meu diário, com os filmes de comédia romântica, com as palavras e os olhares por sua causa...
Ah! Se você soubesse quanto você coloriu esses meu últimos dias. Foi por sua causa que eu coloquei uma flor no cabelo, coisa que eu não sabia nem que eu fazia, mas eu fiz! Eu fiz a flor, fiz as palavras, fiz as pazes!
E sabe o que mais você fez? Você revirou a poeira, daquelas coisas que ficaram guardadas por um tempo e quietinhas num canto pra ninguém mexer. Meu coração e meus dias estavam monótonos, mas hoje eu não dormi!
E não dormi, mas não por pensar no que não anda acontecendo e por não gostar de como tudo tem sido, pelo contrário, você é meu herói, você me salvou da chatisse e das coisas sem graças que me perseguiam.
Você é meu herói sabia? Eu queria tanto te agradecer por essa noite mal dormida, se você soubesse...
Minhas noites tem tido gosto de nada, um gosto de nada infestado na minha boca, mas essa noite não! Essa noite eu senti gosto de fruta, de doce, de maçã do amor, de chocolate! Se você soubesse que é você...
Tá tudo tão colorido, com a mesma graça de um algodão doce, dos bichinhos e desenhos malucos que a gente vê em nuvens quando está apaixonado, aquele cheiro de passeio no parque, aquela sensação de coisa crocante e gostosa.
Eu lembro agora de quando te vi, de quando te vi de verdade, alí na minha frente e não pude parar de olhar. Olhei como quem quer saber quem você é, pelo seu cheiro, como quem quer ver seus ancestrais em sua pele, como quem quer saber seus traços e passos em seu sorriso. E eu tentei ir à fundo, de uma forma que não te esqueci, que fechei os olhos pra cantar, que imaginei você alí, até que pude abrir com a certeza de te ver, e eu te vi denovo.
E foi a segunda vez, no mesmo dia, segunda vez que te vi e você não sabe que eu te vi, não sabe como eu te vi, mas se você soubesse...
Ninguém se apaixona por outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. Foi o que disse Arnaldo... de fato, não sei suas qualidades, mas se você soubesse, como salvou minha noite, meu dia, meu sorriso.
E você sabe, não sabe?

"O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais.
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim."


Então, o que aconteceu? Ah se você soubesse, eu ia querer demais que me contasse! Mas foi você, que fez a tal reviravolta, que fez minha péssima noite de sono, que fez meu sorriso começar logo cedo!

Dúvidas

Não é nada usual, mas também não é o extremo do estranho. Essa noite eu não consegui dormir, agora são 06:20 e eu preciso escrever o monte de palavras engasgadas no meu coração.
Talvez um yoga agora ajudasse pra eu me centrar, mas não tenho a coragem suficiente de abandonar as palavras que eu cultivei a madrugada toda, pra tentar simplesmente, esquecê-las.
Eu não sei ao certo do que eu quero falar. Acho que eu quero falar do amor e de como eu tenho me sentido sozinha ultimamente.
Eu tenho tentado não levar em conta nenhuma das coisas que vivi nesse ano que passei, a não ser pela parte dura do aprendizado, e essa parte dura do aprendizado posso chamar de "lembrança triste". Hoje, depois de tanta coisa, consigo olhar com olhos menos pesados pra tudo aquilo, pras decepções, pras lágrimas, pras brigas, pras frustrações e pra todas as coisas que me fizeram entrar no período que estou vivendo, de me fechar, pra apenas observar e pensar sobre tudo.
Já faz um tempo que eu me fechei no meu mundo, onde ninguém podia entrar, onde ninguém mais me conheceria com tanta facilidade. Vi nas pessoas muita maldade, andei me sentindo um bebê inocente e um adulto bobo. E, não que eu queria deixar de ser assim, mas tomei a decisão de não deixar as pessoas saberem mais quem eu sou. Quando foi preciso jogar, joguei. Quando foi preciso ser indiferente, eu fui. Quando precisei mentir, menti. Quando precisei fugir, fugi. E estou fazendo isso há tanto tempo, que eu me pergunto: até quando? Por que agora, eu cansei.
Essa noite, eu fiquei pensando em como seria bom deixar alguém saber quem eu sou. Acho que já me permiti a fase do silêncio e do aprendizado pelo tempo suficiente, afastei tantas pessoas de mim com isso, pessoas que me faziam mal, que queriam de mim o que eu não seria capaz de dar e sinceramente essa é a única causa pela qual eu posso lutar, com a certeza de estar fazendo o certo.
Minha felicidade, minha verdadeira felicidade, e ela não é mais do que estar com amigos verdadeiros, pessoas verdadeiras que tenham um amor verdadeiro por mim.
Onde eu quis chegar com tudo isso? Ando me sentindo sozinha, demais...
Perdi amores por que achei que podiam me machucar, perdi amigos por que não queriam o que eu tinha de amizade pra oferecer, perdi tantas pessoas, por escolher, selecionar, me proteger, tanta gente, que fiquei sozinha.
E só reclamo, por me sentir sozinha realmente. Dá uma dorzinha no coração, dá um aperto no peito, dá um nó na garganta, mas eu sei que isso foi o certo. Isso talvez, seja o que mais me dói: eu sei que foi o certo. Entende?
Estou sozinha e sei que vou ter que continuar assim... mas eu queria poder falar, o quanto isso dói, o quanto eu queria voltar à confiar nas pessoas, o quanto eu queria alguém pra olhar no fundo dos olhos e sentir paz. Agora já nem falo de amizade mais, falo mesmo é de alguém pra estar ao meu lado. Alguns amigos, estão conquistando seu lugar de confiança, mas ainda não apareceu alguém que possa ocupar denovo "aquele lugar" no meu coração.
Eu não sei por quanto tempo ainda vou ter que esperar, mas depois de tudo isso que passei, e da solidão que andei sentindo, fiquei forte. Não sinto mais necessidade de acabar com isso, só acho que a vida podia começar a ser legal comigo.
Eu não queria estar reclamando aqui, mas há dias tenho me sentido triste, estressada e não gosto de descontar isso em ninguém, então, acho que é o único lugar onde eu posso falar sem incomodar.
Eu tô legal, tô sim, se não tô agora, ao menos sei que vou ficar, mas estou cheia dos por quês...
Espero de coração que as coisas comecem a se tornar mais compreensíveis pra mim, por que ando querendo poesias pra escrever, não quero mais que minhas palavras fiquem assim, sem sal, nem açúcar, nem nada que valha a pena olhar...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Desconexo

Ele tem aquele sorriso e nada disso faz sentido algum pra mim. Não faz sentido o quanto eu quero que o tempo não passe, o quanto eu quero que o tempo corra. Nada tem feito sentido.
Eu já o tinha visto, mas nunca o enxerguei. E ele não foi a primeira pessoa que eu vi, mas quando eu vi, foi o primeiro da noite e de todo o resto.
E não faz sentido.
Não faz sentido o que eu tenho sentido, uma sensação de estar perdendo o controle, mesmo sabendo que não estou. Leve, bem leve é como eu poderia descrever meu agora.
Se for pra descrever, a sensação é parecida a de ter encontrado a diferença, o equilíbrio entre as coisas. Entre o que não existe mais num coração e num olhar e o que tem de sobra nas pessoas que confundem o que é o amor.
Ele é o meu equilíbrio, a minha eterna razão do agora, aquilo que eu vivo a cada semana intensamente, o nome que eu ouço e levanto os olhos à procura, à procura do que não faz sentido.
Não faz sentido explicar também, o que não faço idéia do que seja, mas sei que agora é! Eu sei. E disso a gente sabe, sabe como quando a gente olha pra uma rede na varanda depois do almoço e sabe que é aquilo que a gente realmente quer.
Não faz sentido, eu não sei explicar, mas eu realmente sei que quero. E sei por tudo que ele é, por tudo que ele não é, pelo muito que eu desconheço e pelo pouco que eu já decifrei, pelo nada que eu realmente estou certa e pelas milhares de dúvidas que tenho o direito de ter.
Mas eu quero, tenho querido e quererei enquanto não fizer sentido... e que não faça, pois enquanto for assim, terei boas razões pra ainda o querer.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O dia que Júpiter encontrou Saturno

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida Poncho & Conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

The Greatest

Dai um play na Cat Power, The Greatest, que não tem nada a ver com o que eu vou falar, mas o título é significativo. Quero falar do meu melhor que aconteceu esse ano. Tudo está acabando, daqui alguns dias é o fim, de todo crescimento, sofrimento, amadurecimento que passei, e de tudo isso meu melhor foi você. O sentimento mais sincero que vivi comigo mesma.
Eu estava no melhor cigarro da minha vida agora lá fora, mas eu não via a hora de acabar pra poder vir falar tudo isso que eu estou pensando. Aqui em casa eu escuto o barulho do mar e entre outras coisas, o mar é algo que me faz lembrar você.
Sabe, desde quando eu ouvi o barulho do mar pela primeira vez com você, você não foi um grande motivo de meus pensamentos, não até agora, mas agora lembrei e pensei.
Você não vai ser meu, eu não vou ser sua, mas quando estamos juntos, nos pertencemos de uma forma que nunca vi outros pertencentes assim.
E é isso o melhor de mim.
Lembro de cada detalhe, de cada carinho, cada palavra, de caminhar de mãos dadas na areia, de ver estrelas, de estar abraçada com você, da sua massagem, do cafuné de sobrancelha, da música do cd no carro, do nosso cafofo que a gente construiu totalmente errado, desavisados que somos, alí descobri que eu não tenho nada de campista, e você deve ter dormido nas aulas do exército, mas foi tudo tão bom quanto a gente imagina que podia ter sido.
Não podia ser melhor, de fato não podia. Não existia um por que de ser melhor, nem uma forma de melhorar cada segundo.
Acho que você não sabe, como nunca ninguém sabe, que eu poderia falar isso. Quase ninguém desconfia dos textos que eu escrevo, e você muito menos. É que isso fica pra quando eu estou inspirada e hoje, é daquelas noites inspiradoras.
Meu pai já levantou, fez café, cheirinho de manhã, eu fui lá fora fumar mais um cigarro com ele, começou a chover.
A chuva também me lembrou você.
Me lembrou da manhã seguinte...
Desde o convite, até te ver tão louco quanto eu, torcendo pra que isso desse certo, até nossas músicas no carro, cada detalhe das palhaçadas, nosso sorriso imenso ao ver aquela imensidão de água denovo, nosso momento de nos renovar, juntos. Nossa escolha de cenário, os planos pra tudo aquilo, as piscinas de madrugada, a bagunça da manhã, o mergulho noturno, sendo atropelada por ondas duas vezes maior que eu... e o que não é maior que eu? Você me jogando na areia, depois me tirando de cavalinho da água. As estrelas, o momento, seu abraço, nosso carinho, dormir de mãos dadas. O bom dia, com chuva e com seu mal humor matinal, minha cara de "me deixa", seu cigarro pra começar o dia, todas as vezes que você pegava um halls pra poder fumar cigarro com gostinho de hortelã, nossa bebedeira pra terminar o dia, quando você me chamou de meu amor, de namorada, me deitou no seu colo e me fez dormir, dormimos abraçados a noite toda. E isso significa bem mais que quinze minutos, isso significa a noite toda. O outro bom dia, mais feliz, mais carinhoso, mais demorado, mais "bom dia", nossa cumplicidade, nossa parceria, nós nos pertencemos, Eu me senti segura com você, naqueles três dias, me senti segura e pertencida.
A realidade volta, como tudo, sempre volta e aí você fez o melhor de mim aparecer. Ser verdadeira e entender o que estávamos passando era o mais justo comigo mesma, e eu fui sincera, comigo, com meu coração e minha cabeça.
Desde então já não pensei mais em você e agora, me pergunto se eu deveria ter pensado. Tenho medo sabia? De tantas decepções que tive, pensando, prefiro não mais pensar e talvez eu esteja feliz não pensando, estou vivendo, pensando menos, vivendo mais.
Hoje, vejo tudo que aconteceu depois, como um sinal de que nós importamos realmente um pro outro. Talvez nos pertençamos somente quando estamos juntos, mas você entrou na minha vida, assim como sei que entrei na sua e algo importa, somente isso, algo em nós importa.
Se você lesse isso um dia, eu queria que você soubesse que tudo foi maravilhoso.
Mesmo às vezes que demonstro toda frieza do mundo, mesmo estas vezes, são importantes pra mim e me lembro delas, com o mesmo sorriso que dei no nosso primeiro beijo. Eu não te amo, não é bem isso, mas me lembro e com certeza vou me lembrar pra sempre, de cada instante que você me deu, de cada sorriso meu, que te pertenceu, de cada vez que você fez meu coração bater forte, de cada por que seu, que fez eu te mostrar o meu eu, que me fez mostrar o melhor que há em mim.

domingo, 29 de novembro de 2009

Saber viver.

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de.. Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Hoje descobri que tudo isso é...
Saber viver!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dormir abraçado

Ah! Dormir abraçados... Talvez não exista momento mais completo que esse, é o momento que precede ou procede o amor, o côncavo e o convexo se unem, você acredita que ele pode te proteger de tudo no mundo, enquanto ele acredita que você é só dele, a pequena protegida.
Coisa pré-fabricada, corpos feitos com o encaixe perfeito para os braços dormentes conseguirem apoiar a nuca e para que as pernas sejam capazes de ser apoio numa escadinha de ossos amorosos.
Tudo se fala quase por susurro, a magia da cama, a magia das almas próximas, os lábios, os olhos, tudo alí tão perto, perto das palavras, perto dos abraços, perto das vontades, livre para os sonhos.
Estamos é sentindo falta de carinho, carinho daqueles que se dá sem querer nada em troca, carinho daqueles que se sente sem precisar preocupar com o "além disso".
Nos tornamos máquinas, tentando ser frios e inatingíveis, uma parede resistente à qualquer sentimento bomba e os detalhes menores, aqueles detalhes tão adoráveis sobre como dormir abraçado com alguém ( o momento mais último de todos ) nós esquecemos de como viver e sentir.
Hoje me vejo tentando sentir, tentando ter sentimentos que não sei mais como são, pois ninguém mais tem.
Esquecemos como é amar.
Esquecemos que um dia dormimos nos braços de alguém e fomos gratas à Deus pela melhor noite de sono da nossa vida, esquecemos que andar de mãos dadas é tão bom, esquecemos que carinho no cabelo dá frio na barriga, esquecemos que beijo na testa faz meu coração amolecer e na nuca faz o coração parar, esquecemos de tudo que nos lembra o tal amor.
Hoje acordei pra me convencer, pensando em como tá tudo frio no mundo, não só nas geleiras dos pólos, mas no coração das pessoas. A gente atende o telefone e com todo o prazer em se relacionar com um outro ser humano, de que, a gente mostra que pode ser tão fria quanto imaginam que a gente possa. Ser frio é sinônimo de equilíbrio, e não sei por que mas tenho me sentido desequilibrada totalmente por ver minha vida nessa geleira eterna.
Sinto que os corações não são confiáveis, ou melhor, os donos deles, por que a capacidade de se enganar é tão grande, que até o pobre coração conseguiu ser driblado pra não mandar mais na cozinha.
Tudo frio.
Não tem mais nem fumaça.
Talvez um dia, eu durma com alguém novamente e não acorde com cara de calígula. Talvez eu acorde feliz e beije o rosto desse alguém com amor, mas hoje a saudade que eu sinto é só saudade, sonho sozinho não é realidade.
Instantes passaram à significar instantes, apenas momentos, sem mais nem menos, nem depois, nem antes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Entendi

A verdade é uma só, aprendi muita coisa.
Dentre as coisas mais valiosas, aprendi que, não é tão difícil crescer, é só você se deixar levar, mesmo que numa situação ruim, esperando passar a dificuldade até chegar a frase final, a moral da história.
Aí você entende, cada coisa pequena e ridícula que passou.
São 8 meses, desde que meu coração começou a passar por mudanças. Nossa, quantas!
Aprendi tantas coisas discutíveis, assuntos para destrinchar por horas, falando sobre sentimentos e coisas vagas do amor. É tudo muito vago, incerto, realmente é bem incerto.
Hoje de manhã, eu vi a vida diferente, parei pra pensar onde eu estou indo e por que resolvi seguir por esse caminho. Acho que aprendi algumas coisas, durante a trajetória, que me fizeram pensar sobre meus erros e acertos.
Andei procurando nas pessoas, algo que eu queria mesmo era achar em mim. E achei.
Equilíbrio.
Encontrei o meu, encontrei só, não que eu o utilize, mas ao menos encontrei. E achei o máximo. Eu sei quem eu quero ser, e tô gostando de quem tenho sido. Vi pessoas se perderem, se deixarem levar pelas futilidades da vida, pelas coisas menores, e o amor, a essência, são coisas bem maiores, acho que esse é o topo da montanha.
Andei sonhando com abraços carinhosos e beijos na testa e é bem por aí o caminho. Acho que tá certo mesmo. Nesses últimos meses, me enfiei em histórias tão loucas quanto eu mesma sou. E não fui capaz de agüentar até o fim sem chorar, mas fui capaz de esperar pra ver a moral de todas as histórias.
Hoje, eu acordei pra colocar um ponto final na minha vida. Nessa vidinha medíocre que andei levando, essa que eu vivia esperando príncipes e cavalos brancos, talvez pôneis cor-de-rosa-choque.
Hoje eu acordei pra não esperar mais nada de ninguém, e agora começa o tema da novela.
Era sobre isso que eu queria falar desde o começo e ainda não tinha chego o âmago do assunto. O que esperar de alguém?
Espere se surpreender, só. Talvez por que o ser humano seja bicho mutável, com uma capacidade imensa de se reinventar a cada dia, tal qual esse meu "hoje de manhã", que me fez ver que as coisas estão de ponta cabeça e eu queria mudar.
A gente chega em pontos da vida, que são chamados limites e esses limites, são uma linha tênue entre fases. Permanecer ou não é escolha. Amadurecer, abrir os olhos, requer um passo, apenas um passo muitas das vezes.
A gente fica sem jeito, sem saber como as pessoas são e como elas podem reagir à você e às coisas que você faz e realmente nem sempre a reação é agradável.
Talvez eu esteja cansada de ter esperado tanto dos outros e ter me frustrado, mas hoje eu acordei pra não esperar mais, pra olhar pra tudo com um ar de desprendimento e com uma noção certa de que amanhã tudo pode acabar pra mim, então, viver esperando é o mesmo que anular meu viver agora, é viver fora da realidade, fora de uma coisa que não está acontecendo, é como viver do passado, só que vivendo do futuro.
Pra que? Me diz, pra que? Eu acordei pra ser feliz, hoje acordei pra não olhar pra foto alguma e chorar, pra não lembrar de alguém e chorar, pra não ter um abraço e chorar. Não.
Andei me sentindo suficiente pra mim, tão feliz à ponto de conviver bem comigo mesma. Andei gostando de mim ultimamente e só eu sei o quanto é bom esperar um amor em troca e recebê-lo e é esse tipo de amor que tenho vivido. Um amor lindo, por mim mesma. Egocentrismo e egoísmo à parte, falo apenas de estar em paz e não necessitar de algo que me complete, sei que vão aparecer situações e pessoas na minha vida que vão fazer a diferença, que vão compleMENTAR. Entende? E é no complemento que crescemos, na junção e divisão das idéias e ideais.
Hoje acordei talvez pra esperar um amanhã tão tranquilo quanto meu hoje, um amor tão certo quanto o meu, por mim e um dia tão lindo quando o que estou vivendo esse dia todo, esse momento.
E nesse instante, nesse exato instante, finalizei o que prometi pra minha vida hoje, coloquei um ponto final numa idéia que vagava há muito em minha cabeça e acaba de se tornar uma certeza, ser feliz depende de mim e a cada segundo a escolha de sorrir é minha.

Uma hora, a gente entende. Entendi.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Outra carta de amor

Por muito tempo ainda, vou escrever cartas e cartas pra você, como se você estivesse lendo, como se eu fosse te entregar alguma delas. A verdade é que não vou. E desde quando você virou as costas naquele tchau com ponto final, eu sempre soube disso.
Eu sempre soube que não ia poder te substituir e falo entre linhas pequenas pra ocultar e não deixar ninguém saber que senti sua falta. Ai, como eu senti. Os dias tinham gosto de açúcar mascavo, gosto de terra e nada mais era tão colorido. Ficou tudo meio, em tom pastel, sabe? Eu passei a odiar o Damien Rice, o Glen Hansard e meu próprio violão. Eu não gostava mais de msn, nem de celular, nem achava mais tanta graça em ficar em casa, por que não me fazia sentido nada que estivesse sobre a escrivaninha ou na geladeira. O gosto de nada não saia da minha boca.
Foi perdendo a graça. O cheiro. Eu senti seu cheiro no ar outro dia. Não gostei da sensação de ser apenas um vazio cheiroso, uma ausência espalhada por toda parte me cheirando à você e sua saudade ficou lá exalando lembranças e abraços, me fazendo companhia.
Todo mundo perdeu a graça. O todo que eu era com você, andou despedaçado, da parte mais importante. Respirar doía o peito, uma dor como se meu coração fosse parar e eu perguntava pro Tiago, perguntava pra minha mãe, perguntava pro prefeito e pro moço da padaria, por que?
Por que eu gosto dele desse jeito? Até meu pai arriscou palpite, mas ninguém me dava uma direção pra seguir, daí foi quando eu me despreocupei de viver e fui vivendo.
Aí num dia, eu me vi com um clone seu, estampando na minha testa a palavra "burra", como se me vender pato em vez de ganso fosse ser tão simples quanto andar pra frente. Beim, eu não nasci ontem não. Uai, eu sei o que é pato, sei o que é ganso, sei o que é você e sei que o cara lá não era você. Ai como eu queria que fosse. Por duas vezes eu quis transformar pessoas em você.
Uma vez, eu olhei tanto pra uma cabelo igual o seu, querendo que quando os cachinhos pretos se virassem, eu visse seus olhos pequenos. Torci, mesmo sabendo que ele não era, pra que se transformasse em você. Não deu.
Gosto de terra.
Torci, pra que todas as afinidades que eu vi em alguém, ou em todos os taurinos, todos os Damien Riceanos, todos os malditos comedores de peixe cru, todos os que me inventavam apelidos e bebiam tequila, se juntassem e formassem o que meu coração queria. Nem todos juntos, não eram você. Nem todos eles juntos, me preenchiam como você sozinho preenche. Eu já escrevi seu nome três vezes até agora, escrevendo esse texto, aí eu apago e reescrevo, seu nome sai fácil, tá na ponta da língua. Eu passei a entender. Entendi que não adianta, não vou entender.
Sempre quis entender por que você se tornou a razão de algumas músicas, os sonhos, as lembranças, os detalhes, a falta, a saudade, as risadas, os momentos poucos e felizes, sintonia e complemento desse vazio.
Você é de touro, eu sou de escorpião, na teoria somos perfeitos um pro outro. Na pratica, você é perfeito pra mim. Mas não é qualquer um de touro não. Não é! É você. Dos outros eu não gosto. Tem gosto de terra. Você tem gosto de chiclete, de melancia, daquele mais gostoso. Melancia com tequila, na verdade.
Mas na melhor parte, eu não cheguei ainda.
É a que eu queria te dizer que eu te amo. E eu descobri que isso é amor, hoje. E a única coisa no mundo que eu chamo amor é a afinidade, a necessidade, o querer bem corre o que correr, custe o que custar. O tempo que eu perdi, só agora eu sei, aprender a dar foi o que ganhei e ando ainda atrás desse tempo não perder.
Descobri que o amor, é coisa bem maior. Paixão é coisa pequena, que não resiste à nada do que passamos, pressuponho até que você me ame também, da forma mais sincera e necessária que nos amamos, por que eu te vi esquecendo cada palavra triste, quando eu te disse que você estava fazendo falta.
Isso é amor.
O nosso sentimento de eternidade, de passar por cima do que for, ser capaz mesmo te querendo tanto, de passar por cima disso pra ter sua amizade mais sincera. É sentir falta, e não é do beijo, do abraço, do tesão. Não é só isso. É muita falta das palavras, muita falta do seu coração me entendendo, dos seus pensamentos me completando.
Cada uma das que eu fui com você, foram as que eu mais amei em mim e você, a parte que eu mais me importo do meu bauzinho. Que seja eterno então, verdadeiro como parece ser, sincero como superou tudo que podia ser mentira, corajoso como chegou até aqui depois de enfrentar o maior risco de uma amizade.
Eu tô tão feliz que você voltou, que não caberia explicar na confusão de sentimentos, o que é alegria, o que é amor, o que é sentir denovo o gosto de chiclete de melancia e o cheiro mais familiar que existe ao meu coração.
Hoje, eu voltei à olhar pra Lua. Vi estrelas nas entrelinhas. Repeti feito boba 429 vezes a palavra amor, repeti na mesma estrofe, amor, amor, amor, amor, amor.
Você nem faz idéia disso, mas quando eu te conheci, você zerou minha vida.
Todos os medos que eu tinha, tudo que ainda doía em mim, tudo que já senti por outras pessoas, o gosto de terra, tudo acabou. Tudo zerou. Eu comecei denovo à sentir, sentir coisas diferentes, com uma vontade nova, com uma expectativa de aniversário.
Eu queria te pedir pra não ir mais embora.
A arte precisa de você na minha vida. Minha mãe precisa de você na minha vida. O Tiago precisa de você na minha vida. Eu preciso de você na minha vida, senão, eu paro de achar graça. E volta o gosto de terra.
Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e exagerados, essas minhas cartas cheias de todos os sentimentos que sou capaz de sentir ao mesmo tempo, era que você me pedisse pra guardar o lugar.
E mesmo que você não peça. Tá guardado. O da cadeira e de todo o resto.


Tudo o que outras pessoas são, deixa espaço no meu coração e só você, cabe sem deixar um vão de ausência.


Com amor,

Pequena (: